Para muitos, a chegada do verão significa lazer. Nessa época, praias e piscinas ficam lotadas. Mas descuidos, como a exposição excessiva aos raios solares, podem trazer graves problemas à saúde. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que no próximo ano, quase seis mil pessoas terão o câncer de pele tipo melanoma (forma mais letal) e mais de cem mil desenvolverão o não-melanoma que, apesar do baixo índice de mortalidade, pode causar sérias deformidades. Tomar algumas medidas antes do lazer ajuda bastante na prevenção de doenças.
A melhor forma de evitar o câncer de pele é não se expor ao sol entre 10h e 16h. Sempre com a aplicação de filtros solares, principalmente nas crianças. O Fator de Proteção Solar (FSP) deve ser de, no mínimo 15, mesmo para as pessoas de pele morena e nos dias nublados. "O ideal é reaplicar o produto a cada duas horas. Use chapéus e camisetas e, na praia, não deixe de levar guarda-sol", lista a presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Seção PR, Ewalda Von Rosen Seeling Stahlke.
Agressão à pele
No que diz respeito ao uso de guarda-sol, os médicos recomendam que se dê preferência aos fabricados com lona ou algodão. Esses materiais absorvem até 50% da radiação ultravioleta – prejudicial à pele. Os de nylon (justamente os mais usados, por serem mais leves e mais baratos) deixam que 95% dos raios ultrapassem o material.
Ewalda Stahlke recomenda aos veranistas que fiquem atentos à qualidade dos produtos que usarem na pele. Ela alerta ainda para que as pessoas jamais utilizem receitas artesanais para bronzear, que misturam ingredientes caseiros. "O consumidor deve se assegurar da eficácia e segurança dos bronzeadores e protetores solares antes de usá-los", ressalta a dermatologista. Antes de chegarem ao mercado, os protetores recebem avaliação da Anvisa quanto à sua eficácia e segurança. Por esse motivo, devem ser evitados os produtos "piratas", vendidos sem nenhum controle de qualidade e que podem pôr em risco a saúde de quem os utiliza.
A presidente explica que o bronzeamento é, na verdade, uma resposta da pele à agressão do sol. O bronzeado vai embora, mas o dano fica, em forma de manchas, na destruição da elasticidade (fator que provoca envelhecimento) e na alteração da pigmentação da pele. Não bastasse isso, Ewalda lembra que o sol em excesso reduz a imunidade do corpo e facilita o aparecimento de infecções. A areia da praia e a superfície da água, seja da piscina ou do mar, refletem claridade solar e também causam danos à pele.
Escamação
A doença mais perigosa relacionada à exposição ao sol é o câncer de pele, provocado pelos raios ultravioleta B (UVB). Segundo os dermatologistas, ninguém desenvolve câncer em uma só temporada de verão. Mas os efeitos nocivos do sol são cumulativos. Por isso, o uso do filtro solar não livra ninguém totalmente da doença, mas é um aliado importante, porque ameniza boa parte da ação dos UVB. Quem tem pele clara e se protege sempre da radiação solar tem menos chance de desenvolver câncer de pele do que os que têm pele escura e não usam filtro.
Para Marcos Montenegro, oncologista e chefe do Serviço de Pele do Hospital Erasto Gaertner, a prevenção é fundamental para evitar a doença, principalmente num país com clima tropical como o Brasil e que possui verões com temperaturas elevadas, fazendo com que as pessoas recorram a piscinas, praias, campos e outros lugares, ficando expostas aos raios solares.
O especialista avisa que o câncer de pele pode ser fatal se não diagnosticado precocemente. Por isso, é necessário ficar atento aos primeiros sintomas da doença que podem surgir com uma escamação. Com o surgimento dessa escamação, a pessoa deve evitar coçar, pois com o contato constante das mãos e unhas pode se formar uma pequena ferida no local que, mesmo com o decorrer dos dias, não cicatriza. "Se em uma semana o machucado continuar, é preciso procurar um especialista para a realização dos exames necessários e verificar se aquela simples lesão não é o início do desenvolvimento do melanoma", completa..
Nas manchas, o aviso
Os sinais mais comuns do surgimento da doença são mudanças na pele aparentemente inocentes, como uma ferida que não cicatriza ou uma pequena lesão endurecida, brilhante ou avermelhada e pintas, sinais e verrugas que crescem ou mudam de cor. Os homens têm maior incidência no tronco, na cabeça ou no pescoço, enquanto que as mulheres geralmente a apresentam nos braços e nas pernas.
O tumor (crescimento desordenado de células) que ocorre na pele pode ser de três tipos:
Carcinoma basocelular – é o mais freqüente (70% dos casos). É mais comum após os 40 anos, em pessoas de pele clara. Seu surgimento está diretamente ligado à exposição solar cumulativa durante a vida. Apesar de não causar metástase (quando o câncer se espalha pelo corpo), pode destruir os tecidos à sua volta, atingindo até cartilagens e ossos.
Carcinoma espinocelular – é o segundo tipo mais comum e pode provocar metástase. Entre suas causas, além da exposição prolongada ao sol sem proteção, estão o tabagismo, a exposição a substâncias químicas e alterações na imunidade.
Melanoma – é o tipo mais perigoso, com alto potencial de produzir metástase. Pode levar à morte se não houver diagnóstico e tratamento precoces. É mais freqüente em pessoas de pele clara e sensível. Normalmente, inicia-se com uma mancha escura.
