A dona de casa Helena Maria Felisberto, de 47 anos de idade, casada e mãe de três filhos, buscou auxílio médico para investigar as causas de inchaço nas pernas e vômitos que a deixavam preocupada. O diagnóstico foi de assustar: estenose mitral (estreitamento da válvula do coração que fazia aumentar a resistência ao fluxo sanguíneo). A dona de casa foi orientada a passar por um procedimento cirúrgico. ?É claro que fiquei assustada, ainda mais por ter que passar por uma cirurgia cardiovascular?, admitiu.

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Helena se submeteu, então, a uma técnica que utiliza os mesmos procedimentos de incisão realizados em cirurgias plásticas para a colocação de próteses de silicone. De acordo com o cirurgião cardíaco Robinson Poffo, coordenador de um grupo de médicos de Joinville (SC) que introduziu o método no Brasil, uma das principais diferenças entre esse novo método e o convencional é que a operação pode ser feita pelo mamilo do paciente, tanto de mulheres quanto de homens. ?O procedimento é vídeo-assistido e minimamente invasivo?, enfatiza o médico graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, com residência em cirurgia cardiovascular na Santa Casa de Misericórdia de Curitiba e mestre pela Universidade Federal do Paraná.

Menos traumática

De acordo com o especialista, o método pode ser aplicado para problemas nas válvulas cardíacas, arritmias e algumas cardiopatias congênitas. A cirurgia cardiovascular feita pelo mamilo privilegia a estética feminina, diminuindo traumas e o período de recuperação. Com efeito, além da segurança em resolver um problema de saúde e se beneficiar com uma rápida recuperação, as mulheres que passaram pela cirurgia também ficaram felizes com as mínimas cicatrizes deixadas pela nova técnica.

Após a cirurgia, Helena Maria Felisberto chegou a procurar um cirurgião plástico e teve uma boa notícia. ?Ele me garantiu que não seria necessário fazer uma plástica, pois a cicatriz desaparecia naturalmente?, comentou, comprovando, hoje, depois de seis meses da cirurgia, a existência de discretos pontos no mamilo. A dona-de-casa deixou o hospital em sete dias, liberada para realizar algumas atividades do dia-a-dia.

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No procedimento, o cirurgião Robinson Poffo, que trouxe a técnica de Leipzig, na Alemanha, explica que são introduzidos instrumentos especiais e uma micro câmera, por meio de pequenos orifícios, no peito e na virilha do paciente. As imagens são transmitidas em tempo real para um monitor de vídeo de alta definição, o que permite ao médico ter uma visão ampliada, de aproximadamente 10 vezes o tamanho normal. ?Pelo novo método, o trauma – natural em uma cirurgia importante como esta – é bem menor, o que torna a intervenção esteticamente menos agressiva?, avalia.

Centro de referência

Além dos benefícios estéticos, o uso da técnica minimiza os cortes, evita hemorragias, inflamações e dores. De acordo com Poffo, no método tradicional o paciente fica internado por, no mínimo, 10 dias e só pode voltar a dirigir, por exemplo, depois de 45 dias de recuperação. Com essa nova técnica, a internação diminui para sete dias e com dez dias o paciente já pode dirigir normalmente. Após esse período, conta o médico, pacientes já fazem as mesmas atividades praticadas anteriormente, como caminhar, andar de bicicleta ou trabalhar, entre outras.

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As primeiras cirurgias foram realizadas em Joinville e, passados vários meses, todos os pacientes operados demonstraram ótima recuperação e adaptação à nova técnica. De acordo com o grupo de médicos, já foram realizadas cirurgias de correção de arritmias e cardiopatias congênitas, com absoluto sucesso, através desse método. ?A nossa intenção é criar um centro de referência e treinamento, para disseminar esses conhecimentos e possibilitar que mais pacientes tenham acesso a essa cirurgia menos invasiva e traumática?, completa Poffo.

Procedimento

Além de diminuir o tamanho do corte de 30 cm para 4 cm, a cirurgia cardíaca por videotoracoscopia apresenta como vantagens o menor tempo de cicatrização e a menor manipulação do músculo cardíaco. A operação consiste basicamente em uma incisão no lado direito do tórax. Equipamentos como tesouras ou pinças especiais para essa cirurgia entram no espaço entre as costelas. A câmera que vai guiar o procedimento é introduzida por outro pequeno orifício, no mamilo ou aberto abaixo da axila.

Assim como na cirurgia tradicional, durante a operação, a circulação sangüínea funciona por meio de uma máquina. Segundo Robinson Poffo, a cirurgia serve, principalmente, para curar problemas de válvulas, arritmias e algumas doenças que a pessoa porta desde o nascimento, como comunicações interatriais. De acordo com o cirurgião cardíaco Pablo Pomerantzeff, do Instituto do Coração (SP) a disseminação da operação é positiva por ser menos invasiva, mas que a incisão na auréola requer cuidados e o acompanhamento de um cirurgião plástico.

Vantagens da nova técnica

>>    Menor tamanho da incisão

>>    Diminuição do trauma cirúrgico

>>    Menor tempo de recuperação

>>    Prazo reduzido para voltar às atividades normais

>>    Melhor efeito estético

>>    Menor custo de hospitalização