Quando o assunto é prisão de ventre, algumas sensações como dor, desconforto e vergonha costumam vir à mente.
Com certeza, ir aos toaletes não é um tema muito agradável, mas deixar de frequentá-los é pior ainda.
Até mesmo explicar os detalhes do problema para o médico, às vezes é constrangedor.
Esse “delicado” distúrbio é conhecido por constipação intestinal, intestino preguiçoso ou preso.
Nomes diferentes para um problema que atinge entre 15% a 30% da população mundial, de acordo com o Mapa das Desordens e Doenças Digestivas, elaborado pela Organização Mundial de Gastroenterologia
O estudo revelou que o intestino preguiçoso é uma das principais queixas gastrointestinais registradas nos consultórios e tem um grande impacto sócio-econômico. No Brasil, não há dados oficiais, mas acredita-se que aproximadamente 32% das mulheres e 6% dos homens têm dificuldade em evacuar. Má alimentação, falta de tempo e estresse são fatores comuns no cotidiano da maioria da população mundial, no entanto esses hábitos nocivos á saúde são responsáveis por mais essa preocupação no dia a dia: a prisão de ventre.
Orientação médica
Um estudo clínico apoiado pelo laboratório alemão Boehringer Ingelheim, atestou a eficácia de medicamentos usados no tratamento da constipação. Os resultados apontaram que o tempo médio de ação é de 6 a 12 horas, além da comprovada previsibilidade do efeito após a ingestão do medicamento. O levantamento mostrou que 90% dos pacientes ficaram satisfeitos com o resultado do tratamento.
A melhora com o uso do picossulfato de sódio, por exemplo, foi avaliada tanto pelo aumento da frequência das evacuações durante a semana do tratamento, como pela melhoria dos sintomas associados – gases, estufamento e desconforto abdominal. Outro ponto importante foi a observação de que o efeito terapêutico se prolongou por cerca de quatro semanas após a interrupção da medicação.
A maioria dos laxantes é seguro, segundo a pesquisa, alguns inclusive podem ser administrados em pacientes que amamentam. O estudo evidenciou que os níveis de medicamentos como o bisacodil e o picossulfato de sódio encontrados no leite materno são insignificantes.
“Durante a gravidez existem algumas restrições. É necessário salientar que o uso abusivo ou sem orientação médica pode provocar efeitos colaterais como a desidratação, diarréia intensa e cólicas”, explica o gastroenterologia Décio Chinzon.
O índice revela uma condição mais comum entre mulheres de todas as idades, que se caracteriza pela diminuição do número de evacuações associada ao esforço para evacuar.
“A constipação é um sintoma, não uma doença. É importante observar que a frequência normal de evacuações entre indivíduos saudáveis pode variar de duas ou três vezes ao dia a três dias por semana”, reforça o especialista.
Hábitos saudáveis
O distúrbio é bastante frequente. Em alguns casos, as pessoas passam três a quatro dias sem evacuar e o problema vai se agravando cada vez mais. Nesses casos é comum o abuso no uso de laxantes, o que, segundo especialistas, também é prejudicial.
Há diversos medicamentos disponíveis para cuidar da constipação, a escolha depende da consulta ao médico, do tipo de efeito desejado e tempo de tratamento, além do custo e segurança com a utilização dos mesmos.
“É importante procurar orientação médica e seguir hábitos de vida saudáveis, com a ingestão de dieta rica em frutas e vegetais, alimentos funcionais, incluindo os probióticos, além dos exercícios físicos e adequada ingestão de água”, reconhece Chinzon, advertindo que a constipação pode indicar uma doença grave subjacente, como um câncer, por exemplo, além de em alguns casos, se tornar o único si,ntoma percebível para uma série de doenças.
Causas mais comuns
* Dieta – Uma das principais causas da constipação pode ser uma dieta rica em gorduras animais (carnes, produtos lácteos, ovos) e açúcar refinado (sobremesas e outras guloseimas), mas pobre em fibras (legumes, frutas, cereais).
* Síndrome do Intestino Irritável – Algumas pessoas desenvolvem alterações do cólon ou intestino grosso.
* Hábitos intestinais – Ignorar o desejo de evacuar. Algumas pessoas fazem isso para evitar o uso de banheiros públicos ou porque estão ocupadas demais. Por inibição do reflexo da evacuação, podem deixar de sentir vontade. Isso leva a constipação progressiva.
* Abuso de laxantes – As pessoas que habitualmente tomam laxantes estimulantes sem orientação médica podem, ao longo do tempo, apresentar tolerância ao uso desses medicamentos.
* Viagem – As pessoas muitas vezes experimentam a constipação quando viajam, o que pode referir-se às mudanças no estilo de vida, programação e alimentação.
* Distúrbios hormonais – Alguns distúrbios hormonais, como o hipotireoidismo, podem produzir constipação.
* Gravidez – Outra causa comum de constipação, que pode ser atribuída às mudanças hormonais durante a gestação.
* Hemorróidas – Condições dolorosas do ânus podem produzir um espasmo do músculo do esfíncter anal, que pode retardar a evacuação.
* Doenças específicas – Doenças que afetam os tecidos, como esclerodermia ou lupus, além de doenças neurológicas, como esclerose múltipla, parkinsonismo e acidente vascular cerebral, podem ser responsáveis pelo distúrbio.
* Compressão mecânica – A inflamação em torno de tumores pode produzir compressão mecânica do intestino, resultando em constipação.
* Medicamentos – Muitos podem causar constipação, como analgésicos, antiácidos, antiespasmódicos, antidepressivos, tranquilizantes e suplementos de ferro, entre outros.
Dicas infalíveis
* Obedeça a vontade de evacuar. É comum pessoas que retardam a ida ao banheiro e acabam desenvolvendo quadro de constipação, já que o reflexo fica alterado.
* Procure manter uma alimentação adequada e melhorar o estilo de vida. Uma dieta bem equilibrada inclui alimentos ricos em fibras, como farelo de trigo, pão integral, frutas e legumes frescos.
* Beber bastante líquido e fazer exercícios regularmente para estimular a atividade intestinal.
* Acima de tudo, entenda que eliminar a constipação é uma tarefa a ser feita com orientação médica.
* Remédios só podem ser prescritos por um profissional e é a única maneira de evitar problemas muito mais graves para a saúde.