| Foto: João de Noronha/Tribuna |
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Com a promessa de ganhar mais energia, força ou músculos aparentes, malhadores ingerem diariamente pílulas, shakes e barrinhas com altas concentrações de proteínas, carboidratos e outros nutrientes. Apesar de comum entre freqüentadores de academias, o consumo de suplementos alimentares vendidos em lojas especializadas não é indicado.
O médico Eliseu Portugal reprova a prática e alerta para os riscos de hipervitaminose. ?Apesar de importados e caros as pessoas se arriscam comprando produtos sem nenhum acompanhamento. E isso pode alterar o equilíbrio do organismo e predispor a doenças.?
E olha que ele sabe o que fala. Toma suplementos há 20 anos, e exibe orgulhoso os músculos bem delineados. ?Quando comecei a malhar me interessei pelo assunto e fui estudar. Também já comprei nessas lojas, mas hoje faço o certo. Vejo no exame se falta algum nutriente e, se preciso, reponho?, ensina.
O exame para constatar a falta de algum nutriente no organismo é feito através do sangue e se chama mineralograma.
Custa cerca de R$ 100,00. Mas segundo o professor de Educação Física Luciano Silva de Paula, o preço não é o problema. ?As pessoas são imediatistas. Elas querem pular a avaliação física, a consulta com uma nutricionista ou mesmo um médico e ir direto para os pontinhos que prometem milagres?, analisa.
O professor é especialista em musculação e diz que não existe nenhum estudo que comprove que os suplementos dão mais resultado do que um exercício bem-feito. ?Na maioria dos casos, uma boa alimentação é o suficiente para suprir os requisitos necessários para a prática de esportes?, resume de Paula.
Ele explica uma hora de treino por dia requer a reposição apenas de água.
A suplementação alimentar passa a ser importante para atletas profissionais, que treinam até oito horas por dia, ou pessoas que se exercitam mais de uma hora e meia, cinco vezes por semana.
E esses devem procurar um profissional especializado para identificar as carências e o melhor suplemento.
Portugal diz que manipuladas, essas mesmas substâncias são muito mais baratas que as encontradas nas lojas. ?Mas não é só com a economia de dinheiro que as pessoas devem se preocupar, é com o ganho de saúde que essa conscientização implica.?
Avaliação corporal deve ser criteriosa
Luciano Silva de Paula
| Foto: Chuniti Kawamura/Tribuna |
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| Professor Luciano é contra o imediatismo. |
Uma tendência entre esportistas é o uso dos suplementos alimentares para a melhorar a performance, estética corporal e prevenção de alguns tipos de doenças. Dentre estes recursos ergogênicos encontraremos mais de 624 tipos diferentes. E os praticantes de atividade física que não se enquadram como atletas de alto nível, devem cuidar com a seleção desses suplementos, já que eles apresentam uma facilidade no aumento da ingestão calórica total: um atleta de alto nível deve ter uma ingestão calórica maior, por treinar mais intensamente, do que o praticante de atividade física que busca a melhora da sua qualidade de vida.
Os suplementos podem ser divididos em macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e micronutrientes ( vitaminas e minerais).
Os carboidratos, atuam na melhora da performance antes do treino e na recuperação muscular pós treino. Como suplementos vêm como maltodextrina, dextrose, sports drinks e nos alimentos na forma de cereais, massas, raízes e frutas. Proteínas, trabalham na manutenção e construção do tecido muscular lesado devido a realização de um treinamento intenso.
Os suplementos são albumina do ovo, caseinato de cálcio, proteína hidrolisada de soja, whey protein (proteína do soro do leite), animal pack e aminoácidos (forma primária da proteína) BCAA. Nos alimentos estão nas carnes, leites e seus derivados.
Gordura ou lipídio são nutrientes essenciais que oferecem energia melhorando o desempenho na atividade física, mas se ingerido em grande quantidade atrapalha na estética corporal (visualização da musculatura), fonte de vitaminas lipossolúveis é, também, responsável pela sensação de saciedade e palatabilidade dos alimentos. Estão nas castanhas, grãos, óleos vegetais e produtos de origem animal. Sendo que as gorduras possuem um total de 9 kcal de energia por grama o que equivale ao dobro dos carboidratos e proteínas que possuem cada um 4 kcal de energia por grama.
As vitaminas aparecem nos alimentos naturais em pequenas concentrações e nos suplementos (Animal Pack e polivitaminicos), não podendo ser sintetizados pelo organismo, necessitando assim de uma dieta equilibrada, sendo que a sua baixa concentração no organismo atrapalha o desempenho atlético, recuperação muscular e, em alguns casos, reduz a resistência as infeções.
