Temperaturas acima da média elevam risco de AVC

Neste final de verão, as temperaturas acima da média frequentemente registradas para o sul do Estado do Paraná, mais do que incômodo, são fatores iminentes de distúrbios e doenças graves, entre elas o acidente vascular cerebral – AVC. Os termômetros nas alturas são responsáveis por desidratação, arritmias cardíacas e diminuição da pressão arterial, fatores que, combinados, se configuram em um possível estopim para o surgimento das doenças que mais matam no Brasil.

Estudos do médico americano Eugene Rogot apontam que em regiões tradicionalmente quentes, as temperaturas ideais situam-se entre 26ºC e 32ºC. Quanto mais os termômetros se afastam desses dois extremos, maiores são as chances de se desenvolver um AVC.

Calor semelhante ao encontrado nos últimos dias provoca a diminuição da pressão arterial devido ao dilatamento das artérias. O sangue, por sua vez, torna-se mais viscoso e com maior densidade nas células sanguíneas responsáveis pela coagulação.

Tais complicações fazem aumentar os casos de trombose, uma situação em que se formam coágulos no interior das artérias, conseqüentemente obstruindo-as e interrompendo o fluxo de sangue.

Obstrução ou ruptura

O neurologista Rubens José Gagliardi, vice-presidente da Academia Brasileira de Neurologia, membro do Departamento de Doenças Cerebrovasculares da instituição, orienta que com temperaturas mais quentes é bom evitar o consumo de carne vermelha e manter uma boa ingestão de líquidos, para uma correta hidratação.

De acordo com o especialista, esse período do ano é fortemente marcado pela desidratação. “É importante ingerir muito líquido, investir em alimentação leve e se abrigar do sol. O consumo de bebidas alcoólicas, no entanto, é desaconselhado, uma vez que ajuda a desidratar o organismo”, orienta, salientando que pessoas que fumam ou sofrem de elevadas taxas de colesterol devem ter atenção redobrada, pois apresentam maior chance de ser vítima de um acidente vascular cerebral.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), das quinze milhões de pessoas no mundo que sofrem de um AVC a cada ano, mais de cinco milhões morrem em decorrência da doença. O AVC decorre da alteração do fluxo de sangue no cérebro.

Responsável pela morte de células nervosas da região cerebral atingida, o distúrbio pode se originar de uma obstrução de vasos sanguíneos, o chamado acidente vascular isquêmico ou de uma ruptura do vaso, conhecido por acidente vascular hemorrágico.

Questão de tempo

As complicações do AVC podem ser evitadas por uma assistência especializada, com a utilização de equipamentos que possibilitem o diagnóstico com rapidez. “O AVC é considerado uma emergência médica, pois o atendimento precisa ser realizado em um curto espaço de tempo”, afirma a neurologista Cláudia Baeta Panfilio.

A médica enfatiza a necessidade urgente de o paciente não ficar esperando os sintomas passarem ou “consultar” um farmacêutico, pois para se ter sucesso no atendimento emergencial, o derrame precisa ser combatido desde os primeiros sinais. “Reconhecer e tratar rapidamente um caso de AVC é um dos grandes desafios de quem lida com saúde”, reconhece a especialista.

Um importante avanço no tratamento do acidente vascular cerebral isquêmico foi o desenvolvimento de novas terapias capazes de dissolver o coágulo, como os trombolíticos, e restaurar o fluxo sangüíneo para o cérebro.

Alguns tratamentos funcionam melhor se administrados até três horas após o início dos sintomas. O tratamento da hemorragia cerebral também é mais eficiente quando o paciente tem atendimento nas primeiras horas.

Infelizmente, a maioria dos pacientes não chega ao hospital em tempo de receber essas formas de terapias. De qualquer modo, todo paciente deve ser encaminhado ao hospital o mais rapidamente possível, para receber tratamento apropriado.

Os procedimentos diagnósticos r,ealizados no hospital são fundamentais para diferenciar o acidente vascular cerebral de outras doenças igualmente graves e com sintomas semelhantes.

Fatores preveníveis

A maioria dos fatores de risco para AVC é passível de intervenção e correção. Entre os fatores de risco que podem ser
prevenidos estão:

* Hipertensão
* Diabetes
* Tabagismo
* Consumo abusivo de frequente de bebidas alcoólicas álcool
* Consumo de drogas ilícitas
* Estresse
* Colesterol elevado
* Sedentarismo

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