Nem é preciso se concentrar. O equilíbrio corporal adquirido na infância permite que a pessoa se mantenha parada de modo estável ou em movimento de maneira harmônica.
É assim quem nos sentimos seguros e confortáveis em relação ao nosso corpo no espaço e nos integramos fisicamente e emocionalmente ao ambiente em que vivemos.
No entanto, conforme a fonoaudióloga Keila Baraldi Knobel, para que isso aconteça, dependemos do funcionamento do labirinto e de sua complexa rede de comunicação com os sistemas ocular, proprioceptivo -sensação que temos do nosso próprio corpo – e com o sistema nervoso central.
Sem que precisemos nos concentrar, a visão, a propriocepção e os dois labirintos (direito e esquerdo) enviam para o sistema nervoso central mensagens sobre a posição da cabeça e do corpo no espaço.
“O sistema nervoso central analisa, compara e integra as informações enviadas e comanda o aparecimento de reflexos oculares e dos músculos que controlam a posição do corpo para manter o equilíbrio”, descreve a especialista.
Ocorre que não é para todas as pessoas que esse processo é tão simples e automático. São os portadores de transtornos do equilíbrio, desconfortos que se caracterizam, basicamente, pela instabilidade do equilíbrio corporal e pela presença de tonturas.
Keila Knobel explica que as tonturas podem dar a sensação de queda, de flutuação, afundamento ou instabilidade, entre outras, e às vezes são acompanhadas por sudorese, náuseas e vômitos.
Nada que cause graves preocupações, afinal, a tontura é um dos sintomas mais comuns do mundo: um terço da população já sofreu do distúrbio em alguma fase de sua vida. “As mulheres e os idosos são os que mais relatam o sintoma, embora jovens e crianças também possam apresentá-lo”, observa a fonoaudióloga.
Incapacidade
De acordo com especialista, na maioria dos casos a tontura está associada a doenças labirínticas. No entanto, também podem ser causadas por alterações psicológicas, neurológicas ou cervicais, além do uso de medicamentos tóxicos, por ingestão abusiva de álcool, nicotina e cafeína ou por doenças, como sífilis e diabetes, entre outras.
Com efeito, tanto a tontura crônica quanto a aguda são extremamente desagradáveis e, dependendo do caso, chegam a comprometer severamente a qualidade de vida do portador.
Tarefas simples do dia a dia, como fazer compras, dirigir, caminhar, praticar esportes, ler, cuidar de crianças e limpar a casa podem ser bastante afetadas ou até impossibilitadas, conforme a gravidade dos sintomas. “Por esses motivos é que é comum o paciente se sentir inseguro, deprimido e, até, incapacitado”, reconhece Keila Knobel.
Um diagnóstico preciso é imprescindível para a determinação do tipo de tratamento a ser seguido. Dentre os exames mais conclusivos, estão a audiometria e a eletronistagmografia.
Esses testes verificam alterações no funcionamento do ouvido e do sistema vestibular, o tipo e a localização de alguma lesão. O diagnóstico é dado pelo médico com base na história do paciente, no exame clínico e no resultado dos exames pedidos.
De acordo com os especialistas, a tontura pode ser tratada de muitas maneiras, dependendo da causa do problema. Os principais tratamentos incluem medicamentos, reabilitação vestibular e, mais raramente, a necessidade de cirurgia.