Os ideais de masculinidade podem prejudicar a saúde do homem. É o que afirma um ensaio publicado recentemente na revista Ciência e Saúde Coletiva, intitulado Sexualidade Masculina e Saúde do Homem: Proposta para uma Discussão. O texto, escrito pelo pesquisador do Instituto Fernandes Figueira (IFF-Fiocruz) Romeu Gomes, mostra que a sexualidade masculina, quando não é devidamente abordada, pode comprometer a saúde do homem, revelando dificuldades no que se refere à promoção de medidas preventivas. É o que acontece, por exemplo, na prevenção do câncer de próstata, cujo exame mais comum de detecção da doença, o toque retal, se transformou num tabu para uma grande quantidade de homens. De acordo com Gomes, a temática já é discutida há alguns anos pelas ciências sociais e tem a ver com a construção da identidade masculina: “Na construção do que é ser homem pode estar embutido, de forma contraditória, justamente o não cuidar de si, porque ser homem é ser alguém que é poderoso, imbatível, então isso faz com que muitos não busquem cuidados”, afirma. No Brasil, o câncer de próstata é a segunda maior causa de mortes por câncer entre a população masculina, perdendo apenas para o câncer de pele não-melanoma. A detecção precoce da doença é fundamental para que aumentem as possibilidades de cura e, entre as medidas preventivas, o toque retal ainda é a mais utilizada no País, já que o exame permite encontrar nódulos pequenos e avaliar a extensão local da doença.

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