A equipe médica do Hospital Cardiológico Costantini, um dos centros de saúde escolhidos para participar do maior estudo do mundo com células-tronco em pacientes com doenças cardíacas, recebeu os primeiros pacientes incluídos no tratamento do infarto agudo do miocárdio por meio desta técnica. Os pacientes, que não podem ser identificados, foram submetidos a uma bateria de exames que os indicaram aptos a participar dos estudos. ?Estamos dando um passo muito importante nos avanços da medicina cardiovascular, que poderá beneficiar milhares de futuros pacientes?, observa o cardiologista Costantino Costantini, diretor do hospital.
Extraídas da medula óssea do próprio indivíduo e injetadas nas proximidades de onde ocorreu o ?entupimento arterial?, as células-tronco podem desempenhar múltiplas funções: algumas dão origem a novos vasos, outras se transformam em músculo. Nos casos em que ocorre o infarto agudo, parte do músculo cardíaco morre, levando a uma diminuição da força de contração do coração, o que implica em insuficiência cardíaca. ?A expectativa é fazer com que as células-tronco recuperem o músculo inativo e façam com que o coração restabeleça – de forma parcial ou total – a sua força de contração?, explica Costantino Ortiz, diretor científico do hospital.
Três minutos
Após passar por uma angioplastia, associada ao implante de um pequeno stent (malha de aço que ajuda a desobstruir a artéria), para permitir a passagem do fluxo sangüíneo, realiza-se a punção de até 100 ml de medula óssea, de onde serão retiradas as células-tronco do paciente. O material é encaminhado ao laboratório celular. Em três horas de preparo, as células-tronco são isoladas e o paciente passa por um novo cateterismo. Desta vez, o cateter é usado para injetar as células-tronco diretamente na área afetada pelo infarto, ?reduzindo as chances de o fluxo sangüíneo carregar as células-tronco para outras áreas, o que implicaria em uma menor quantidade de células-tronco no músculo cardíaco infartado?, relata Ortiz. Este procedimento dura por volta de três minutos e, nesse período, o paciente pode receber cerca de 10 milhões de células-tronco.
De acordo com os especialistas, a intenção da técnica é recuperar a área lesada, fazendo com que o músculo cardíaco recupere suas funções. Todos os envolvidos no estudo serão acompanhados durante o período de um ano. Independentemente de integrarem o grupo que receberá células-tronco ou tratamento convencional, todos os que aceitarem participar do estudo se beneficiarão das mais avançadas técnicas disponíveis.
Caso os resultados positivos sejam confirmados, a expectativa é que, com o aumento da sobrevida e da melhora na qualidade de vida desses pacientes, as vítimas de doenças cardíacas tenham menos necessidade de voltar ao hospital, reduzindo o volume de medicamentos e tratamentos posteriores.
Alguns critérios para os pacientes incluídos nos estudos
Tempo do infarto – Menos de seis horas.
Quadro de saúde – Estável.
Estado de consciência – Consciente.
Idade – Acima de 18 anos.
Sexo – Indiferente.
Mulheres – Não podem estar grávidas.
Outras doenças – Não deve ter doenças graves, como câncer, doenças renais ou quaisquer outras doenças terminais.
Índice de contratilidade ? diferença entre a área do coração contraído e expandido Inferior a 40%.
Artérias – No máximo, duas artérias infartadas.