Brasília – As pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1993 devem fazer o teste de diagnóstico das hepatites B e C, pois podem estar contaminadas com o vírus. O alerta faz parte de uma campanha publicitária sobre hepatites virais, lançada ontem em Brasília. Até o dia 24 de maio, o teste de diagnóstico estará disponível nos 250 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) de todo o País. ?O objetivo principal dessa campanha é a prevenção das hepatites virais, em especial as hepatites B e C?, afirmou o diretor de Vigilância Epidemiológica da SVS, Expedito Luna. As hepatites B e C são infecções no fígado causadas por vírus, transmitidas pelo sangue, embora a hepatite B também seja sexualmente transmissível. A infecção ocorre principalmente pelo compartilhamento de agulhas e seringas. Para quem freqüenta salões de beleza ou pretende fazer tatuagem ou aplicar piercing, a orientação do Ministério da Saúde é exigir material descartável ou esterilizado. Nas relações sexuais, a recomendação é usar a camisinha sempre.
As hepatites B e C são consideradas doenças silenciosas, pois os sintomas nem sempre aparecem. Os mais comuns, quando surgem, são cansaço, tontura, enjôo, febre, dor na região do fígado (que fica do lado direito, abaixo das costelas), pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Não há vacina contra a hepatite C, apenas para os tipos A e B. A vacina contra o tipo A está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) e é indicada somente para os portadores dos outros tipos de hepatite. No caso da hepatite B, a prevenção é feita com três doses da vacina, aplicadas ao nascer, no final do primeiro mês de vida e aos seis meses de idade. A vacina também está disponível nos postos de saúde para pessoas de um a 19 anos, e para o chamado grupo de risco, que inclui os imunodeprimidos, os profissionais da área de saúde e os profissionais do sexo, usuários de drogas, hemofílicos e pacientes que fazem hemodiálise.
O investimento total na campanha foi de R$ 1 milhão. Foram confeccionados cartazes, folhetos e materiais para rádio e televisão. O material será veiculado em mais de mil emissoras de rádio, entre as comunitárias e as educativas. Todo o material da campanha está disponível para reprodução no endereço www.saude.gov.br/svs.
Pesquisa
O governo federal ainda não sabe com precisão qual o alcance das hepatites virais no País. No caso da hepatite C, por exemplo, estimativas da Secretaria de Vigilância em Saúde apontam que cerca de 1,5 milhão de pessoas podem estar com o vírus que causa a doença.
Para obter dados precisos e subsidiar as ações de prevenção do governo, o Ministério da Saúde fará um inquérito nacional para identificar a prevalência das hepatites virais. Para isso, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) firmou em 2002 um convênio com a Universidade de Pernambuco (UPE).
Entre todas as doenças transmissíveis, a hepatite C foi a única que apresentou aumento no número de casos nos últimos anos, afirma a coordenadora do Programa Nacional de Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Gerusa Figueiredo. ?A hepatite B está com a mortalidade estabilizada, agora está havendo um aumento crescente da hepatite C. Nós temos uma série histórica de 1996 a 2002 mostrando um incremento na taxa de mortalidade da ordem de 30% em relação à taxa do ano anterior.?
A conclusão da pesquisa está prevista para o final deste ano. Serão avaliadas aproximadamente 31,2 mil pessoas, a partir dos cinco anos de idade, residentes na zona urbana de todas as capitais brasileiras. O custo total da pesquisa será de R$ 2,2 milhões.
?Foi sorteada uma amostra de domicílios no Brasil inteiro, e essas casas serão visitadas e farão o diagnóstico. O trabalho já foi concluído nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Temos observado em ambas as regiões uma prevalência bastante baixa de portadores da hepatite B e uma prevalência por volta de 1% da população adulta de hepatite C?, explicou o diretor de Vigilância Epidemiológica da SVS, Expedito Luna.