Um cerco ao tumor

Na década de 1990 alguns tratamentos, como a radioterapia e a quimioterapia, foram incorporados ao arsenal de armas contra o câncer ? até então a cirurgia era o método mais utilizado no combate à doença. Hoje, técnicas e medicamentos avançados promovem uma revolução no tratamento do câncer, com maiores possibilidades de cura e de sobrevida. A doença tão temida e fatal poderá, em alguns casos, ser controlada, como outras doenças, como diabetes e hipertensão, por exemplo.

Para Rodrigo Rigo, responsável pelo setor de oncologia do Hospital Santa Cruz, um grande passo no tratamento do câncer foi dado com as descobertas da biologia molecular. Por meio dela, foi desenvolvida uma série de medicamentos que se mostraram capazes de tratar um tipo de câncer que possua, por exemplo, uma proteína ou enzima específica não expressa nas células normais, que tenha um papel importante na célula cancerígena. ?Assim, o paciente recebe um remédio que age seletivamente naquela célula tumoral, preservando as suas células normais. Daí o nome terapia alvo molecular ? TAM?, explica.

Preservando células saudáveis

Essa terapia específica e dirigida, ao contrário de outros medicamentos, age exclusivamente na célula cancerosa, diminuindo os riscos de efeitos colaterais. Hoje há um arsenal terapêutico de controle da doença, capaz de prolongar a vida do paciente com qualidade. Além disso, enquanto algumas drogas utilizadas na TAM combatem as células cancerígenas, outras impedem a formação de vasos sanguíneos que nutrem o tumor em crescimento. ?Elas fazem com que tal célula morra de fome sem atacar células saudáveis, criando um verdadeiro cerco ao tumor?, comenta Rigo, salientando que essa terapia pode ser associada aos outros métodos existentes.

Por conta de avanços como esse, o oncologista acredita que alguns tipos de câncer já podem ser considerados como doenças crônicas, aquelas com as quais o paciente tem condições de ?conviver? satisfatoriamente, desde que receba e mantenha um tratamento adequado. Rigo considera o câncer como um problema de saúde pública e salienta que o diagnóstico precoce é sabidamente uma forma de controlar a doença e em alguns casos até acabar com ela. ?Tudo depende do paciente, do histórico da doença. Cada caso é um caso. Mas, a cada dia mais possibilidades de vencer a doença são incorporadas aos tratamentos?, reconhece.

Uma delas é o petscam, um equipamento de última geração que funciona como uma espécie de tomografia. A diferença é que se trata de um exame de contraste. O médico explica que o paciente ingere uma substância e por meio de contraste o exame revela certo grau de atividade metabólica aumentada, que indica a possibilidade de câncer. Uma das principais vantagens do aparelho, segundo Rigo, é que a captação da imagem não depende do tamanho da lesão. ?Isso significa que o diagnóstico é mais acurado e isso se traduz em sobrevida para o paciente. Informação precoce é determinante para o tratamento e cura do câncer?, ressalta.

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