Sem culpa de conviver com o vírus HIV

Descobrir que possui o vírus HIV, já não é fácil. Imagine, além disto, contaminar seu próprio filho. A culpa certamente é o primeiro sentimento que perseguirá esta mãe pelo resto da vida. Mas, este fato está mudando de perspectiva. Com o objetivo de propiciar a melhoria da qualidade de assistência às mães soropositivas das crianças assistidas pela APAV (Associação Paranaense Alegria de Viver) e reverter este quadro, surgiu o Projeto Mães da Vida.

A epidemia de Aids tem infectado um número crescente de mulheres no Brasil. Os indicadores epidemiológicos demonstram que estas contaminações estão cada vez mais sendo por relação heterossexual. Este fator se reflete no número crescente de crianças soropositivas que procuram auxílio junto a APAV. O perfil dos assistidos é em sua grande maioria pessoas de baixa renda, moradores de rua, favelas e invasões.

A falta de perspectiva, depressão, perda do cônjuge por morte ou abandono, desemprego e outras experiências difíceis que constituem parte da realidade das mulheres com Aids aumentam o estresse, e este estresse aumenta consideravelmente o desenvolvimento do sintoma da Aids. Ou seja, pessoas infectadas que vivem diante dessas situações com mais freqüência adoecem duas ou três vezes mais rápido do que as que vivem em ambientes tranqüilos.

O Mães da Vida tem a função de promover o fortalecimento emocional destas mulheres, uma vez que na maioria das famílias assistidas a mulher, ou mãe soropositiva é a única fonte de recurso e sustentáculo emocional. Este trabalho permite a ampliação das respostas frente a situações estressantes como culpas, perdas, discriminações, medos e outros agentes estressores presentes no dia a dia de uma pessoa que possui o vírus HIV. O resultado é o reforço da auto-estima e do autoconceito, conquistados devido ao exercício de libertação de sentimentos reprimidos que sufocam e pesam. E assim uma convivência melhor em família.

Os encontros

Através do trabalho dos psicólogos Djalma Lobo Júnior e Inara Silva Rodrigues o Mães da Vida ganhou vida e completou neste ano de 2003, três anos de sucesso. Os encontros acontecem as terças e quintas feiras em ciclos que duram três meses. Os encontros são baseados nos princípios da psiconeuroimunologia, quer dizer, a busca pela estabilização da doença através do trabalho psicológico.

Nas terças são feitas as reuniões, cada dia enfocando um tema diferente. Quem sou eu?, A transformação, Comunicação, A família e os padrões de repetição, Auto-estima e o autoconhecimento, Os cuidados com a saúde, O sexo e a sexualidade, A morte, Objetivos de vida, Empregabilidade, A cidadã, e Eu e o mundo são os temas abordados durante 12 encontros em três meses de trabalho, com cada grupo.

Junto com o trabalho psicológico são feitas nas quintas-feiras oficinas visando sempre acrescentar algo a mais sobre saúde, artesanato, comportamento, dança, teatro, enfim tudo que de alguma maneira contribua para que a auto-estima e principalmente a orientação sejam valorizadas.

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