Sobrecarga física contribui para fratura óssea

O termo reações de estresse foi criado para descrever as contínuas modificações que ocorrem no metabolismo ósseo em resposta às cargas aplicadas sobre eles durante algum esforço físico.

O osso é uma estrutura viva e se modifica para adaptar-se às cargas do treinamento, mas tais situações nem sempre são suficientemente rápidas e eficientes. Assim, a fadiga muscular observada nas situações de sobrecarga física contribui para o desencadeamento das fraturas por estresse.

Não importa se é um atleta profissional, de fim de semana ou iniciante em academia de ginástica. Todos, assim que perceberem qualquer tipo de desconforto, devem procurar auxílio especializado e investigar melhor, afinal a fratura por estresse chega de mansinho e de forma silenciosa.

“É como um clipe metálico que se quebra após ter sido utilizado inúmeras vezes para prender papel”, compara o ortopedista Edílson Thiele, salientando que a fratura ocorre em consequência de uma sobrecarga de exercícios repetitivos.

Microfraturas

Conforme o especialista, o sinal indicativo do problema é uma dor que varia de moderada a intensa, dependendo da articulação atingida. E, o que é pior: esse tipo de lesão demora a ser diagnosticada.

Nos atletas amadores e mesmo nos profissionais, as fraturas por estresse têm várias causas, entre elas, o aumento da carga aplicada ao osso, o aumento de repetições do exercício, e o cansaço muscular excessivo que desequilibra o apoio dos membros e causa uma sobrecarga maior nas articulações.

“Além disso, a prática de esportes em superfícies duras e o uso inadequado de calçados também agravam o problema”, ressalta. A história do paciente com fraturas por estresse é marcada pelo início da dor de pequena intensidade, sem estar associada a qualquer traumatismo ou acidente.

A dor faz com que o atleta modifique as condições de treinamento, aumentando os intervalos entre as séries de exercícios e diminuindo a velocidade ou a duração da corrida. Esportistas que são obrigados a executar movimentos repetitivos estão mais propensos à doença.

Além de tenistas, maratonistas e jogadores de futebol, bailarinas e militares são os que mais sofrem do problema. O portador sente dor em determinado local, que piora com o apoio ou no caminhar e melhora com o repouso.

As fraturas por estresse começam como microfraturas e são de difícil visualização, pois nos primeiros dias não aparecem no raio-X convencional e só são visíveis quando evoluem para fraturas maiores. Para se detectar mais cedo o problema é necessário uma cintilografia óssea ou uma ressonância magnética.

Tríade

A dor faz com que a pessoa diminua naturalmente a carga de esforços repetitivos, e esse é um sinal importante a ser respeitado. A partir daí, deve-se, sem demora, procurar ajuda especializada.

Para Edílson Thiele a primeira atitude a ser tomada é suspender todos os exercícios e treinamentos. Outra ação é reavaliar as sessões de treinamento, intercalando movimentos e grupos musculares diferentes, a fim de evitar sobrecarga e fadiga.

O tratamento depende do local da fratura. O especialista explica que o objetivo inicial é controlar e diminuir a dor. Algumas vezes, se imobiliza com gesso e, em outras, apenas o enfaixamento e um repouso são suficientes para consolidar a fratura. Os casos mais graves são tratados cirurgicamente.

Nas mulheres, há maior incidência de fratura por estresse, pela redução da absorção de cálcio, devido a treinos de intensidade incorreta, e também pela combinação com regime alimentar restritivo, levando a alterações no ciclo menstrual, que costuma ser o início da doença conhecida como tríade da atleta, problema grave na mulher esportista, já que a amenorréia (ausência da menstruação), prejudica a absorção de cálcio pelo organismo feminino, trazendo complicações à estrutura óssea.

Fatores que aumentam o risco de lesões

Erros de treinamento – aumento brusco ,da intensidade dos treinamentos; intervalo de repouso insuficiente; uso de calçado impróprio; treino em piso inadequado Diabetes ou alterações de tireóide

Tabagismo
Alcoolismo
Causas anatômicas – diferença de comprimento entre as pernas, forma errada de pisar, assimetria muscular

Locais de maior incidência

Pé – As fraturas por estresse são responsáveis por 30% a 35% das lesões nos pés

Tíbia – Saltadores e corredores são os mais atingidos

Fêmur – É mais comum em corredores, pois nas corridas o peso corporal sobre essas estruturas aumenta cerca de 3 vezes

Coluna – Ocorrem, principalmente, com praticantes de salto em altura, arremesso de peso e ginastas, devido a repetição dos movimentos de torção

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