Uma tosse persistente levou Karla Natal ao médico, buscando as causas do distúrbio. A princípio, foi aventada a hipótese de asma, já que ela possuía gato em casa.

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Mais tarde, porém, o exame de Raios-X não deixou dúvidas: seu pulmão estava sendo atacado pelo bacilo de Koch (mycobacterium tuberculosis). Karla não podia imaginar que a tuberculose pudesse estar tão perto. Mas estava. Felizmente, a cura também.

A cada segundo uma pessoa no mundo é contagiada com o bacilo, principalmente quem vive em regiões onde prevalecem baixos indicadores sociais. Essa difícil realidade enfrentada nas regiões mais pobres do planeta foi o tema tratado nas várias mobilizações efetivadas contra a doença em todo o País, coincidindo com o Dia Mundial da Luta contra a Tuberculose (24 de março), afinal, a doença requer cuidados específicos e muito rigorosos.

Vacina BCG

A prevenção usual à tuberculose é a vacina BCG, que necessita ser aplicada nos 30 primeiros dias de vida. Ela é capaz de proteger contra as formas mais graves da doença.

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Entre suas particularidades, o pneumologista Sidney Bombarda destaca a falta de informação da população. Para o especialista, muitas são as pessoas que têm a tosse como hábito normal.

“Um conceito absolutamente errado, já que a tosse representa um fator de defesa dos pulmões contra algo que o está agredindo”, esclarece. No pulmão, a tuberculose ocasiona uma inflamação, como se fosse uma pneumonia de evolução lenta.

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Esse processo pode provocar “cavidades”, seguidas de sangramento. “Existem outras formas de manifestação, como derrame pleural (água nos pulmões) e formação de nódulos, podendo o distúrbio afetar outros órgãos do corpo humano, como rins, ossos e, até, o sistema nervoso central”, esclarece o pneumologista João Adriano de Barros.

Baixa imunidade

Tosse com escarro é a principal manifestação da doença. Além desse, outros sintomas, como febre ao final da tarde, sudorese noturna, perda de peso e, eventualmente, de escarro com sangue podem indicar a incidência.

Para os especialistas, a identificação e o tratamento da doença sem que haja perda de tempo possibilita a cura definitiva da tuberculose, com baixo custo.

No Brasil, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se mais de 9 milhões de casos por ano.

No Brasil, anualmente, são notificados aproximadamente 80 mil casos novos e de cinco mil a seis mil mortes em decorrência da doença.

Diretamente relacionada a condições sócio-econômicas, a doença atinge principalmente, as pessoas em aglomeração e em moradias inadequadas e mal-ventiladas.

“Como é uma doença de transmissão de pessoa para pessoa, há propagação mais intensa nessas situações”, ressalta Barros.

Outro fator importante para a tuberculose se manifestar é a baixa imunidade. A doença, por vezes, está relacionada a casos de desnutrição, alcoolismo e infecção por vírus HIV.

“Quando há um paciente com diagnóstico de tuberculose, nós solicitamos o exame de HIV e vice-versa. Afinal, pessoas soropositivas apresentam imunidade baixa e ficam mais suscetíveis a contrair a doença”, explica o especialista.

Abandono do tratamento

Para diminuir os índices de tuberculose, além da melhora das condições sócio-econômicas do país, é importante o diagnóstico precoce da doença, assim, o paciente infectado logo deixa de transmiti-la.

O tratamento, feito com antibióticos deve ser seguido à risca durant,e seis meses. Mais de 80% dos casos podem ser curados com a combinação de medicamentos. De acordo com os médicos, é sentida uma sensível melhora nos sintomas a partir do segundo mês de controle.

Pelo tratamento ser demorado, estima-se que 30% das pessoas abandonam a medicação por conta própria, principalmente, pela melhora dos sintomas na fase inicial.

“Esses pacientes terão recaídas, o que deixa a tuberculose mais resistente aos antibióticos e torna o tratamento mais difícil e caro”, salienta o pneumologista. No Brasil, o tratamento da tuberculose é fornecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde.

No Paraná, a Secretaria de Saúde possui programa de análise epidemiológica e capacitação de profissionais para o tratamento. “A grande incidência de mortes no Brasil está relacionada, principalmente, ao abandono do tratamento”, ressalta João Barros.