Quando a boca cala, o corpo fala. Esse dito popular é a base para explicar o princípio da terapia comunitária, que trabalha a saúde mental de forma preventiva. A técnica nasceu há 18 anos, no Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará, e hoje conta com 6 mil terapeutas comunitários atuando em mais de vinte estados. Em Curitiba estão sendo capacitados os primeiros profissionais para atuar na área, e amanhã, na Vila das Torres, acontece a primeira sessão de terapia comunitária.

O criador da técnica, psiquiatra Adalberto Barreto, conta que esse tipo de trabalho busca criar redes solidárias entre as pessoas. “A maioria dos que procuram um profissional precisa apenas ser ouvida, e uma percentagem bem pequena precisa de medicamentos no tratamento”, disse. A técnica da terapia comunitária consiste em reunir grupos de cem ou 150 pessoas em um único local, quando todos expõem os problemas e o grupo troca opiniões sobre como lidar com as situações. “Muitos identificam situações semelhantes e acabam vendo que aquele problema que lhe causa tanta dificuldade também acontece com outras pessoas que conseguem resolver tudo de forma simples. É na verdade um grupo de auto-ajuda”, falou Barreto.

O trabalho é dirigido por dois terapeutas, geralmente pessoas sem formação acadêmica que trabalham junto às comunidades. Segundo Barreto, 80% das pessoas conseguem resolver seus problemas nas sessões comunitárias, e apenas 20% vão para os consultórios fazer um tratamento. “Isso demonstra que as pessoas apenas precisam ser ouvidas”, avaliou. A maioria dos problemas apresentados nas terapias envolve relações familiares. O psiquiatra disse que a técnica apresenta como principal vantagem a prevenção de doenças, além disso, a redução de custos com consultas, medicamentos e a não dependência de produtos químicos.

De acordo com Adalberto Barreto, a terapia comunitária vem sendo ofertada como curso de extensão, mas já existe a intenção de transformá-la em especialidade. Ele afirmou que a proposta não é substituir profissionais da psiquiatria ou psicologia, e sim, criar redes de pessoas capacitadas que atuem nas comunidades. Barreto disse que já apresentou a técnica na França e Estados Unidos, onde também teve uma boa receptividade.

Serviços – Adalberto Barreto profere palestra sobre terapia comunitária hoje, às 19h30, na Sociedade Paranaense de Pediatria. Informações: (41) 338-8855. Amanhã haverá sessão, às 14h30, no Colégio Nossa Senhora Esperança, na Rua Aquiliano Orestes Bagliolli, 155. A entrada é franca

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