Quando cai a velocidade na circulação do sangue, surgem os coágulos. Se estes bloqueiam a passagem sangüínea, surge a trombose. Ocasionalmente, os coágulos passeiam pelas veias mais apertadas, podendo ficar entalados. Na passagem bloqueada não circula oxigênio. A pessoa pode morrer por embolia.

Pouco conhecida da população, porém responsável por milhares de mortes todos os anos, a TVP é uma doença complexa e silenciosa, que pode trazer sérias conseqüências quando não tratada de forma rápida e adequada. Ela se caracteriza pela interrupção do fluxo sangüíneo de uma veia, provocada pela formação de um coágulo. Em aproximadamente 90% dos casos, a TVP atinge as veias das pernas, em especial da região da panturrilha, apresentando sintomas como dor, inchaço, edemas, aumento da temperatura e, em situações mais graves, palidez e coloração azulada.

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A maior parte dos portadores de TVP não apresenta sintomas, particularmente os acamados ou submetidos a alguma forma de imobilização. Com freqüência, a hipótese diagnóstica é feita a partir de uma leve dor ou algum grau de edema nos membros inferiores. O médico José Fernando Macedo, da Sociedade Paranaense de Angiologia e Cirurgia Vascular, esclarece que, estatisticamente, as mulheres são mais suscetíveis à formação dos coágulos. A recomendação do médico é de que aquelas com tendência a varizes ou outros problemas circulatórios, as fumantes e obesas, consultem um especialista regularmente para prevenção da doença. O histórico de saúde da pessoa e o exame físico são importantes para estabelecer os fatores de risco para a TVP. “Esses fatores, conjuntamente com os sinais clínicos, possibilitam o diagnóstico de predisposição à doença”, ressalta Macedo.

Viagens longas

A TVP tem causado preocupação para pessoas que fazem viagens longas, já que elas passam muito tempo sem se movimentar. A doença foi apelidada indevidamente de “síndrome da classe econômica”. Máximo Asinelli, especialista em Medicina Aeroespacial e coordenador de transporte aéreo da Helimed UTI Aérea, explica que a doença não é exclusiva de um meio de transporte, e sim, atinge pessoas que ficam sentadas e imóveis por muito tempo. “No carro, no trabalho ou mesmo em casa”, adverte. De acordo com o médico, as veias profundas das pernas quando comprimidas pelo peso do próprio corpo têm uma circulação sangüínea mais lenta, aumentando a pressão nas pernas e se sujeitando à formação dos temidos coágulos.

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Segundo Asinelli, não há motivos para se preocupar ao fazer um vôo mais demorado. As pessoas com predisposição a doenças circulatórias ou cardíacas devem buscar orientação médica ao programar viagens longas. Pode ser necessária a prescrição de medicamentos específicos e o uso de meias elásticas para compressão das pernas. Ele também aconselha aos passageiros que evitem o consumo de bebidas alcoólicas e remédios para dormir, além do uso de roupas leves e confortáveis.

Pacientes hospitalizados

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A preocupação é a mesma para os pacientes que passam muito tempo hospitalizados. Apesar da alta incidência da doença, boa parte deles, com alto risco de desenvolver a TVP, não recebe nenhum tipo de tratamento preventivo. A conclusão faz parte do primeiro Registro Internacional para Avaliação da Prevenção de TVP e Embolia Pulmonar em pacientes com doenças clínicas, que acaba de ter seus resultados divulgados. Reunindo dados colhidos em 30 hospitais de 10 países, inclusive do Brasil, pesquisadores acompanharam cerca de mil pacientes clínicos hospitalizados por mais de 72 horas em decorrência de alguma doença clínica aguda, bem como durante um período de 90 dias após terem deixado o hospital.

O resultado mostrou que, mesmo com a complexidade das patologias e a gravidade das mesmas, e a despeito de iniciativas voltadas à orientação e conscientização de médicos e da população em geral, a profilaxia de TVP foi prescrita para apenas 41% dos pacientes. Ao analisar as estatísticas existentes a respeito da doença, é possível perceber que os casos de óbitos decorrentes da TVP são mais comuns do que se pensa. Nos Estados Unidos, por exemplo, são 100 mil óbitos registrados todos os anos, todos decorrentes de embolia pulmonar, e 120 novos casos de TVP a cada 100 mil habitantes. A doença acomete pacientes hospitalizados no período pós-cirúrgico, gestantes, portadores de doenças inflamatórias ou degenerativas ou, em algumas situações, até mesmo indivíduos previamente saudáveis. Nesse aspecto, insiste José Fernando Macedo, o histórico do paciente e o exame físico são importantes para estabelecer os fatores de risco para a TVP.

Fatores de risco para TVP

Idade acima de 40 anos.
Histórico familiar ou pessoal de doenças circulatórias.
Varizes.

Cirurgia ou trauma recente de grande porte.
Distúrbios sangüíneos.
Desidratação.
Câncer.
Insuficiência cardíaca.
Obesidade e tabagismo.
Gravidez.
Uso de terapia de reposição hormonal.