Assim, o simples fato de acender um cigarro provoca uma infinidade de prejuízos. Além da comprovação de que o tabagismo está associado com doenças crônicas graves e fatais, o cigarro não representa problemas só para a saúde, mas para o desenvolvimento econômico e social em todo o mundo, fato comprovado por estudos do Banco Mundial, que indicam que a droga vem impondo uma carga cada vez mais pesada sobre os países em desenvolvimento.
Fumantes passivos
A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres), sejam fumantes. Também, conforme dados da OMS, perto de 5 milhões de pessoas no mundo morrem, a cada ano, por doenças desencadeadas ou agravadas pelo tabagismo. Assim, o tabagismo mata mais que a soma das mortes por aids, tuberculose, acidentes de trânsito, suicídios e homicídios.
Quanto às questões de saúde, no Brasil, dados do Instituto Nacional do Câncer revelam que, entre todos os tipos de câncer, o de pulmão é o que mais faz vítimas. ?Com o abandono do vício e um diagnóstico precoce, muitas dessas vidas poderiam ser salvas?, explica o cirurgião torácico Antônio Malucelli. Estima-se que, no Brasil, a cada ano, 200 mil pessoas morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo, número que, segundo o especialista, não pára de aumentar.
Os malefícios do fumo não se restringem aos fumantes, mas repercutem de forma importante em quem convive com eles. ?O fumante passivo é aquele que não fuma voluntariamente, não é viciado, mas atravessa longo período de vida entre fumantes, seja no trabalho, no lar ou em outros ambientes?, esclarece o médico. Os danos à saúde são da mais variada ordem, dependendo do tipo de situação em que está em contato com a fumaça do cigarro.
Controle do tabaco é discutido no PR
No município paranaense de Irati, aconteceu uma audiência pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) que discutiu os termos da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, o primeiro tratado internacional de saúde pública da história no qual os países signatários concordam em empreender esforços para proteger as gerações presentes e futuras das conseqüências sanitárias, sociais, ambientais e econômicas geradas pelo consumo de tabaco e pela exposição à fumaça do cigarro. Para o vice-presidente da CRA, senador Flávio Arns (PT-PR), o debate direto com os produtores de fumo é fundamental, pois ajuda os parlamentares a aprimorarem a discussão sobre a ratificação da convenção pelo Congresso Nacional, que deve acontecer, impreterivelmente, até o dia 7 de novembro deste ano para que o país participe das ações de combate mundial ao tabagismo.
O que estabelece a Convenção
– Proibição de fumar em locais públicos fechados e restrições à publicidade.
– Financiamentos para que produtores de fumo se dediquem a outra cultura.
– Medidas para que o cultivo do tabaco e a produção de fumo respeitem o meio ambiente.
– Política tributária e aumento do preço do fumo.
– Programas de tratamento de dependência da nicotina.
– Combate sem tréguas ao contrabando.
– Restrição do acesso dos jovens ao tabaco.
– Inclusão das questões de responsabilidade civil e penal para quem infringir as políticas de controle do tabaco.
Conforme dados do Perfil da Agropecuária Paranaense SEAB/2003, o Paraná participa com 17% da produção nacional do fumo. A produção de fumo se concentra nas regiões de Irati (24%), Francisco Beltrão (17%), Ponta Grossa (16%), Cascavel (12%) e União da Vitória (8%). A atividade gera 82 mil empregos no Estado, além de 27 mil empregos sazonais no período de colheita.