Esqueci a minha chave em algum lugar, só que não me lembro onde. Não me recordo em qual revista li alguma coisa sobre isso. Todos nós já vivemos lapsos ocasionalmente e isso acontece com mais freqüência. A perda de memória é um problema que afeta, sobretudo os mais idosos. Mas o fato de a memória perder qualidades com o passar do tempo não quer dizer que nada possa ser feito. Pelo contrário: existem diversos processos que permitem conservá-la.
Segundo a neurologista Nazah Cherif Mohamad Yossef, apesar da tendência que os mais idosos têm para se queixar das perdas de memória, a verdade é que o esquecimento é um fenômeno normal e que acontece em qualquer idade. No entanto, a sua ocorrência é mais freqüente à medida que os anos vão passando. Nem é preciso ficar demasiado angustiado. É até freqüente dizer-se que esquecemos mais facilmente as recordações recentes e que conservamos as mais remotas. E, se por um lado é verdade que a idade significa um declínio da memória, também é igualmente um fato que é possível exercitá-la e alimentá-la.
Hoje em dia ninguém contesta as vantagens da atividade física para a manutenção de uma boa saúde na velhice. O mesmo acontece com a memória. Na realidade, alguns especialistas recomendam a prática de determinados exercícios para melhorar o seu desempenho. Segundo a médica, esse tipo de atividade permite exercitar alguns das componentes que integram a realidade complexa conhecida pelo nome de memória. ?Por este motivo, o melhor é estimular todo o conjunto?, observa. Na verdade, ler, interessar-se pelo mundo que nos rodeia, sair de casa e conversar é muito mais gratificante e útil do que apenas tentar memorizar listas de números ou de palavras.
Lembrar da infância sem esquecer o almoço
A memória recente é a mais afetada pelo envelhecimento. É por isso que muitas vezes se ouve dizer, e não apenas dos mais velhos, que já não se lembram daquilo que comeram ao almoço. Mas isso pode significar apenas distração ou ter mais coisas em que pensar. Conforme os especialistas, a verdade é que os idosos evidenciam maiores dificuldades na aquisição de novas informações. Além disso, podem também evidenciar uma maior fragilidade na memorização de nomes e pessoas e dos lugares de objetos de uso menos habitual.
Para tentar recordar informações recentes, a médica recomenda que se tente fazer associações mentais. Assim, por exemplo, pode-se tentar reconstruir o percurso desde o último momento em que nos lembramos de ter usado os óculos. Talvez então a memória consiga recordar que o telefone tocou e que os óculos estão mesmo ali ao lado.
Nutrição e vitaminas
A memória das coisas mais distantes parece ser mais acessível para os idosos. Quem não teve ocasião de ouvir uma pessoa de 60 ou 70 anos recitar longos poemas que apreendera na escola? Esse tipo de memória preceptiva parece ser pouco afetada pela idade. Na verdade, muitos idosos conseguem recitar longos poemas que aprenderam quando eram pequenos ou até todas as estações da estrada de ferro que nem funcionam mais.
O cérebro humano é um órgão particularmente exigente em matéria de nutrição. Entre os alimentos que não podem ser sintetizados pelo nosso organismo encontram-se os ácidos gordos insaturados. Assim, esse tipo de gorduras, de que os óleos vegetais são ricos, só pode ser fornecido ao cérebro por meio da sua inclusão na dieta alimentar.
O cérebro precisa ainda ser alimentado com outras substâncias como as proteínas e certo tipo de açúcares presentes nos cereais e nas féculas. Por último, as vitaminas são nutrientes sem os quais o cérebro não pode passar. As vitaminas do grupo B são particularmente importantes. Aliás, os sintomas de deficiência em vitamina B1 são uma imediata diminuição da eficácia da memória.