Em 2010, o Brasil realizou 6.402 transplantes de órgãos e 4.630 deles foram de rim. Se comparado ao mesmo período de 2009, houve um crescimento de 8% nos números desse procedimento.

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Os dados são da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Com uma incidência tão significativa de pessoas que se submetem a esta cirurgia, é importante saber mais sobre o transplante renal e quais os cuidados que os transplantados precisam ter.

Sem contar que, em média, o paciente pode esperar quatro anos na fila do transplante. Isso acontece porque a “escolha” do órgão é baseada na compatibilidade.

Assim, algumas pessoas são transplantadas em poucos meses, enquanto outras aguardam muito tempo por um rim compatível e permanecem em diálise por anos. Quando se tem um doador vivo familiar não há espera pelo transplante.

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“Se o diagnóstico é precoce a intervenção cirúrgica pode ser feita antes mesmo do início da diálise, o que possibilita uma taxa de sucesso ainda maior”, diz o nefrologista José Osmar Medina.

O transplante renal é um método efetivo de tratamento da insuficiência renal crônica, promovendo melhora na qualidade de vida dos pacientes. Antes da sua realização, o paciente deve se submeter a diversos exames para assegurar que está em condições de passar pelo procedimento cirúrgico.

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“Os cuidados são para garantir a melhor compatibilidade com o doador, minimizando assim, a possibilidade de rejeição do novo órgão”, explica o nefrologista Reginaldo Carlos Boni.

Cuidados específicos são necessários para que o transplante mais frequente do Brasil seja bem sucedido.

Nova realidade

Doenças, como diabetes, hipertensão arterial, infecções urinárias recorrentes, cálculo renal e malformações podem levar à insuficiência renal crônica. O diagnóstico  precoce e o tratamento adequado são fatores importantes que podem interferir na velocidade com que algumas dessas doenças evoluam para a insuficiência renal, ou ainda, minimizar os efeitos causados por elas.

Dentre os sinais e sintomas da doença renal podemos destacar aumento da pressão arterial, fraqueza para atividades que antes eram feitas de forma rotineira, pele descorada (anemia), edemas (inchaço ao redor dos olhos e de extremidades), perda de apetite e alterações do hábito urinário (mudança de cor da urina, urina espumosa).

A indicação do transplante de rim deve ser feita por um nefrologista em pacientes com perda irreversível da função renal. O paciente que vai ser transplantado passará a conviver com uma nova realidade, antes ocupada por sessões de diálise (peritoneal ou hemodiálise).

“Esse novo momento exige cuidado e compromisso, tanto na alimentação quanto na utilização correta dos medicamentos”, reconhece Boni, salientando que seu cotidiano muda, surgem dúvidas e, algumas vezes, o temor pela perda do rim transplantado.

O médico ressalta que o apoio familiar é muito importante, além da clareza de que, caso ocorra a rejeição, esta poderá ser tratada. O transplante possibilita, na maioria das vezes, a reinserção do paciente no mercado de trabalho.

Mudanças de hábitos de vida são fundamentais, como manter uma alimentação saudável e balanceada, reduzir a ingestão de gorduras e açúcares, e evitar o fumo e bebidas alcoólic,as.

Rejeição

Depois do transplante, o novo rim pode começar a funcionar imediatamente e a diálise não será mais necessária. Porém, é possível que o órgão transplantado demore algumas semanas a executar perfeitamente suas funções e, nesse caso, a diálise ocorrerá até o seu funcionamento adequado.

Normalmente, o paciente tem alta alguns dias após a cirurgia, porém os cuidados já começam no hospital. Para garantir o sucesso do procedimento, o transplantado deverá seguir à risca as recomendações do médico, tomando corretamente suas medicações, respeitando doses e horários, e realizando os exames que forem solicitados a cada consulta. “Essa é a única forma de avaliar o funcionamento do órgão”, orienta o nefrologista.

É importante também que o receptor compareça em todas as consultas de retorno agendadas, que logo após o transplante serão frequentes, mas, com o tempo, se tornarão mais espaçadas.

O especialista alerta que, além disso, caso tenha febre, diminuição da quantidade de urina, dor no local da cirurgia e outros sintomas que não apresentava até então, a pessoa deverá procurar atendimento médico o mais rápido possível.

Quanto à rejeição, que pode ocorrer com maior frequência nas semanas iniciais depois do transplante, existem maneiras de preveni-la e tratá-la. São utilizados medicamentos imunossupressores que evitam que o sistema imunológico reaja contra o novo rim, inibindo a proliferação celular e a produção de anticorpos.

Mais sobre o transplante

O transplante – É um procedimento que coloca um rim saudável de outra pessoa em seu corpo. Esse novo rim faz todo o trabalho que seus dois rins doentes não podem fazer.

Novo rim – Pode começar a trabalhar imediatamente ou pode levar algumas semanas para funcionar. Seus próprios rins permanecem onde eles estão, a menos que estejam causando infecção ou hipertensão.

Doadores – Você pode receber um rim de um membro de sua família, de uma pessoa que morreu recentemente e, às vezes de um cônjuge ou amigo (doador vivo-não relacionado).

Compatibilidade – É muito importante que o sangue e tecidos do doador sejam compatíveis com o seu. Isso ajudará a impedir que o sistema imunológico de seu organismo passe a agredir, ou rejeitar, o novo rim.

Tempo de espera – O tempo varia. Não há número suficiente de doadores para todas as pessoas que precisam de um transplante. Se um parente lhe doa um rim, o transplante pode ser feito mais cedo.

Cirurgia – A operação dura de 3 a 6 horas. O internamento pode durar de 5 a 10 dias. O transplantado deve voltar ao ambulatório para visitas de acompanhamento regulares.

Direitos do paciente

Foi determinado através de lei federal que todo paciente renal crônico tem direito de realizar gratuitamente seu tratamento de diálise ou o transplante renal. Além disso, foram determinadas as condições mínimas que devem existir em um centro de diálise ou em um serviço de transplante, que permitirão o bom funcionamento e a boa qualidade do tratamento.

Essas mesmas leis lhe dão direito ao fornecimento de medicamentos básicos e essenciais para o tratamento de doenças que normalmente acompanham a insuficiência renal, como por exemplo medicamentos para o tratamento da anemia, da doença nos ossos e da rejeição ao transplante.

É importante que o paciente (ou seus familiares) procure sempre discutir com o médico o quadro geral da sua saúde e como o atendimento está atuando junto às secretarias de Saúde de cada Estado.