Os sintomas são conhecidos: o coração dispara, as mãos tremem e a pessoa sofre um “embrulho” no estômago.
Caso você sinta muita vergonha ou uma ansiedade excessiva na presença de outras pessoas, relaxe, você não está sozinho.
Tudo isso é normal e pode até ser bom para a sua sobrevivência, mas quando esses sentimentos ficam fora de controle, é melhor procurar auxílio médico.
A Fobia Social, como é conhecido esse distúrbio, atinge cerca de 15% da população e é considerado o terceiro transtorno psiquiátrico mais comum, principalmente nas grandes cidades.
Além de trazer uma série de prejuízos para a vida das pessoas, como o isolamento, inadequação em relacionamentos amorosos e profissionais, a doença pode levar à depressão e às crises de pânico.
Segundo o psiquiatra João Artur Borges Wielckerman, a Fobia Social pode ter início em qualquer idade e afeta, indistintamente, homens e mulheres, sem distinção de classes sociais ou profissões.
Apesar de ser mais comum nos homens, são as mulheres que, como sempre, procuram mais o auxílio de um especialista. “Ainda mais nos dias de hoje em que elas estão mais expostas, com novas responsabilidades”, reconhece o médico. Para se tornar, na realidade, uma doença esse sentimento deve ser persistente e irracional, fazendo com que a pessoa opte por um comportamento arredio, dificilmente se relacionando com outras pessoas.
Limitações
O psiquiatra esclarece que é algo como um “eu acho que eles estão falando alguma coisa de mim”. Por isso, a pessoa sofre por antecipação, com medo excessivo de ser rejeitada.
A fobia mais perceptível é o medo de falar em público, que pode ser controlada por meio de terapia cognitiva comportamental em apenas alguns meses. Mas, quando se torna generalizada, ou seja, quando essa supertimidez causa limitações significativas no desempenho social e profissional, é necessário um tratamento psiquiátrico que inclui o uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos aliados à psicoterapia.
Com isso, é possível controlar a ansiedade e melhorar a qualidade da vida do portador. “Só que esse tratamento não tem prazo para terminar”, admite o médico. “Vai depender de cada caso”, completa o especialista.
O importante, na visão de Wielckerman, é que os tratamentos tornem a pessoa mais produtiva e alegre possibilitando o alívio do sofrimento e a retomada do paciente a uma vida normal. Não existe uma causa única para a Fobia Social.
As evidências apontam para uma variedade de fatores, entre eles, os biológicos (desequilíbrio na serotonina, substância neurotransmissora) e ambientais, provocados por vivências traumáticas, entre as quais, a convivência com pessoas ansiosas, ambientes tumultuados ou repressivos.
Mudanças possíveis
Por ser uma doença que causa sofrimento e limitações significativas, o médico afirma ser de suma importância que tanto seus portadores como familiares e amigos conheçam suas manifestações e os diferentes níveis de gravidade.
É comum o paciente buscar refúgio no álcool e drogas para superar a fobia, pois se sente desqualificado. Essa situação pode se tornar emergencial, já que é grande o risco de suicídios entre os portadores da doença.
Nada, porém, que não possa ser mudado com ajuda. E nesse caso, a psicoterapia é o recurso mais procurado. “O objetivo do tratamento é desenvolver melhor seu relacionamento com o mundo e tentar fazer parar de crescer a bola de neve de ansiedade, elevando a auto-estima”, diz o médico, ao explicar que há tímidos e tímidos.
Entre eles, os que conseguem se destacar nos estudos e os que, por vergonha de perguntar e tirar dúvidas, não acompanham seus colegas e acabam abandonando os estudos.
Há, também, os indivíduos que, mesmo muito tímidos, conseguem sucesso profissional em áreas que não exigem relações públicas, enquanto amargam fracassos na vida amorosa.
Buscar ajuda é fundamental
Vista tardiamente pela medicina e pela psicologia como uma doença, verdadeiro distúrbio ansioso, a Fobia Social é uma condição tratável. De acordo com André Astete, coordenador do ambulatório de ansiedade e depressão do Hospital Vita Curitiba diz que psicólogos de linha cognitivo-comportamental desenvolvem programas que vão do treino de habilidades sociais (como iniciar e terminar uma conversa, por exemplo), passando pela exposição/habituação a situações sociais e por fim desenvolvendo maneiras de lidar com preocupações fantasiosas.