No Brasil, são realizados anualmente, cerca de mil transplantes de medula óssea (TMO), a maioria custeada pelo Serviço Único de Saúde (SUS).  Desde o primeiro transplante realizado no Brasil, em 1982, no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, as instituições da região Sul e Sudeste do Brasil lideram esses tipos de procedimentos. No entanto, segundo o professor titular de Hematologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Cármino Antônio de Souza observa que existe uma demanda em torno de 30% de pacientes que necessitam do TMO, atribuída, no seu entender, exclusivamente à falta de leitos.

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O TMO não é uma cirurgia, mas sim uma infusão, neste caso, de medula (célula progenitora periférica ou célula-tronco) e não de sangue. A medula óssea é o tecido que fica dentro do osso e que tem como função produzir vários componentes do sangue e do sistema de defesa do organismo, entre eles, as células vermelhas e brancas e as plaquetas. Hoje, em nosso País, existem três fontes de células-troncos utilizadas nos transplantes: a de medula óssea, a periférica e a de sangue de cordão umbilical.

Nova fronteira

Essas células, conforme os especialistas, desempenham um papel importante para manter o organismo saudável e livre de doenças. O professor comenta que existem dois tipos de doadores: o doador autólogo (o próprio paciente) e os doadores alogênicos, que são encontrados principalmente entre os parentes próximos do paciente. Cármino de Souza, que presidiu, neste mês, o Congresso Brasileiro de Transplante de Medula Óssea, destaca que a busca das indústrias por novos fármacos nessa área é incessante. ?Paralelo a isso, a pesquisa científica nas universidades e institutos de pesquisa envolve cada vez mais profissionais de outras áreas como enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e fisioterapeutas?, acrescenta.

Dos temas debatidos no congresso, Souza destaca a visão de uma nova fronteira científica, o transplante aploidêntico, que possibilita fazer transplantes incompatíveis. ?Trata-se de uma nova linha de pesquisa que estabelece estratégias de condicionamento, coleta e manipulação da célula-tronco periférica, mesmo com doador não-compatível?, esclarece. Os transplantes utilizando sangue do cordão umbilical também ganharam atenção especial no encontro. O médico diz que o transplante com sangue do cordão colabora para ajudar no tratamento das hemopatias malignas, mas não é a única solução. Para ele, a vantagem é que com o sangue do cordão é possível fazer transplantes de doadores não totalmente iguais. ?Essas células, por serem muito novas, se adaptam melhor ao organismo e não causam tantos danos ao paciente?, completa.

COMO SE FAZ A DOAÇÃO

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Não existe qualquer problema ou complicação na doação de sangue para análise, afinal são retirados somente 20 ml de sangue. Todos os interessados em doar devem passar pelas fases 1 e 2 (abaixo), mas só alguns passarão pelas outras fases.

Fase 1 ? Verificam-se os pré-requisitos: ter entre 18 e 45 anos, mais de 50 Kg., não ter recebido transfusão de sangue nem ser portador de doenças congênitas, crônicas ou auto-imunes.

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Fase 2 ? O sangue é recolhido (na veia do braço) em uma seringa (+ ou – 20 ml), servindo para determinar o tipo de células do doador para comprovar a compatibilidade. Os dados são inseridos no banco mundial de doadores.

Fase 3 ? Caso haja compatibilidade com algum doente a nível mundial, e o doador concorde, será recolhido mais sangue da veia do braço (outros 20 ml). Este sangue passa por exaustivos testes.

Fase 4 ? Caso todos os testes sejam positivos, se recolhe as células por meio de um dos seguintes métodos:

Citaférese (o mais utilizado) – O sangue é retirado da veia do braço do doador, passa por um aparelho que recolhe apenas as células necessárias para o transplante e volta a entrar no doador através do outro braço.

Punção dos ossos da bacia – O doador é internado durante 24 horas, passa por uma anestesia e por meio de uma punção são retiradas células dos ossos da bacia.

– A opção do método fica por conta do doador.