Uso indiscriminado de chás laxativos pode prejudicar a flora intestinal

Ir ao banheiro não é tarefa fácil para cerca de 20% dos brasileiros. As mulheres são as maiores vítimas da prisão de ventre (ou constipação intestinal, como dizem os médicos). Por serem mais atingidas, as mulheres também são as que mais se automedicam, deixando de lado o auxílio médico. Uma prática bastante comum (e também bastante prejudicial à saúde) é o uso indiscriminado e abusivo de chás de plantas, que apesar de serem considerados ?naturais?, nem sempre são inócuos. Muito pelo contrário. O abuso na utilização desses chás pode causar doenças intestinais, conforme apontou estudo realizado pelo Departamento de Cirurgia Coloretal da Cleveland Clinic Florida (nos Estados Unidos). Segundo os pesquisadores, 40% dos pacientes que fizeram uso de laxantes irritantes com freqüência igual ou superior a três vezes por semana, por mais de um ano, tiveram lesões na anatomia intestinal, reveladas por exame de Raio X contrastado.

O Dr. Flávio A. Quilici, médico e professor de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da PUC Campinas, explica que a substância liberada pelas plantas utilizadas no preparo dos chás, como o sene, a cáscara sagrada e o extrato de ruibarbo, irrita as terminações nervosas da mucosa intestinal, provocando sua lesão a longo prazo. "O uso prolongado pode danificar a sensibilidade da parede do intestino, agravando ainda mais o problema. A perda dessa sensibilidade faz com que o usuário tenha a sensação de que o laxante perdeu o efeito, o que leva a usar quantidades cada vez maiores dos chás?, afirma ele.

Segundo o médico, a necessidade de aumentar a dosagem é um alerta. "É um sinal de que os mecanismos do intestino envolvidos na movimentação intestinal estão sendo comprometidos". Além da lesão intestinal, o uso contínuo desses chás tende a agravar a prisão de ventre, requerendo quantidades maiores em períodos cada vez mais curtos. Ao usar altas doses em curtos períodos, o consumidor se expõe a problemas mais sérios, como o desequilíbrio da concentração de alguns minerais, como sódio e potássio ou, eventualmente, desidratar-se.

Busca do equilíbrio

Uma dieta rica em fibras (25 a 30 gramas/dia) é o primeiro passo para evitar a prisão de ventre. Além das fibras, encontradas em frutas que formam resíduo, como mamão, laranja, ameixa e melão, verduras e cereais, a ingestão de líquidos também aumenta o volume das fezes e as torna mais pastosas, facilitando sua eliminação. O Dr. Flavio Quilici, recomenda de 8 a 12 copos (2 a 3 litros) por dia. Água, sucos naturais e água de côco são boas opções, enquanto que refrigerantes e bebidas gasosas devem ser evitados, por acarretar a produção de gases.

A mudança de estilo de vida também muito importante para ajudar a resolver a constipação ou preveni-la. A prática regular de exercícios físicos, por exemplo, ajuda no funcionamento intestinal. ?O ato evacuatório deve ser regular e sem interrupções ou distrações como leitura. Deve-se tentar sempre manter um horário regular como, por exemplo, depois do café da manhã. É muito importante não ignorar a vontade de evacuar. Se o paciente não consegue ir ao banheiro sem usar laxantes, deve procurar um médico?, afirma o especialista.

Avanços no tratamento

Os problemas causados pelos laxantes irritantes impulsionaram pesquisadores a desenvolver novas formas de tratamento para a prisão de ventre (constipação intestinal). Desejava-se criar medicamentos de ação puramente local, sem efeitos tóxicos ou irritantes para o intestino, com grande poder terapêutico, que não fossem absorvidos, não metabolizados ou cuja metabolização não gerasse substâncias que pudessem produzir desconforto, como gases e dores abdominais. A atenção dos pesquisadores voltou-se para substâncias novas, os polímeros, substâncias sintéticas que exibiam propriedades químicas e farmacológicas vantajosas, com um perfil de segurança superior aos laxantes irritantes e com menor incidência de efeitos colaterais.

Atualmente existem dois novos polímeros disponíveis no Brasil. O primeiro é o polietilenoglicol 3350 (ou macrogol 3350) associado a eletrólitos, considerado uma inovação no tratamento da constipação. Ao ser dissolvido em água, origina uma solução isotônica ao plasma, reduzindo a possibilidade de desidratação. O produto possui uma alta capacidade de retenção de água nas fezes, permitindo o aumento na freqüência de evacuações e gerando menos efeitos colaterais no trato intestinal, mesmo quando usado por longo período. O macrogol 3350 é o primeiro produto aprovado em 23 anos pela Food and Drug Administration (FDA), órgão do governo norte-americano que controla a qualidade de alimentos e remédios, para o tratamento da prisão de ventre. Por não conter açúcar, o produto também ser utilizado por diabéticos e pessoas em regimes hipocalóricos.
 
O segundo é a fibra sintética, que tem como principio ativo a policarbofila cálcica um polímero com grande poder absorvente de água em pH básico. A policarbofila cálcica é um agente formador de massa que regula o hábito intestinal. A maior capacidade de absorção da fibra se dá no intestino, formando um gel que retém água e melhora a consistência das fezes. Diferentemente das fibras naturais, o novo medicamento não é metabolizado no intestino, atuando somente na absorção de água e no aumento do volume das fezes. Por isso, reduz sintomas como a distensão (inchaço do abdome por excesso de gases) e empachamento (sensação de estômago cheio).  

Mais informações sobre prisão de ventre (ou constipação intestinal) podem ser acessadas no site www.regularizadorintestinal.com.br

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