Usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) têm quatro vezes menos médicos do que o setor privado, revela levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina e Conselho Regional de Medicina de São Paulo. O trabalho, divulgado no início de dezembro, mostra que para cada 1 mil usuários de planos de saúde no País há 7,6 postos de médicos ocupados. O índice cai para 1,95 quando se faz a relação entre postos ocupados em estabelecimentos de saúde e população dependente do SUS.

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As desigualdades são encontradas em várias partes do País. Nos serviços públicos de saúde na região Nordeste, por exemplo, há 1,42 postos de trabalho médico preenchidos por cada 1 mil habitantes. Bem menos do que os 9,62 por mil encontrados no serviços privados. Quando se analisam Estados, a maior diferença é constatada na Bahia. A população usuária do SUS convive com a oferta de 1,25 posto ocupado por cada 1 mil habitantes. Mas, entre aqueles com plano de saúde, a situação é outra: 15,14 médicos ocupados para cada 1 mil habitantes.

A desigualdade na razão público privado se acentua nas capitais brasileiras. No Espírito Santo, o fenômeno é evidente. Enquanto no Estado o índice de médicos usuários do SUS é de 2,54 por mil, ele chega a 7,67 entre beneficiários de planos. Na capital, Vitória, esses números sobem para 25,52 e 15,72, respectivamente.

Batizado de Demografia Médica na Brasil, o trabalho estampa as desigualdades na assistência encontrada no Brasil. O documento destaca que o crescimento expressivo do número de escolas médicas não significa uma melhora na oferta de assistência, muito menos na qualidade dos serviços. Além das diferenças, o relatório traça um perfil do profissional médico. Entre os destaques está a tendência de maior presença das mulheres na profissão. Em 2011, dos 48.569 médicos com 29 anos ou menos, 53,31% são mulheres. A profissão é exercida predominantemente por jovens. O grupo de médicos de até 39 anos representa 42,5% dos profissionais da ativa.

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Lígia Formenti