Existe no mercado uma outra classe de substâncias que auxiliam a perder gorduras e diminuir a retenção hídrica do organismo, sendo encontrados nas formas naturais: cafeína (efeito diurético), algumas ervas (chá de multiervas, efedrina) e até mesmo como vitaminas hidrossolúveis tais como a vitamina C e B6, que possuem um efeito levemente diuréticos. Na forma de suplementos são o CLA, L-Carnitina, Fat Burners e Termogênicos (atuam no aumento da temperatura corporal).
Para quem pretende iniciar uma atividade física o importante é realizar uma avaliação corporal criteriosa com um profissional credenciado de Educação Física ou Nutrição para que desta maneira conheça o seu corpo e saiba qual é o gasto calórico que desempenha em relação a sua massa muscular e tipo físico. Só assim terá a orientação necessária para praticar atividade física e utilizar melhor os nutrientes e vitaminas vindos dos alimentos ou suplementos alimentares.
Luciano Silva de Paula é formado em Educação Física (CREF 008723-G/PR), personal trainer e professor de musculação da Academia OxyPlace.
Mlhação x Suplemento
Uma pesquisa feita nos Estados Unidos apontou que 70% dos praticantes de atividades físicas tomam algum tipo de suplemento. A porcentagem aumenta para 100% entre os praticantes de musculação das academias. Não existe uma pesquisa semelhante no Brasil, mas é fácil entender a paixão dos malhadores pelos suplementos. Não há dúvida que eles são capazes de mudar o corpo, evidenciando músculos em poucos meses.
Lógico que é possível conseguir o mesmo resultado combinando dieta e treino, mas quem quer esperar? ?Funciona mais ou menos assim: com anabolizante você ganha massa em um mês, mas coloca a saúde em risco. Com suplementos você consegue isso em quatro meses e só com dieta vai levar um ano?, explica Flávio Ayres Cassiano, 24 anos, dono dos músculos estampados acima.
Quando começou a usar os suplementos – há quatro anos -Cassiano tinha uma meta: mudar o corpo. ?Eu tinha 1,74 de altura e 55 quilos. Era franzino e isso me deixava inseguro?, lembra. Hoje, com 89 quilos, 10% de gordura, ele se prepara para exibir os músculos em torneios de fisiculturismo.
A vaidade venceu a timidez e o moço assume o orgulho com dedicação diária na academia. O treino – depois do trabalho e antes da faculdade – dura uma hora e meia, de segunda a sábado.
?No domingo eu faço atividade aeróbica correndo duas horas pelo menos?, conta o atleta.
Cuidados
Cassiano se interessou por suplementos conversando com outros fisiculturistas na academia que freqüentava em São Paulo. Consultou um professor de Educação Física para elaborar um treino específico para ganho de massa muscular. Recebeu orientação sobre o que comer e seguiu a dieta com suplementos.
Desde que incluiu shakes e cápsulas diversas nas atividades diárias ele monitora seu organismo com check-ups médicos anuais e avaliações físicas na academia.
?Tomo mais de dez cápsulas por dia, cinco shakes, mas também sigo uma dieta balanceada e malho muito, com orientação profissional. Sem isso a gente não consegue ter segurança?, explica.
Palavra de quem está começando a usar
| Foto: Chuniti Kawamura/Tribuna |
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| Cyntia e Rodrigo, emagrecer. |
Rotina corrida é a justificativa de Cynthia Rocha e Rodrigo Roza para aderir aos suplementos. Sócios numa empresa de eventos, faz um mês que decidiram mudar de vida emagrecendo, fazendo exercícios e alimentando-se melhor. Só os nutrientes que vêm em cápsulas custam mais de R$ 200,00 por mês.
?Sem os suplementos a gente não teria conseguido eliminar três quilos em duas semanas?, garante Roza. Cynthia completa: ?não é mágica. A gente está malhando todos os dias, controlando a alimentação e usando os suplementos?.
Eles tiveram acompanhamento profissional para escolher os suplementos e seguem à risca as recomendações. Comem de três em três horas e antes do treino tomam termogênicos (que aumentam a temperatura do corpo para queimar mais gordura), energético, aminoácidos e um shake de proteína. Depois do treino, mais cápsulas para não absorver gordura e aminoácidos.
Cynthia afirma que perdeu gordura e ganhou mais disposição. ?Nunca tinha pensado em tomar nada dessas coisas, mas agora que descobri os benefícios não vou parar?, anima-se a empresária.