O cigarro faz muito mal à saúde. Estatísticas mostram que fumantes apresentam risco de sofrer de câncer de pulmão dez vezes maior do que não fumantes. O risco de infarto, bronquite crônica e enfisema pulmonar é cinco vezes maio. Quem fuma enfrenta um risco duas vezes maior de sofrer um derrame cerebral.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco é responsável por 90% das mortes por câncer de pulmão; 25% por infarto do miocárdio; 25% por doenças cérebro vasculares (derrames) e 85% por bronquite e enfisema. O cigarro associado ao uso de anticoncepcionais aumenta em dez vezes os riscos de infarto e derrame cerebral. Grávidas fumantes aumentam os riscos de ter um aborto espontâneo em 70%; de perder o filho perto ou depois do parto em 30%; de a criança nascer prematura em 40% e de ter um bebê com baixo peso em 200%.
A fumaça do cigarro contém 4.720 substâncias tóxicas que prejudicam a saúde. Além das mais conhecidas, como nicotina, alcatrão e monóxido de carbono, há também substâncias radioativas, como polônio 210 e cádmio, usado em baterias de carros. Após 20 minutos sem fumar, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal; após duas horas, não há mais nicotina no sangue; após oito horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza e depois de 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor.
A consultora de vendas Lenita Vieira, de 54 anos, deixou, há pouco mais de duas semanas, um vício de 42 anos. Ela é uma das participantes do grupo de dependentes do tabaco que é atendido pela Secretaria Municipal da Saúde, todas as quintas-feiras, na Unidade de Saúde Ouvidor Pardinho. São cinco reuniões semanais de 1h30 de duração onde cada um dos grupos, formado por 15 pessoas, recebe o apoio de dois profissionais capacitados pela secretaria no tratamento de combate ao tabaco.
Lenita está sendo atendida pelo pneumologista Paulo Sandoval e pela fisioterapeuta Eliane Marcon Fortes. Decidida a não voltar a fumar e satisfeita com o sucesso do seu tratamento, Lenita lamenta o primeiro cigarro que fumou. "Até hoje culpo minha amiga de infância por ter me oferecido, aos 12 anos, aquele cigarro. Fumei a maior parte da minha vida", afirma ela.
Mãe de cinco filhos, Lenita se sentia mal quando o neto, Alexandre, de 9 anos, lamentava a dependência da avó. "Ele dizia que eu morreria cedo e ficaria triste sem mim. Isso me chocou e parei definitivamente de fumar", explica. "Não nasci fumando, aprendi a fumar e estou aprendendo a não fumar. É difícil, mas não é impossível", frisa.
Lenita recomenda o programa da Prefeitura a todos que são dependentes do cigarro e que desejam parar de fumar. "O programa é fantástico; eles nos ajudam a mudar os hábitos e não desistir. Comecei a nadar e andar de bicicleta", diz ela.