UTI exige atendimento humanizado

Um novo conceito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) vem extinguindo ideias distorcidas sobre o setor, que ainda representa o lugar mais temido dos hospitais.

Com as portas mais abertas para familiares e amigos de pacientes, a unidade está menos associada à morte e a doentes terminais, e mais próxima da prevenção, do monitoramento intensivo e da diminuição da dor e sofrimento das pessoas que dela necessitam.

Engajado na consolidação de um modelo mais acessível de UTI, o médico intensivista do Hospital Santa Cruz, de Curitiba, Hipólito Carraro Júnior, busca desmistificar as imagens criadas em cima do setor, que remetem a um lugar infeliz, distante e precedente à morte.

“É evidente que, na UTI, há uma maioria de doentes graves, que permanecem na unidade por mais tempo e estão lá para receber atenção redobrada e contínua dos médicos e enfermeiros”, diz, completando que, no entanto, o setor também traz o foco da prevenção e do monitoramento. “Isso significa que existem alas mais tranquilas, onde os pacientes conversam, se comunicam, assistem televisão, leem, e, até, jogam videogame”, ressalta o especialista.

Monitoramento

Atualmente, o Santa Cruz possui três grandes UTI’s: cardiovascular, geral e neonatal. A unidade geral é dividida em outras duas alas, uma cirúrgica e outra para doentes crônicos, cuja permanência dos pacientes é mais longa.

Os recém-operados tendem a ficar, no máximo, três dias na unidade, se recuperando no pós-operatório. Permanecem ali monitorados e medicados para não sentirem dor.

Os internados nesse setor, apesar do período de convalescença, costumam ter um aspecto mais saudável e uma recuperação mais visível. “Fazemos essa separação de alas, a fim de evitar impactos nas próprias famílias. É importante que elas percebam que nem todos os pacientes da UTI ficam entubados, apenas precisam ser monitorados”, esclarece o especialista.

De acordo com médico intensivista – que também coordena o Serviço de UTI no Hospital Santa Cruz – as famílias precisam deixar de lado o medo e o preconceito, entendendo que pode ser vantajoso, para o paciente, permanecer nesse setor.

Hipólito Carraro Júnior exemplifica: “Um paciente recém operado poderá sentir as dores decorrentes da cirurgia, dificuldade para respirar e outras complicações inerentes ao pós-operatório, explica, salientando que se a indicação para esse paciente é a unidade de terapia intensiva, ele terá alguém vigiando o seu estado continuamente.

Equipe especializada

Todas as respostas do organismo são acompanhadas. “Tudo é observado: os tipos de dores, sangramentos e secreções, capacidade respiratória, sua urina é analisada e o tipo e frequência de medicação é acompanhada”, comenta o intensivista.

Dessa forma, qualquer possibilidade de complicação é diagnosticada precocemente. Isso traz benefícios para o paciente o doente, permitindo que ele receba a alta mais rapidamente, ao contrário do que aconteceria se estivesse sendo acompanhado na enfermaria.

Com 20 leitos na UTI Geral, 7 na Cardiológica e 12 na Neonatal, o complexo de terapia intensiva do Hospital Santa Cruz é um dos maiores e mais bem equipados de Curitiba.

Além disso, conta com o apoio de médicos intensivistas titulados, que são especialistas na área. Toda a equipe de enfermagem, fonoaudiologia, fisioterapia, nutrição e psicologia, é formada por especialistas em terapias intensivas, que dão uma visão holística do tratamento, garantindo a qualidade e rápida recuperação dos pacientes.

Lugar do “bem”

Fazer um diagnóstico precoce de situações que podem se tornar graves e evitá-las prontamente é o objetivo principal do modelo de UTI sonhado e, aos poucos, realizado pelo setor coordenado por Hipólito Carraro Júnior.

O intensivista implantou, nas UTIs do hospital, o método conhecido por “5B”, que abrange os cinco itens básicos que todo o ser humano necessita: higiene, alimentação, dormir bem, não sentir dor e estar bem infor,mado.

“A UTI é um lugar do bem, existe muito carinho, atenção, troca e calor humano, dentro das unidades”, proclama o médico intensivista. No Hospital Santa Cruz, estamos, cada vez mais, abrindo o setor para as famílias, a fim de que elas percebam que ali existem seres humanos que trabalham integrados e motivados, dedicando todo o seu cuidado, apreço e respeito aos pacientes.

Equipes multidisciplinares

* Médicos intensivistas
* Assistentes
* Equipe de enfermagem
* Fisioterapeutas
* Nutricionistas
* Fonoaudiólogos
* Psicólogos

UTI humanizada

Humanizar a UTI significa cuidar do paciente como um todo, englobando o contexto familiar e social. Esta prática deve incorporar os valores, as esperanças, os aspectos culturais e as preocupações de cada um.

Através dela os princípios humanitários do exercício da medicina pregados por Hipócrates, são revividos na união da ciência ao humanismo. É um conjunto de medidas que engloba a) o ambiente físico; b) o cuidado dos pacientes e seus familiares; c) as relações entre a equipe de saúde.

Estas intervenções visam, sobretudo, tornar efetiva a assistência ao indivíduo criticamente doente, privilegiando as questões bio-psico-sócio-espiritual. Algumas das atitudes que humanizam:

* Chamar o paciente pelo nome
* Utilizar tom de voz calmo e em volume normal
* Olhar para o rosto do paciente e estabelecer contato respeitoso
* Dirigir-lhe a palavra sempre que se aproximar do leito para algum procedimento
* Examinar o paciente de maneira atenciosa
* Utilizar-se do toque cuidadoso

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo