Doar sangue periodicamente ainda não faz parte da cultura da maioria dos paranaenses. Ainda hoje, apesar de os médicos serem bastante enfáticos quanto à importância da doação, as pessoas só procuram os bancos de sangue quando um parente ou conhecido precisa de transfusão.
Para reverter esse quadro e evitar que os bancos de sangue trabalhem sempre com o limite mínimo de disponibilidade do material, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) lançou ontem uma campanha para incentivar a doação. Ela adota o mesmo slogan que será utilizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) durante o Carnaval: “Doe Vida. Doe Sangue”.
Em Curitiba, durante todo o dia, dezenas de representantes dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, além de integrantes da UFPR, fizeram uma pausa em suas atividades normais e foram ao Hemepar fazer suas doações. O objetivo era mostrar que doar sangue não faz mal algum à saúde e incentivar outras pessoas a também serem solidárias.
Durante a manhã, o secretário de Estado da Saúde, Cláudio Murilo Xavier, foi um dos primeiros a chegar ao Hemepar e se submeter à doação. “Doar sangue é um ato de generosidade e amor ao próximo”, ressalta. “É preciso que as pessoas adquiram o hábito de fazer isso periodicamente e não apenas quando alguém da própria família necessita.” Segundo ele, a sensação de poder ajudar e até salvar a vida de alguém é muito boa.
Na opinião do secretário, muitas pessoas ainda deixam de doar sangue porque acham que é dolorido, que engorda ou emagrece, que o sangue engrossa e por medo de se contaminarem com alguma doença. “Todas essas idéias são falsas: doar sangue não dói nada, não traz qualquer prejuízo à saúde e é extremamente seguro, pois os materiais utilizados são sempre esterilizados e as agulhas descartáveis”, garante.
Quem pode doar
Antes da doação, o voluntário passa por um rápido exame clínico para saber se está em boas condições de saúde e se pode ou não ser doador. Segundo o diretor do Hemepar, Wilmar Mendonça Guimarães, podem doar sangue pessoas entre 18 e 65 anos de idade, com mais de 50 quilos. “O ideal é que a pessoa doe sangue quatro vezes ao ano”, explica. “Os homens podem doar com intervalos de no mínimo sessenta dias. Já as mulheres, com intervalos de noventa dias.”
Para doar, a pessoa deve ter tido uma boa noite de sono, ter se alimentado bem, não estar gripada, não ter consumido bebidas alcoólicas nas últimas 24 horas e estar em boas condições de saúde. Não podem ser doadoras pessoas que tiveram hepatite, malária e doença de Chagas. O uso de alguns tipos de medicamentos também impede que a pessoa possa fazer a doação. Depois de que o sangue é retirado, o doador recebe um lanche para que pelo menos 10% do líquido seja reposto. “O sangue se refaz rapidamente. Em vinte dias, a pessoa recupera tudo o que perdeu”, esclarece Wilmar.
Projeto
No último dia 29 de janeiro, foi promulgado na Assembléia Legislativa do Paraná, pelo deputado Hermas Brandão, um projeto do deputado Luiz Carlos Martins que visa fazer com que os doadores de sangue tenham 50% de desconto em cinemas e eventos culturais e esportivos no Estado. A intenção do projeto também é incentivar as doações.