Um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea concluiu que o transplante de medula é o tratamento mais eficaz no combate a anemia falciforme. Isso porque, segundo os médicos que desenvolveram o estudo, com ele, as células doentes são substituídas, e o paciente não precisa ser submetido a transfusões crônicas e não recebe sobrecarga de ferro no sangue, consequência destas transfusões.
A anemia falciforme se caracteriza por mudanças no formato das hemácias (glóbulos vermelhos), cuja forma redonda passa a ser rígida e a ter aspecto de foice. O processo causa dois problemas: quando o organismo detecta a anormalidade, passa a destruir as hemácias, o que leva à anemia crônica. Já o formato de foice dificulta a circulação e facilita a formação de coágulos, aumentando o risco de AVC e de trombose.
O tratamento atual envolve uso de medicamentos e também transfusões de sangue para corrigir a anemia. “O problema é que esses pacientes estão sujeitos aos riscos da transfusão crônica e à sobrecarga de ferro no sangue”, diz o hematologista Luís Fernando Bouzas, diretor do Centro de Transplante de Medula Óssea do Inca (Instituto Nacional de Câncer).
O Hospital Saint Louis, na França, já realizou 54 transplantes do tipo, sendo que 53 pacientes são considerados curados e apenas um rejeitou o transplante. Considera-se como curado o paciente que não apresenta reversão do quadro cinco anos depois de realizado o transplante.
A anemia falciforme, que atinge principalmente a população negra, é uma das doenças genéticas mais frequentes no país. Ela costuma ser diagnosticada clinicamente, por causa da anemia. Em alguns estados brasileiros, o diagnóstico é feito durante o teste do pezinho em recém-nascidos.