Conforme pesquisas realizadas nos últimos tempos, os níveis elevados de stress emocional aumentam a suscetibilidade a doenças como o câncer. Caso esteja em estado crônico, o stress pode provocar supressão do sistema imunológico gerando vulnerabilidade. Outros elementos são apontados como causas do câncer por Simonton (1987): morte do cônjuge, divórcio e demissão de trabalho. Não somente as situações negativas causam stress. As positivas também, como gravidez, sucesso pessoal extraordinário e férias, pois são experiências que trazem mudanças de hábitos, no modo de estabelecer relações e na auto-imagem, requerendo do indivíduo capacidade de se adaptar a mudanças.
Contextualização. O câncer é causa importante de mortalidade em todo mundo. Segundo o INCA – Instituto Nacional de Câncer (2002), no Brasil, é a segunda causa de morte, atrás somente das doenças cardiovasculares. O nome câncer foi dado por Hipócrates, que viveu entre 460 e 370 a.C. Ele utilizou os termos carcinos e carcinoma para descrever tumores, que em grego significam caranguejo, pois o aspecto do tumor e as projeções dos vasos sangüíneos próximos lembram patas do crustáceo. Entre 130 e 200 d.C., o médico romano Galeno se tornou a maior referência no tratamento do câncer, determinando que era incurável. Somente no Renascimento, século XV, é que a medicina começou a evoluir.
No século XVIII, o modo incurável com que a doença era encarada começou a se modificar com John Hunter, cirurgião escocês. Ele sugeriu que alguns tipos de câncer podiam ser curados por meio da cirurgia. Mas foi no século XIX que surgiu a oncologia moderna (estudo dos tumores), com a descoberta da célula. O médico alemão Matthias Schleiden apontou o câncer como resultado da divisão de células doentes. A seguir desenvolveu-se a mastectomia radical (extirpação da mama, músculo peitoral maior e menor e esvaziamento axilar radical). Em 1896 os pesquisadores lançaram as bases da hormonioterapia, o uso de substâncias que têm como função inibir a ação hormonal do estrógeno (hormônio natural feminino que alimenta o tumor). No século XX as pesquisas ganharam força e as descobertas se tornaram mais promissoras. Em 1980 foi identificado o primeiro oncogene (gene envolvido no processo de origem do câncer), e muitas outras descobertas vêm sendo realizadas atualmente.
Causas. As causas do câncer ainda não foram inteiramente estabelecidas. Segundo Messa (2002), o agrupamento de células produzidas pelo corpo humano constitui ossos, músculos e pele. Elas crescerão, se reproduzirão e morrerão, sendo a garantia do equilíbrio e do funcionamento do organismo. Caso esse processo não ocorra de modo ordenado e equilibrado, uma célula normal pode se alterar e o material genético é danificado. O material genético é formado pelo DNA (ácido desoxirribonucléico) e se localiza no núcleo da célula. Ele carrega os genes responsáveis pela produção de proteína, define a estrutura do corpo e confere as características físicas de cada indivíduo.
Três estágios da doença. Estágio de iniciação, no qual as células sofrem o efeito dos agentes cancerígenos que provocam mudanças em alguns dos seus genes; estágio de promoção, no qual as células iniciadas sofrem as conseqüências dos agentes cancerígenos que provocam a alteração de alguns genes; estágio de progressão, caracterizado pela multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas (Ministério da Saúde, 1996).
Tratamento quimioterápico. De acordo com Ayoub (2000), o objetivo primário da quimioterapia é “destruir as células neoplásicas através de drogas que atuam nos processos de divisão celular. Contudo tem efeitos sistêmicos, lesando não só as células malignas como também as normais”. O tratamento ocorre com a aplicação de um ou mais quimioterápicos. Pode causar náuseas, vômitos, diarréias ou obstipação e conseqüentemente mucosites, infecções, sangramentos, inapetência, desnutrição e distúrbio hidroeletrolítico.
Enfrentamento. Diante de situações de risco como o câncer e o próprio tratamento quimioterápico, as pessoas utilizam primeiramente o mecanismo de defesa da negação, recusando aceitar auxílio e agindo como se nada estivesse ocorrendo. Em segundo lugar, se a pessoa quer voltar a ter uma vida satisfatória, precisa que aceite sua vida de acordo com a perda e isso depende da personalidade do (a) paciente, da natureza da perda e do significado que a perda tem em seu contexto pessoal. (Messa, 2002)
Segundo Smeltzer e Bare (1998), o fato de viver uma enfermidade significa estar de frente com sentimentos estressantes. Paciente e família precisam se adaptar aos mais diversos estágios que a enfermidade traz. O tratamento exige realização de exames que provocam ansiedade e aflição, além do medo de alterações no corpo, que se originam do processo patológico e de como as pessoas o vêem.
Contudo, para Leshan (1992), vivenciar o câncer não quer dizer estar diante de um aviso de morte, mas da mudança de vida. Ao se vivenciar uma doença grave, a pessoa precisa buscar autoconhecimento, avaliar sua postura diante da vida e de algumas situações que esta lhe apresenta e resgatar princípios que se mantiveram esquecidos em função de interesses materialistas que nortearam sua caminhada.
Zélia Maria Bonamigo é jornalista, especialista em Mídia e Despertar da Consciência Crítica. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do
Paraná.zeliabonamigo@terra.com.br