Terapia e antidepressivos ajudam no controle da Síndrome de Tourette

Qualquer ato repetido compulsivamente é considerado um tique nervoso, como um piscar de olhos, um movimento da cabeça ou até uma fungada. O problema maior é quando esse hábito vira alvo de chacota, o que pode ter conseqüências sociais sérias para a pessoa. Existem dois grupos de tiques: os vocais (emitir grunhidos, gemidos; assobiar, pigarrear ou fungar) e os motores (piscar sem parar, fazer caretas, balançar a cabeça, entortar a boca, estalar a língua ou ranger os dentes durante o dia). Para se ter uma idéia da falta de controle do tique, o neurologista João Carlos Papaterra Limongi, do departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas, em São Paulo, compara a sua urgência à de um espirro.

"A causa, geralmente, é genética, e os estados de ansiedade podem intensificá-los", explica o psiquiatra Tito Paes de Barros Neto, médico supervisor do Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Ou seja: os portadores de tiques não são mais ansiosos do que o resto dos mortais, mas, quando estão sob tensão, não conseguem controlar a repetição de certos movimentos ou sons.

O tratamento envolve a terapia comportamental e, em alguns casos, medicamentos antidepressivos. "Com a terapia, a ansiedade é aliviada e a pessoa vai aprendendo a lidar com o tique", explica o psiquiatra. As crianças são as principais portadoras de tiques nervosos simples, que costumam ter caráter transitório. Mas estes podem voltar na idade adulta, numa situação de estresse extremo.

O curioso é que muita gente cria um mecanismo de compensação. Por exemplo: se balança muito a cabeça, também passa a fungar depois, para desviar a atenção das pessoas. "No final, acaba incorporando mais esse tique", alerta o psiquiatra.

Apesar de o assunto ainda ser pouco estudado, sabe-se que os homens são mais acometidos por tiques do que as mulheres – principalmente com relação à doença chamada de Síndrome de Tourette. Nesse caso, a pessoa agrega tiques vocais e motores ao mesmo tempo. O problema é crônico, mas pode ser controlado com orientação médica. "O portador pode ficar batendo o pé no chão, rodando, fazendo movimentos estranhos ou até balançando os ombros e falando palavrões sem parar. É um comportamento mais alucinado", explica Barros Neto. Cerca de 1% da população mundial é afetada pela doença, que pode ter diversos graus.

Para quem busca mais informação, uma boa fonte é o livro "Tiques, Cacoetes, Síndrome de Tourette", dos psiquiatras Ana Hounie e Eurípedes Miguel (Editora Artmed), pesquisadores do Projeto Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo (PROTOC), do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). "Até 20% das crianças de 5 a 11 anos têm tiques nervosos", informa Ana Hounie.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo