Transplante de córnea a laser torna as cirurgias mais rápidas, precisas e com menor tempo de recuperação.

Até os 19 anos de idade, o curitibano Cleverson Lopes levava uma vida normal. Trabalhava, estudava e praticava esportes sem nenhum problema. Mas a perda progressiva da visão dos dois olhos mudou radicalmente essa realidade. Quando as dificuldades para enxergar começaram, ele procurou ajuda e recebeu o diagnóstico de que sofria de ceratocone, doença progressiva que poderia levá-lo à cegueira. O problema evoluiu e ele acabou perdendo a visão do olho direito. Restava-lhe apenas 30% de visão do lado esquerdo. Como última esperança, entrou na fila do transplante de córnea, sem sucesso.

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Quando já perdia as esperanças, ele recebeu a notícia de uma alternativa: uma nova técnica possibilitada pelo uso de um aparelho inovador, conhecido por Intralase, usado no Hospital de Olhos de Sorocaba, no interior de São Paulo. Lá, Cleverson se submeteu a duas cirurgias simultâneas nos olhos. Recebeu um transplante no olho esquerdo e o implante de um anel para a correção da doença no direito.

Rapidez e segurança

Coincidentemente, foi atendido por outro curitibano, o oftalmologista Leon Grupenmarcher, especialista no tratamento de ceratocone. O médico tem clínica em Curitiba e participa do projeto que utiliza o transplante de córnea a laser. O equipamento utiliza um laser capaz de gerar pulsos de luz com duração de apenas 100 trilionésimos de segundo. ?A vantagem é a precisão e rapidez em comparação com as técnicas tradicionais?, resume o especialista, lembrando que a recuperação de um transplante convencional demora pelo menos um ano. Agora, esse tempo pode ser reduzido para apenas quatro meses. O novo método ainda apresenta melhores resultados visuais, menor índice de rejeição e maior segurança para o paciente.

De acordo com Grupenmarcher, essa cirurgia faz a correção do olho atingido pelo ceratocone e evita a necessidade de um futuro transplante de córnea. ?Hoje, 40% das pessoas que esperam por uma córnea na fila dos transplantes são vítimas de cegueira decorrente do avanço da doença?, constata. O médico esclarece que, na cirurgia convencional, o cirurgião tem que criar manualmente túneis na córnea, onde o anel será implantado. Um trabalho que leva cerca de 30 minutos para ser concluído. Com o Intralase, a criação dos túneis é realizada em apenas cinco segundos, com resultados mais estáveis.

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Para Cleverson, os resultados foram excepcionais. ?Dois dias depois, eu já conseguia assistir televisão sem ter que ficar quase dentro da tela?, brinca. O curitibano ainda terá que esperar um pouco para saber o quanto irá enxergar com o olho direito. Apenas após a retirada dos pontos, daqui a dois meses, terá uma noção clara de como estará sua visão. Mas o olho que recebeu o implante de anel já lhe permite levar uma vida muito melhor. ?Só tenho a agradecer por esse verdadeiro milagre?, comemora.

Números dobrados

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Com essa nova tecnologia o hospital pretende dobrar o número de transplantes de córnea. Em apenas um mês de uso, o aparelho Intralase realizou 90 cirurgias de córnea, incluindo 40 transplantes. Segundo o administrador Edil Vidal de Souza, o hospital faz, em média, 200 transplantes por mês. ?A previsão de dobrar esse número se justifica pelas principais aplicações do aparelho, que são o transplante total, o compartilhado (permite dividir um tecido para até três pessoas) e a cirurgia de colocação de anel intracorneano, em casos de ceratocone.? O transplante de córnea é recomendado quando o paciente apresenta patologias como ceratocone (quando a córnea tem um formato cônico), perfurações oculares e distrofia corneana.