Não existe um levantamento oficial, mas estima-se que metade dos indivíduos hipertensos desiste do tratamento ao fim do primeiro ano de medicação, reduzindo a eficácia da terapêutica. Essa é uma conclusão consensual entre os médicos especialistas. A hipertensão arterial é assintomática, ou seja, os seus sintomas são imperceptíveis e, por isso, raramente o doente aceita e cumpre à risca os tratamentos recomendados pelos médicos. ?Uma das causas do abandono do tratamento é a necessidade de cumprir uma rotina rígida que inclui a ingestão de medicamentos específicos e uma mudança muitas vezes radical no estilo de vida da pessoa?, observa o cardiologista Marcos Augusto Alves Pereira.
Conforme o especialista e coordenador do serviço de cardiologia do Hospital Pilar, se torna difícil controlar os pacientes, que não retornam assiduamente ao consultório. Por isso, fazer as pessoas com pressão alta aderir a uma terapêutica de longo prazo é a grande dificuldade do tratamento da hipertensão arterial. ?Se a hipertensão doesse, provavelmente pouca gente deixaria o tratamento em segundo plano?, realça.
Saúde pública
No Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), uma grande parte da população não considera fundamental medir a pressão arterial. Dados não oficiais estimam que o Brasil tenha cerca de 15 milhões de hipertensos. A doença cardíaca é a principal causa de morte no País, com índices superiores à soma das vítimas de cânceres ou de acidentes automobilísticos, segundos e terceiros nessa estatística sombria. ?Tratar a hipertensão como um dos maiores problemas de saúde pública deve ser, portanto, uma das prioridades dos governos em todas as suas esferas?, enfatiza Marcos Pereira.
Para diminuir a resistência ao tratamento, alguns especialistas defendem o uso de terapêuticas combinadas, ou seja, a indicação de medicamentos com doses maximizadas. Além de oferecer maior eficácia e comodidade, já que, em muitos casos é necessária apenas uma dose diária do remédio, a terapia pode permitir maior adesão do doente ao tratamento. ?Hoje em dia, com a possibilidade da introdução de novos fármacos, espera-se que os indivíduos se mantenham em tratamento, durante mais tempo?, reafirma o cardiologista, sem esquecer de indicar a obrigatoriedade na mudança de hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos regulares.
Manejo clínico inadequado
Para evitar a hipertensão
* Adotar hábitos saudáveis.
* Evitar o uso excessivo de sal na comida.
* Praticar, pelo menos, 30 minutos de atividades físicas diárias.
* Consumir bebidas alcoólicas moderadamente.
* Manter o peso ideal.
* Ficar longe do estresse.