Todos os dias milhares de aviões levantam vôo em aeroportos espalhados pelos cincos continentes. Todos atendendo aos mais rígidos controles de segurança. Assim como a cada instante um avião só sai do solo, depois de atender a todos os procedimentos preventivos, em alguma sala de uma clínica ou hospital, um médico qualificado está aplicando anestesia, também, conferindo todas as exigências e confiabilidade que o procedimento merece, garantindo maior comodidade aos pacientes.
No entanto, perto de 25% dos pacientes adiam uma cirurgia por receio de algum risco relacionado à anestesia geral e mais de 75% expressam preocupação em relação ao procedimento. Os dados são do relatório Vital Health Report, pesquisa trimestral feita pela Sociedade Americana de Anestesiologia (ASA, sigla em inglês).
No entanto, o medo de anestesia não coincide com as experiências reais. A anestesia geral é bastante segura. Durante as últimas três décadas, os anestesiologistas se aprimoraram em muitas técnicas e os cuidados que resultam em maior conforto para os pacientes antes, durante e depois da cirurgia. Além disso, relevantes inovações técnicas, medicamentosas e de equipamentos trouxeram muito mais segurança para esses procedimentos cirúrgicos.
Complicações em declínio
Como resultado, as taxas de mortalidade relacionadas à anestesia diminuíram drasticamente nos últimos 25 anos: de duas mortes por 10 mil anestésicos administrados para um óbito para 250 mil, segundo o relatório da ASA. Isso significa, por exemplo, que uma pessoa tem 40 vezes mais probabilidade de ser atingida por um raio do que morrer por conta de complicações relacionadas ao procedimento.
“Se o paciente estiver em condições de conversar com o anestesiologista antes da cirurgia para esclarecer as dúvidas, com certeza ele se acalmará e facilitará a atuação do profissional”, garante o anestesiologista Pedro Paulo Tanaka. Cabe ao anestesiologista checar se a pessoa é alérgica a algum medicamento e se sofre de outras doenças além do problema a ser tratado. O especialista esclarece que o melhor local para se testar as reações do paciente à anestesia é no próprio centro cirúrgico. “É lá que existem todas as condições para atender o paciente caso se necessite de ações emergenciais”, garante.
Relaxantes musculares
A pesquisa também constatou ainda muito desconhecimento sobre a anestesia. Cerca de 40% dos pacientes acreditam equivocadamente que estar sob anestesia geral é o mesmo que dormir, enquanto 17% pensam que a anestesia geral bloqueia os impulsos nervosos de apenas uma pequena área do corpo, sem alterar a consciência. Na realidade, quando o paciente está sob anestesia geral está inconsciente e com os impulsos neuromusculares bloqueados.
Embora a anestesia geral possua uma alta complexidade, o procedimento é simples. Inicialmente, o anestesiologista injeta na veia os medicamentos que induzem o paciente ao sono para garantir a inconsciência total. Depois, o paciente recebe um anestésico, que é administrado por via inalatória, intravenosa ou intramuscular, para eliminar a dor. Na sequência, é administrado um relaxante muscular que bloqueia temporariamente a passagem dos impulsos elétricos do nervo para o músculo, impedindo contrações involuntárias.
Para que o procedimento seja o mais seguro o possível é preciso seguir alguns processos. O paciente deve fazer jejum de seis horas para líquidos e de oito horas para os alimentos sólidos. Os efeitos da anestesia estão atrelados às condições físicas de cada pessoa. Em geral, porém, é comum que o paciente sinta dificuldade de concentração e sonolência por algumas horas.
Em alguns casos, o uso dos relaxantes musculares na anestesia geral pode provocar um ef,eito colateral denominado paralisia residual. Essas condições podem ser minimizadas pela utilização de medicamentos capazes de reverter a ação dos bloqueadores neuromusculares. Entre as mais recentes inovações na área está o sugamadex sódico, medicamento que reverte em até três minutos os efeitos dos relaxantes musculares utilizados na anestesia, permitindo que o paciente retome suas funções musculares e volte a respirar espontaneamente em menor tempo.
Durante a anestesia geral, o anestesiologista, controla as condições clínicas do paciente, cuida para que ele fique inconsciente durante toda a cirurgia, não sinta dor e tenha um grau de relaxamento muscular adequado para que o procedimento seja realizado com segurança. |
Reversão rápida
O sugamadex sódico é considerado o maior avanço no campo da anestesiologia nos últimos 20 anos. Com um mecanismo de ação inovador, o medicamento reverte o relaxamento muscular promovido pelos bloqueadores usados durante a anestesia geral mais rapidamente, trazendo mais segurança para o paciente e tranquilidade para o anestesiologista.
A grande relevância da recuperação do relaxamento muscular ser rápida é a possibilidade de diminuir a incidência de importantes efeitos colaterais, denominados paralisia residual, decorrentes da presença de resíduos do relaxante muscular ao término da cirurgia.
“Os músculos do pescoço envolvidos na respiração e na deglutição são muito sensíveis a esses efeitos. Por isso, mesmo que o paciente tenha capacidade de respirar espontaneamente, pode não conseguir tossir ou deglutir adequadamente, o que pode resultar em sérios problemas respiratórios”, explica a anestesiologia Maria Ângela Tardelli, da Universidade Federal de São Paulo.
Medos, mitos e verdades
RISCO DE MORTE – A anestesia geral é bastante segura. Relevantes inovações ténicas, medicamentosas e de equipamentos trouxeram muito mais segurança para os procedimentos cirúrgicos. As taxas de mortalidade relacionadas à anestesia regrediram de duas mortes por 10 mil para um óbito a cada 200 mil a 300 mil.
RESPIRAÇÃO – Quando o paciente está sob efeito a anestesia, as funções respiratórias são realizadas por ventiladores mecânicos ou respiradores artificiais. O procedimento é especializado, realizado pelo anestesiologista, que confere grande segurança à cirurgia.
A MELHOR – A definição sobre o melhor tipo de anestesia depende de cada tipo de intervenção cirúrgica é da avaliação do médico. A anestesia geral, por exemplo, é indicada para operações no abdome superior, tórax, cabeça, pescoço, cirurgias cardíacas e no cérebro.
JEJUM – O paciente deve fazer jejum de seis horas para líquidos e de oito horas para os alimentos sólidos. Isso porque qualquer movimentação de algum órgão do sistema digestivo ou excretor pode comprometer a cirurgia.
DORMIR – Quando o paciente está sob anestesia geral, ele fica inconsciente e não tem nenhuma sensação. Cerca de 40% dos pacientes acreditam equivocadamente que estar sob anestesia geral é o mesmo que dormir.
ANESTÉSICO – O anestésico ideal é aquele que provoca indução e recuperação rápida para o paciente e, ao mesmo tempo, proporciona a profundidade apropriada de anelgesia e relaxamento para a realização da cirurgia.