Uma nova arma contra a anemia

A doença renal crônica (DRC) se caracteriza, basicamente, pela perda progressiva e irreversível das funções dos rins. Muitas vezes, a destruição do órgão progride pelo desconhecimento e descuido dos portadores sobre as doenças renais. Estima-se que existam cerca de 7 milhões de brasileiros portadores dessa patologia e a grande maioria ainda não sabe. A doença é uma das síndromes que mais causam preocupação entre os especialistas em saúde no mundo. Boa parte deles participou do Congresso Mundial de Nefrologia, realizado no Rio de Janeiro.

Um dos temas que mereceram destaque no encontro foi a anemia decorrente da DRC, uma condição muito debilitante para os pacientes, cujo foco dos tratamentos é melhorar a qualidade de vida do paciente e reduzir o risco de desenvolvimento de novas complicações. O ritmo de progressão depende da doença original e de causas agravantes, como hipertensão, infecção urinária, nefrite, gota e diabetes.

A anemia está presente em cerca de 70% dos portadores de DRC, que necessitam passar por diálise para filtrar o sangue, função prejudicada pelo mau funcionamento dos rins. De acordo com Elias David Neto, do Centro de Nefrologia e Transplante Renal da Universidade de São Paulo, a anemia se caracteriza pela diminuição na produção de glóbulos vermelhos. "Normalmente, o nível de hemoglobina é de 14g/dl (gramas por decilitro), mas em pacientes afetados pela doença renal, esse número chega a ser inferior a 11g/dl", comenta.

Uma vez ao mês

Nos tratamentos atuais, é utilizada a eritropoietina – hormônio que induz a medula óssea a produzir sangue. No tratamento convencional são administrados medicamentos duas a três vezes por semana. No Congresso, o laboratório Roche apresentou um tratamento que utiliza um novo medicamento, batizado de Mircera, que além de obter a mesma eficácia das drogas atuais, tem a vantagem de ser aplicado apenas uma vez ao mês, com os mesmos resultados. "Com mais pessoas idosas necessitando de diálise, os médicos necessitam de medicamentos eficazes que possam aperfeiçoar a forma como manejam a DRC, proporcionando maior adesão por parte dos pacientes ao tratamento", reco-nhece Elias Neto.

O Mircera possui agentes que simulam a eritropoietina só que possui uma ação mais duradoura. "Prolongando o tempo em que a substância fica no organismo – cerca de 134 horas, contra o máximo de 24 horas das drogas atuais – favorecemos o paciente que sofre com os transtornos dos tratamentos quase que diários", garante Gilbert Deray, do Hôpital Pitié-Salpêtriére, na França. O medicamento passou por diversos estudos, envolvendo cerca de 3 mil pacientes e os resultados foram animadores. "A taxa de resposta atingiu 97% e mais de 66% dos pacientes que participaram dos estudos conseguiram manter os níveis de hemoglobina estáveis", informou David Goldsmith, nefrologista consultor do Guy’s and St. Thomas Hospital, da Inglaterra.

Mais qualidade de vida para os idosos

Os pacientes idosos em diálise são mais instáveis devido ao fato de apresentarem outras doenças coexistentes. Essas doenças associadas à anemia de causa renal pioram a saúde, afetam a qualidade de vida e aumentam os riscos de hospitalização e óbito. Estima-se que o número de pacientes com DRC em diálise deverá aumentar a uma taxa de 7% ao ano, com projeções que em 2010 haverá mais de 2 milhões de pessoas passando pelo tratamento no mundo. De acordo com Elias David Neto, a diálise é a única opção de tratamento para pacientes em estágio final da doença, quer estejam ou não aguardando um doador para transplante renal. O número de pessoas com idade acima de 65 anos com a doença em tal situação encontra-se em elevação devido ao envelhecimento da população e à epidemia de diabetes que assola o mundo. Além disso, na ocasião em que desenvolvem DRC, mais de 50% apresentam insuficiência cardíaca e mais de 80% sofrem de hipertensão.

Para melhorar a vida dessas pessoas o primeiro passo é tratar a anemia, o principal problema enfrentado pelos pacientes de DRC, além dos sintomas clássicos, como cansaço, perda de energia, mal-estar e náusea. "A anemia faz com que o coração não trabalhe direito, levando à insuficiência cardíaca", alerta o médico.

A doença renal

Geralmente, quando surge uma doença renal, ela ocorre nos dois rins, raramente atingindo um só. Quando o rim adoece por uma causa crônica e progressiva, a perda da função renal pode ser lenta e prolongada. Por isso, o acompanhamento médico das doenças renais é importante para prolongar o bom funcionamento do rim por muito tempo, mesmo com certos graus de insuficiência. O rim pode perder 25%, 50% e até 75% das suas capacidades funcionais, sem causar maiores danos ao paciente. Mas, quando a perda é maior do que 75%, começam a surgir problemas de saúde devido às alterações funcionais graves e progressivas. Os exames laboratoriais tornam-se muito alterados.

Principais sintomas

* Urina escura e espumosa

* Inchaço na face ou nas pernas

* Dor ao urinar

* Dores lombares, com calafrios

* Urinar várias vezes durante a noite

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