Cansaço frequente, hábitos alimentares desregrados, sono e vida social prejudicada.

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Este quadro é comum a, praticamente, todas as pessoas que necessitam desenvolver um trabalho noturno.

Esse quadro faz parte do dia-a-dia do policial militar Edson Santos, que mesmo alternando plantões em diversos dias da semana, sofre com tais sintomas nos períodos “de descanso”.

O mesmo acontece com o digitador Welliton Luis Cassola, que passa as madrugadas envolvido com o trabalho em uma prestadora de serviços. “Eu durmo, praticamente, o dia inteiro e, à noite, estudo. Como trabalho de segunda a sexta-feira, raramente tenho convívio com meus amigos e familiares”, reclama.

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Atualmente, cerca de 20% das populações dos países desenvolvidos trabalham no período da noite, segundo estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nas capitais e outros grandes centros urbanos, é cada vez mais comum estabelecimentos, como postos de gasolina, farmácias, lojas de conveniência e redes de supermercado funcionarem 24 horas ininterruptas.

Também fazem parte desse contingente que troca a noite pelo dia, profissionais de diversas outras áreas, como médicos plantonistas, enfermeiros, motoristas e vigilantes, entre tantos outros.

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Milhões de brasileiros trabalham à noite, permanentemente ou em turnos rotativos. No Brasil, os segmentos que mais utilizam trabalho noturno são transporte, saúde, segurança, energia e comunicações.

Considera-se noturno o trabalho executado entre as 22h de um dia e as 5h do dia seguinte, no caso de empregados urbanos. Nas atividades rurais, o trabalho entre 21h de um dia e 5h do dia seguinte.

Relógio biológico

Especialistas confirmam que o trabalho noturno causa mais problemas à saúde do que se imagina. Uma pesquisa realizada recentemente pelo Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos revelou que a troca da noite pelo dia acarreta doenças de ordem física e psicológica.

O desconhecimento desses distúrbios ou a não-associação destes a uma noite insone faz com que muitos optem por inverter sua rotina, perdendo qualidade de vida. “O fenômeno principal é a desorganização do ritmo do sono, a insônia”, diz o médico Willian Buinghan.

Como o relógio biológico se desregula, alguns trabalhadores noturnos têm problemas tanto para dormir durante o dia quanto para permanecer acordados no trabalho. Essa perturbação cronobiológica chega a prejudicar seriamente o rendimento de 5% a 10% dos trabalhadores.

Os sintomas e doenças mais frequentes associados são: problemas gastrointestinais (azia, má digestão, irregularidade intestinal), aumento do colesterol e maiores riscos de desenvolver doenças cardiovasculares.

Conforme Buinghan, a jornada de trabalho realizada em horário noturno exige maior esforço do organismo, por desenvolver-se em período que é biologicamente destinado ao repouso.

A tendência natural do organismo é sentir sono quando está escuro e ficar acordado quando há luz solar. “O sono está diretamente relacionado a funções restauradoras da parte cognitiva e recuperação física”, reconhece.

A atenção, a coordenação motora, o ritmo mental e o alerta são influenciados pelo estado de fadiga, tornando-se um fator de risco para aumento de acidentes e para a saúde do trabalhador.