Acidentes de trânsito, falta de uso de equipamentos de proteção industrial e até mesmo algumas brincadeiras infantis estão entre as principais causas do trauma ocular, cuja prevenção será discutida durante o 15.º Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual.
O congresso começa no próximo sábado, em Curitiba, e reúne mais de 3 mil oftalmologistas de todo o País. Segundo a médica Cinara Sakuma de Oliveira, em serviços de Emergência como o do Hospital Evangélico de Curitiba, são atendidos quase mil casos por mês. “Aproximadamente trinta pacientes são socorridos por dia, apresentando quadros com níveis variados de gravidade. É um número assustador”, afirma a médica, preceptora em Oftalmologia do Hospital de Clínicas, do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba e do Hospital de Olhos do Paraná.
De acordo com a oftalmologista, no adulto, a maioria dos traumas oculares ocorrem no ambiente de trabalho. “Exemplos mais comuns incluem corpos estranhos na superfície ocular ou intra-ocular, queimaduras ou lesões químicas”, observa. Já na infância, o predomínio é de acidentes domésticos. São comuns entre as crianças situações de traumatismos palpebrais, da superfície ocular, contusões do globo e até perfurações oculares. “Uma brincadeira freqüente, e que tem sido causa de cegueira de muitas crianças, é a chamada “bomba de cal”, originada da mistura de água e cal fino em garrafas de refrigerante. Além da pele e das mucosas, a explosão geralmente causa queimaduras extremamente severas nos olhos”, adverte.
Embora os traumatismos oculares ocorram em indivíduos de diferentes faixas etárias, de ambos os sexos, e independente do nível sócio-econômico, o Brasil mostra um quadro semelhante a outros países no que se refere ao perfil mais comum da vítima de trauma. Homens abaixo dos 30 anos de idade compõem o maior grupo de risco. “Além dos acidentes de trabalho, os acidentes de trânsito afetam este grupo de maneira especial, sobretudo nas grandes cidades”, afirma a médica. Afetando principalmente uma faixa da população economicamente ativa, o trauma ocular gera não apenas problemas à saúde do indivíduo, mas também transtornos sociais e econômicos, principalmente em função do tempo de ausência ao trabalho no período necessário à reabilitação.
Apesar do alto índice de ocorrência, a médica garante que, na maior parte dos casos, os traumas oculares podem ser facilmente evitados. “O desafio é orientar a população quanto à real necessidade do uso de cintos de segurança em veículos automotores e equipamentos de segurança no trabalho, além de atenção especial às crianças, seja em casa, na escola ou em playgrounds”, orienta Cinara.
Serviço
– 15.º Congresso de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual, de 31 de agosto a 3 de setembro, no Expotrade, Rodovia Deputado João Leopoldo Jacomel, 10.450 ? Pinhais. Informações: www.cbo2002.com.br.