Sinal de alerta para otite

No verão, com o aumento da temperatura, nada melhor do que um mergulho no mar ou piscina para se refrescar. Muitos aproveitam esse período de férias escolares para programar viagens a hotéis e resorts onde as piscinas são, sem dúvida, as principais atrações. No entanto, tantos mergulhos e banhos podem deixar a sensação de que existe água dentro do ouvido, sinal de que algo não está bem. De acordo com a otorrinolaringologista Márcia Bilecki, os canais auditivos são locais apropriados para o desenvolvimento de infecções por serem locais quentes e escuros e por terem o formato de ?conchas? coletoras de água.

Essas características, aliadas às condições ambientais desfavoráveis como a presença de bactérias e fungos nas águas nos locais de banho, em conjunto com uma predisposição pessoal, descreve a médica, poderão levar a um quadro infeccioso, conhecido por otite externa -um tipo de infecção que acomete o canal externo do órgão auditivo. Conforme o ex-presidente da Sociedade Brasileira de Otologia, Sady Selaimen da Costa, apesar de os riscos estarem presentes em todas as estações, o perigo se intensifica no verão, por causa da maior umidade do ar, do calor e dos hábitos assumidos pela população na estação. ?Esses distúrbios afetam tanto adultos quanto crianças e devem ser diferenciados da otite média aguda, que apresenta uma incidência muito maior nos meses de inverno?, descreve o especialista, salientando que crianças de até seis anos de idade são as maiores vítimas.

Porta de entrada

Levantamentos comprovam um aumento de 70% no movimento
das clínicas por pacientes que
se queixam de inflamações
nesta época do ano.

O contato freqüente com águas contaminadas por agentes químicos e tóxicos e objetos variados usados na limpeza dos ouvidos pode remover a proteção natural (o cerume) e causar pequenas lesões na pele. ?Essas lesões servem como porta de entrada para micróbios presentes no ambiente – sejam eles provenientes da umidade ou mesmo aqueles que estão na nossa pele habitualmente causando as otites?, explica Márcia Bilecki. A médica lembra que o cerume serve para proteger, mas também pode causar infecção. Em alguns casos o cerume pode ?dilatar? após a entrada de água e impedir que ela saia, formando uma espécie de ?rolha?, favorecendo as infecções. O prurido ou coceira, umidade no canal (a conhecida purgação), inchaços, conseqüente diminuição de audição e a dor de ouvido, são os principais sintomas da doença, relatados pelos especialistas.

Como reação imediata, muitas pessoas costumam cutucar o ouvido, utilizando os mais variados objetos, como cotonetes, tampas de caneta e agulhas de tricô, entre outros, o que pode causar sérios traumas no ouvido. De acordo com Sady Costa, essas inflamações na pele servem como legítimas portas de entrada a microorganismos que podem causar infecções ainda mais graves.

Fácil diagnóstico

Outro alerta dos especialistas é para que se tome muito cuidado com alguns tratamentos ou métodos caseiros. ?Nunca pingue nada no ouvido?, adverte o médico. Algumas pessoas costumam utilizar álcool ou vinagre. Segundo Costa, esses tratamentos causam desidratação da pele, predispondo o ouvido ainda mais à infecção. ?Essa tentativa de tratamento é desastrada e inoportuna?, recrimina.

otite03130208.jpgÉ fácil diagnosticar uma otite, basta um simples exame clínico. Diante de qualquer um desses sintomas, um otorrinolaringologista deve ser consultado, mesmo que a sensação seja apenas a de um ouvido tampado, pois só o especialista poderá realizar a remoção de cerume e tratar com maior perícia e menores chances de seqüelas aos doentes.

Uma otite mal tratada poderá trazer sérias complicações, como o fechamento do canal auditivo, que pode levar à surdez; infecção do osso temporal; extensão da infecção às glândulas os gânglios; e, às infecções generalizadas, devido a propagação da infecção pelo sangue.

Não é difícil prevenir

SEQUE bem os ouvidos após nadar e mergulhar ou após o banho, com uma toalha apenas.

AJUDE a água escorrer para fora do canal externo do ouvido inclinando a cabeça para ambos os lados.

EVITE nadar e mergulhar em águas poluídas.

NUNCA introduza objetos, como cotonetes e lápis, no canal externo do ouvido.

PROTEJA o ouvido com algodão antes de usar algum spray ou tinturas para o cabelo.

NADADORES com otite externa recorrente não devem esquecer dos protetores auriculares.

NUNCA pingue nada no ouvido além dos remédios recomendados pelo seu médico.

PROCURE sempre um especialista quando tiver dor de ouvido. Existem outras doenças que podem estar associadas à otite externa e somente o médico poderá orientá-lo adequadamente.

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