Caso seja confirmado, o diagnóstico de diabetes causa um grande impacto, afinal os portadores da doença fazem parte de uma população de risco, que inclui hipertensos e cardíacos. Para a psicóloga Márcia Portugal não foi diferente, só que após conviver com o diabetes, cheia de temores e algumas vezes até indignação, resolveu adotar uma postura que modificou e facilitou sua forma de agir. Além das orientações médicas, do uso de medicamentos, do monitoramento das taxas de glicemia ela concluiu que a maior aliada do tratamento era ela mesma. ?Preciso saber como evitar o que tem de ser evitado, como cooperar, compensar, equilibrar?, raciocina.
Para uma grande parte da população, o diabetes ainda é um ?bicho? que assusta e, por isso, precisa ser desmistificado. Segundo uma estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) existem hoje no mundo, cerca de 200 milhões de diabéticos e a estimativa é que esse número salte para 333 milhões até o ano de 2025. E o que é pior: grande parte dos pacientes ignora sua condição e, portanto, não recebe qualquer tipo de cuidado ou tratamento. Com a intenção de dar maior atenção ao problema, no dia 14 de novembro (Dia Mundial do Dibetes) diversos monumentos ao redor do mundo estarão iluminados na cor azul para alertar a população e sociedade sobre os riscos da doença.
Adesão ao tratamento
Rosângela Roginski Réa, especialista em endocrinologia, diabetes e nutrição, explica que o diabetes é um distúrbio metabólico causado pela falta relativa ou absoluta de insulina, um tipo de hormônio que tem a função de facilitar a absorção da glicose pelo organismo. Quando a insulina é produzida em quantidade insuficiente, a glicose, que é o combustível do organismo, deixa de ser absorvida pelas células e acumula-se na corrente sanguínea. ?Com a insuficiência da insulina ou quando o nível de glicose atinge taxas elevadas, caracteriza-se o diabetes?, ressalta a especialista. Para facilitar o entendimento sobre a doença, costuma-se dizer que diabetes é o excesso de açúcar no sangue.
Para equilibrar essa taxa de glicose, o paciente precisa tomar injeções de insulina, sempre que o nível atingir taxas elevadas que coloquem em risco a sua saúde – principalmente complicações visuais, insuficiência renal, aceleração de doenças cardíacas e a diminuição da circulação arterial no pé e na perna, que pode levar à amputação dos membros. Como seus níveis de glicose mudam rapidamente, o diabético precisa se conscientizar de que a sua adesão ao tratamento é essencial para controlar a doença. ?O próprio paciente tem condições de fazer em casa a medição de glicemia e tomar as providências necessárias para restabelecer os níveis normais de glicose?, esclarece a médica.
O presidente da regional paranaense da Sociedade Brasileira de Diabetes e endocrinologista do Hospital Nossa Senhora das Graças Edgard Niclewicz, aponta que, além da carga genética, alimentação rica em gordura saturada, superalimentação, obesidade abdominal e o sedentarismo são vilões que contribuem para o aparecimento da doença. ?Praticamente todas essas causas estão relacionadas ao atual estilo de vida das pessoas, maus hábitos alimentares e a falta de atividade física?, alerta.
Atenção redobrada
Milhões de pessoas diabéticas, hoje, já têm alterações que possibilitam o diagnóstico precoce da doença, mas não sabem. Não há sintomas. Muitos exames têm alterações muito sutis e o açúcar sangüíneo em jejum é praticamnete normal. ?Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais precocemente o paciente poderá estar livre das complicações crônicas que a doença traz?, afirma o endocrinologista.
Conforme Niclewicz, podemos comemorar muitos avanços promissores na prevenção e tratamento da doença. A dieta passou a ser menos restritiva e mais opções de alimentos saudáveis e saborosos passaram a compor a dieta do diabético. No entanto, o presidente alerta que não se deve ser flexível em relação, principalmente, à obesidade. ?Contra ela, todo o empenho, todo o envolvimento e esforço, pois sabemos que é a grande vilã no desencadeamento da doença, nas pessoas suscetíveis a tal?, diz a endocrinologista Ellen Paiva.
Além da dieta, para combater a obesidade, no mercado, já estão disponíveis novos medicamentos, todos com evidências concretas de efetividade na prevenção da falência progressiva da produção de insulina. Para Marcos Antônio Tambascia, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, cabe o envolvimento de mais especialidades médicas e profissionais de saúde e a necessidade de uma intervenção contundente e precoce nesses casos de pessoas que se acham imunes à doença. ?O conhecimento relacionado ao diabetes está em rápida evolução, o que exige dos profissionais envolvidos na atenção à doença mantenham-se atualizados?, completa.
O risco da síndrome metabólica
Nos últimos anos, uma nova terminologia científica surgiu: a síndrome metabólica. Ela engloba várias patologias que alteram o metabolismo do organismo como um todo, trazendo graves riscos à saúde. Entre essas patologias está o diabetes tipo 2, cuja incidência, nesses casos, pode ser definida na seguinte seqüência:
* A pessoa tem um índice de massa corpórea (IMC) alto.
* Apresenta gordura visceral e subcutânea elevada – o que significa uma circunferência abdominal acima do recomendado. No Brasil é 102 cm para os homens e 80 cm para as mulheres.
* O organismo desenvolve um excesso de produção de insulina que circula no sangue. Esse é o alerta de que algo não está funcionando direito no corpo.
* Quando esse excesso é associado a uma das duas características anteriores, os médicos já consideram o paciente como portador de síndrome metabólica e aconselha a começar um tratamento que consiste em: dieta regrada, exercícios físicos e o uso de medicamentos.
* Caso faça exercícios e tenha uma dieta regrada, pode haver uma estabilidade do quadro. Exames constantes da glicose no sangue são suficientes para uma pessoa se precaver e estar atenta ao problema.
TIPOS DE DIABETES
O tipo 1
Insulino-dependente
É uma doença auto-imune: as células do sistema imunológico agridem as células produtoras de insulina, destruindo-as, resultando na diminuição ou cessação da produção de insulina. As pessoas com este tipo de diabetes precisam aplicar injeções diárias de insulina, para controlar a doença, que em geral se inicia na infância ou na adolescência.
Tipo 2
Não insulino-dependente
Atinge entre 80% e 90% dos diabéticos, ocorre na grande maioria dos casos entre os adultos. Neste tipo de diabetes a produção de insulina pelo pâncreas é normal, mas os tecidos do corpo se tornam resistentes à ação da insulina, impedindo a absorção da glicose pelo organismo, elevando, assim, a taxa de açúcar na corrente sangüínea.
Sinais e sintomas
O desencadeamento de diabetes é geralmente repentino, podendo incluir sintomas como:
* Sede excessiva
* Rápida perda de peso
* Fome exagerada
* Cansaço inexplicável
* Muita vontade de urinar
* Má cicatrização
* Visão embaçada