A consulta médica é o ato médico mais importante da medicina, pois é o marco inicial da relação médico-paciente e dela se originam todos os outros atos médicos. No entanto, o paciente sair do consultório de um médico com mais dúvidas do que entrou é mais comum do que se imagina. A timidez ou a vergonha de reconhecer que não entendeu quase nada do que o médico falou pode fazer com que alguns pacientes desistam ou, o que é pior, iniciem um tratamento de forma equivocada. Horários para tomar os medicamentos, desconhecimento das contra-indicações ou cuidados de higiene são as informações que causam as maiores dúvidas. ?Não deixar o paciente ir para casa com qualquer tipo de dúvida também é um dever do médico?, afirma Cesar Alfredo Pusch Kubiak, da Sociedade Paranaense de Clínica Médica.
Os médicos sabem muito mais sobre medicina do que as pessoas leigas, mas nem sempre são bons comunicadores. Apesar disso, de acordo com o especialista, todo médico é treinado para conduzir o diálogo com o paciente, extraindo dele informações importantes que ajudam no diagnóstico final. Fazem parte da investigação, além da entrevista, o exame físico e exames complementares, se necessário. Somente com todos esses dados nas mãos, o médico poderá concluir o seu diagnóstico e decidir por alguma conduta terapêutica. Para Kubiak, avaliar a saúde total do paciente é imprescindível. ?O médico não deve se restringir apenas ao motivo que levou o paciente ao consultório e, sim, fazer uma avaliação geral da sua saúde?, reconhece.
Por seu lado, o paciente não deve ter vergonha de fazer perguntas a respeito da doença e seus cuidados, dos exames pedidos nem de conferir a receita com o médico. Não deve deixar que o medo ou o embaraço o impeça de mencionar um sintoma ou um problema que está lhe incomodando.
Relação estreita
Os pacientes têm o direito de serem parceiros em sua assistência e a receberem uma explicação clara dos achados e do tratamento proposto pelo médico. Não há qualquer razão boa para que um médico não possa oferecer isso. Uma boa opção é anotar tudo sobre o sintoma que está sentindo. Detalhes como o horário que aconteceu, a quantidade ou a intensidade dos sintomas deve ser lembrado. Todas as questões, por mais banais e tolas que possam parecer, não devem ser desprezadas.
O especialista recomenda que o paciente não se envergonhe de sacar o seu caderninho na frente do médico e submetê-lo a um verdadeiro interrogatório. ?Provavelmente ele vai se surpreender positivamente?, acredita. Isso torna a visita bastante produtiva. De acordo com Kubiak, o relacionamento do médico com seu paciente é igual a qualquer outro tipo de relação humana e deve ser baseado na confiança recíproca. O médico explica que o paciente deve responder sinceramente as indagações, sem diminuir ou aumentar a gravidade dos sintomas, mesmo que as questões sejam constrangedoras.
César Kubiak alerta que os cuidados não devem param por aí. Se e o médico lhe pedir algum exame de laboratório, não sugira nenhum outro a ele. Você pode e deve perguntar por que este ou aquele exame, se há riscos envolvidos, se sentirá dor, etc. Depois disso, avie a receita o mais rapidamente possível. Ao chegar em casa, leia a bula com atenção, já que qualquer droga pode causar reações adversas. Seguindo esses passos, com certeza, não deixará dúvidas no consultório.
Se você tiver dúvidas em relação a um diagnóstico ou plano de tratamento, fale sobre isto. Se um tratamento em particular for desagradável, o médico pode ser capaz de sugerir uma alternativa aceitável.
Roteiro para aproveitar bem a consulta
Horário – ao marcar a consulta, anote na sua agenda. Procure estar no consultório pelo menos dez minutos antes da hora marcada.
Lista – faça uma relação completa de tudo o que você sente. Não esqueça os detalhes, por mais banais que sejam, assim como seu histórico familiar.
Perguntas – o médico tem obrigação de orientar e esclarecer você. Se ainda assim tiver dúvidas, não tenha vergonha de perguntar novamente.
Receita – após o término da consulta, leia com atenção o que lhe foi receitado. A letra do médico deve ser clara e legível.
Na dúvida, pergunte.
Exames – você deve saber para que servem e se trazem riscos a sua saúde. Evite sugerir exames, muitas vezes são desnecessários e prejudiciais.
10 dicas para uma boa consulta
1. Anote suas queixas de forma organizada, a fim de tornar a consulta mais produtiva.
2. Priorize o que é importante, mas alguns detalhes podem não significar nada para você, mas para o médico sim.
3. Lembre ao médico das suas doenças anteriores e doenças existentes na sua família.
4. Relate seus hábitos de vida. (fumo, alimentação, atividade física, entre outros).
5. Caso você precise fazer exames, pergunte o porquê de cada um deles.
6. Não tenha constrangimento de expor suas dúvidas e queixas ao médico. Ele deve ouvir com atenção, respeito e confidencialidade.
7. Tire suas dúvidas sobre todas as etapas do tratamento.
8. Procure saber tudo sobre os medicamentos, como as doses, via de administração, intervalo em que deve ser tomado e seus efeitos colaterais.
9. Se você realmente não se sentir seguro, depois de esclarecer todas as suas dúvidas com o médico, procure uma segunda opinião.
10. Não se esqueça: o médico deve ser o seu maior aliado na obtenção da saúde, por isso, procure manter com ele uma relação de absoluta confiança.
Que tipo de paciente você é?
Leia abaixo alguns perfis típicos dos pacientes. Você consegue se reconhecer em algum deles?
APLICADO
É o paciente ideal. Segue à risca todas as orientações médicas, toma a medicação no horário, faz a dieta prescrita e, se tem algum problema ou dúvida, procura esclarecimentos com o médico.
AUTO-SUFICIENTE
Aquele que "acha" que sabe tudo. Por sua conta e risco, segue apenas as orientações que julga corretas. Às vezes, nem sabe para que foi se consultar.
RELAXADO
É o típico "cuca-fresca". Não segue as ordens do especialista, não faz os exames solicitados, não toma os remédios receitados e ainda reclama que "não melhorou nada". Se você se enquadra nesse perfil, pode ser que tenha jogado dinheiro fora.
HIPOCONDRÍACO
É aquele que procura um sem-número de médicos para confirmar o primeiro diagnóstico. Na verdade, pode estar precisando consultar apenas um especialista: um psiquiatra.