O Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) teve recentemente um projeto aprovado pelo governo do Estado para a ampliação do serviço de transplante de medula óssea. A iniciativa está ligada a um programa de intercâmbio de experiências entre os hospitais universitários públicos paranaenses. O HC vai receber o repasse de R$ 4,1 milhões ao longo de quatro anos do Fundo Paraná da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), que destina até 2% da receita do Estado para o desenvolvimento da ciência e tecnologia. O setor de medula óssea do HC é o pioneiro na América Latina e atende 50% de todos os transplantes realizados no Brasil.
O diretor-geral do hospital, Giovanni Loddo, explica que a intenção é passar de 14 para 24 leitos dentro do setor. “No caso de transplantes entre não-aparentados, temos um sério problema, pois somente o HC, o Instituto Nacional do Câncer no Rio de Janeiro e o hospital da Universidade de São Paulo estão habilitados em fazer esse serviço. A demanda aqui está muito grande, o que atrasa ainda mais a fila de espera”, comenta. Cerca de 100 transplantes desse tipo são realizados por ano. Aumentando a quantidade de leitos, o número de intervenções vai dobrar no mesmo período. A verba repassada será usada na contratação de profissionais, modificação da estrutura física e compra de equipamentos.
O projeto também prevê o trabalho de terapia celular para evitar as complicações dos transplantes entre não-aparentados. Segundo Loddo, estes pacientes correm mais riscos por receberem material de pessoas fora da família, podendo desenvolver a “doença do enxerto contra o hospedeiro”. “Realizando a terapia celular, há a possibilidade de tirar do material doado somente as células para a área doente. Atualmente, precisamos injetar todo o líquido”, conta Loddo.
Para o secretário de Estada da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldair Rizzi, o investimento e o intercâmbio entre os hospitais públicos universitários vão permitir a criação de um centro de referência em medula óssea em todo o Paraná. “Os hospitais das universidades estaduais também vão passar ao HC a experiência em outros serviços relacionados com o transplante (como ambulatório de hematologia e laboratórios de seleção de pacientes). Isso significa aumentar a capacidade de atendimento, de número de bancos de sangue e de leitos no Estado”, revela o secretário. Ele conta que ainda haverá mais reuniões técnicas para determinar as ações do programa e os valores a serem repassados para as participantes. “A interação entre os hospitais servirá de exemplo para o Brasil, o que vai possibilitar pegar recursos federais para incentivar ainda mais a integração”, observa Rizzi.