Quando um paciente chega ao consultório médico reclamando de dores em várias partes do corpo, dizendo não agüentar mais tanto sofrimento, ele pode estar acometido de uma doença invisível, mas que causa dores muitas vezes incapacitantes: a fibromialgia. ?Se você não tem dor, não tem fibromialgia?, reconhece Eduardo Paiva, da clínica médica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Ele define essa síndrome dolorosa crônica como uma ?dor no corpo todo, gerada pelo próprio sistema nervoso central, medula e nervos?. O especialista explica que, além da dor, a doença se caracteriza por fadiga, alteração do sono, intolerância ao exercício e, ainda, pela depressão. Esse acúmulo de sintomas e sinais justifica a existência de uma síndrome fibromiálgica.
A exata causa da fibromialgia ainda é desconhecida. A dor pode ser contínua ou se agravar em certos períodos, principalmente à noite. Pontos dolorosos na região da nuca, na musculatura próxima aos ombros, na junção da costela com o esterno, em áreas do cotovelo, junto à musculatura da nádega, nas inserções do fêmur e joelhos. Esses seriam os chamados pontos da dor e que se tornam mais dolorosos com a pressão dos dedos. Segundo o reumatologista Roberto Carneiro, o paciente que sofre da síndrome tem muita dificuldade em conciliar o sono, agravado pelo estresse do dia-a-dia. ?Ele acorda várias vezes à noite e tem dificuldade de voltar a dormir?, destaca.
Tratamento multidisciplinar
Carneiro alerta, ainda, que a sensação de fadiga crônica pode ser confundida com os distúrbios que acompanham os quadros depressivos, já que o portador de fibromialgia desperta pela manhã com sinais de cansaço, muitas vezes, querendo ficar mais tempo na cama, não estando preparado para enfrentar com desenvoltura suas atividades diárias. Para a bancária Adriana Mello, a doença é a responsável pelos piores anos de sua vida. Afastada do emprego, tem sofrido dores insuportáveis, além de ter perdido parte dos movimentos da mão. ?Já tive diversas crises nervosas e fiquei duas semanas sem sair da cama?, resigna-se. É nessa situação que se encontram muitas das vítimas da fibromialgia que, desacreditados ou confundidos com hipocondríacos, acabam, muitas vezes, necessitando da ajuda terapêutica de médicos e psicólogos.
Um quadro clínico similar ao da fibromialgia pode acompanhar outras doenças do tecido músculo-esquelético. De acordo com Roberto Carneiro, a doença em sua fase primária tem tratamento médico, farmacológico e físico que deve ser orientado por um especialista. ?A resposta terapêutica é boa desde que o tratamento seja adequado, principalmente no seu tempo de resolução?, ressalta o médico.
Nos casos mais graves, o tratamento pode exigir a utilização de alguns métodos associados aos medicamentos indicados pelos médicos. Entre eles, massagens, exercícios de RPG e Pilates, além da acupuntura. Para a reumatologista Evelin Goldenberg, é importante lembrar que episódios agudos podem voltar a ocorrer esporadicamente, mas isso não significa que tenha havido uma recaída séria da doença. ?Às vezes, basta corrigir o fator que desencadeou o processo para que o equilíbrio seja retomado?, completa.
Desconhecimento
Devido ao desconhecimento das causas que provocam o distúrbio, a inexistência de sintomas visíveis e o difícil diagnóstico, os doentes são freqüentemente desacreditados. ?Até mesmo muitos médicos não reconhecem a doença prontamente?, adverte Eduardo Paiva. Por isso, consultar vários clínicos até encontrar alguém que se mostre sensível à doença é uma prática freqüente entre os fibromiálgicos.
Difícil convivência
* Dores pelo corpo todo.
* Fadiga.
* Distúrbios do sono.
* Indisposição.
* Imobilidade.
* Falta de concentração.
* Nas mulheres, alterações no ciclo menstrual.
* Depressão.
* Ansiedade.
