Tratamento ameniza esquizofrenia

A esquizofrenia é uma doença mental crônica, sem cura, com poder de deixar a pessoa totalmente incapaz. Atinge 1% da população mundial. O doente tem surtos, que podem estar ligados à violência, pois são comuns os casos de suicídio, automutilação e agressões a outras pessoas.

A doença se manifesta no indivíduo entre os 15 e 25 anos e segue para o resto da vida. Ainda não se sabe qual é o motivo da aparição da esquizofrenia, mas acredita-se que seja um problema genético. Os principais sintomas são alucinações (visuais e sonoras), delírios, alterações de afetividade, sentimento de perseguição, diminuição da capacidade de adquirir novos conhecimentos e atitudes anti-sociais, como se a pessoa se fechasse para o mundo.

Normalmente, a família não sabe como lidar com o esquizofrênico, deixando-o marginalizado. Em algumas situações, a dificuldade de lidar com os surtos levam ao desespero. Segundo a Associação Paranaense dos Familiares e Amigos dos Portadores de Esquizofrenia (Apafape), há um caso em que o pai de um doente precisou chamar a polícia para conter uma crise. Como não adiantou, o pai pediu ao policial que atirasse no filho para encerrar o surto. Ele foi baleado na barriga, precisando passar por uma cirurgia para se recuperar.

Tratamentos

Os tratamentos para a esquizofrenia atingiram um patamar em que se pode garantir uma melhor qualidade de vida, ao contrário dos tempos em que os doentes eram sedados, internados em manicômios, e permaneciam lá pelo resto da vida. Atualmente, os esquizofrênicos não vão para o hospital, exceto em risco de suicídio e agitação psicomotora. Os psiquiatras estão defendendo a utilização de medicamentos chamados atípicos de segunda geração, que não provocam tantos efeitos colaterais e deixam o esquizofrênico em estado próximo do normal. Esses remédios também possibilitam o doente deixar o estado de incapacidade e realizar atividades normalmente.

O preconceito em torno dos doentes, chamados muitas vezes de loucos, é grande, atrapalhando o tratamento e o cumprimento de seus direitos. Assim, a Apafape surgiu em outubro de 2002 para ajudar os doentes a serem respeitados, seja pela população em geral, pelos familiares e pelo governo.

As atividades começaram mesmo há cinco meses e atingem 230 associados, entre familiares e portadores de esquizofrenia, que participam de grupos de auto-ajuda duas vezes por semana. Além disso, a Apafape auxilia juridicamente aqueles doentes que não possuem condições de brigar por remédios e outros direitos, como aposentadoria.

Russel Siqueira de Carvalho, diretor de divulgação da entidade, explica que os esquizofrênicos são tratados com descaso pelo governo. Os doentes humildes, ou seus responsáveis, vão até o Centro de Medicina do Paraná (Cemepar) para solicitar os medicamentos atípicos de segunda geração. “A dificuldade de conseguir os remédios é muito grande”, conta Carvalho. “Só existem duas pessoas que autorizam a liberação dos medicamentos. Todo médico psiquiatra deve e tem o direito de receitar atípicos”, acredita. O diretor comenta que em alguns casos a resposta dos dois representantes foi negativa e que os produtos só estariam disponíveis em 120 dias. Os atípicos de segunda geração são medicamentos de uso contínuo. O tratamento pode custar entre R$ 500 e R$ 600, por mês. A aplicação desses medicamentos poderia diminuir o número e o tempo de internações em manicômios.

A Apafape já encaminhou diversos ofícios diretamente à Secretaria de Estado da Saúde para incluir os esquizofrênicos sem condições financeiras em um programa que cederia gratuitamente esses remédios. A entidade nunca recebeu respostas do órgão. “É preciso mudar a política de saúde mental”, avalia Carvalho. (Joyce Carvalho)

Serviço

– Maiores informações sobre a Apafape nos telefones (41) 3022-5090 e 264-9701

Secretaria vai verificiar o caso

A diretora da 2.ª Regional de Saúde, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde, Marinalva Gonçalves de Silva, explica que a Apafape precisa entrar em contato com o órgão para apurar se houve algum problema no pedido dos remédios. Ela conta que o serviço já está descentralizado, operando no Centro Psiquiátrico Metropolitano, no bairro Alto da XV. Os pacientes precisam passar por uma auditoria e, até uma semana depois, os medicamentos são liberados e passam a ser fornecidos todos os meses.

Marinalva comenta que não conhece esses casos. Se forem remédios que não constam na lista determinada pelo Ministério da Saúde, não há muito o que se fazer. O pedido teria que ser feito ao próprio órgão federal, que poderia avaliar a possibilidade de compra dos medicamentos. (JC)

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