Saúde dos adolescentes em discussão

Nunca foram tão divulgados os benefícios de se cultivar hábitos saudáveis como agora. Mas, enquanto adultos repensam a forma de se alimentar, de se exercitar, de levar uma vida o mais saudável possível, buscando até em terapias alternativas novas formas para reduzir o estresse e garantir mais saúde e qualidade de vida, jovens adolescentes não estão ?nem aí? para os cuidados com a saúde e preocupam não só seus pais, mas os médicos também.

Segundo a hebiatra Sandra Houly, o desenvolvimento da saúde dos jovens, desde a pré-adolescência até o início da fase adulta, tem sido ameaçado por conta de fatores como má alimentação, consumo elevado de álcool, fumo, sedentarismo, sono irregular e, ainda, certa negligência com relação ao sexo seguro. Para ela, as conseqüências desses hábitos desregrados recairão futuramente sobre a saúde, facilitando o aparecimento de doenças e favorecendo o envelhecimento precoce.

Darci Bonetto, do Departamento de Adolescentes da Sociedade Paranaense de Pediatria, cita a atual cultura brasileira como justificativa para o hábito desregrado dos adolescentes. ?Hoje as festas e as baladas começam a uma hora da manhã e atravessam a madrugada?, lembra, enfatizando que, com isso, a tendência é de que o jovem perca muitas horas de sono. Além disso, os adolescentes iniciam hábitos nocivos cedo demais, começando a beber ou fumar ainda na pré-adolescência. ?Esse, então, é um hábito de fácil constatação?, frisa.

Geração debilitada

Como exemplo desse descuido, Sandra Houly lembra que a pele, o maior órgão do corpo humano, só é bonita por fora se for um espelho fiel do equilíbrio interior. ?Os adolescentes não entendem ou não querem entender que a pessoa colhe aos 40 anos o que cultivou desde a juventude?, alerta. Para Darci Bonetto, como se pode esperar que os jovens mantenham hábitos saudáveis se eles passam seus momentos de lazer em frente à televisão, videogame ou computador. Uma das causas que levam a esses hábitos, todos conhecem: a violência das grandes cidades.

Também, ao se alimentar exclusivamente de sanduíches, pizzas e outros produtos calóricos, é de se esperar que os índices de obesidade na adolescência cresçam. Além deles, os distúrbios do sono, as doenças do coração, problemas renais ou hepáticos. ?É preciso alertar os jovens para a urgência de adotarem hábitos de vida mais saudáveis já?, adverte a especialista. Outro perigo vem do culto ao corpo. Essa verdadeira epidemia, no entender de Darci, traz prejuízos incalculáveis aos jovens. ?Para conquistá-lo, o adolescente não mede esforços e busca qualquer meio para conseguir um corpo perfeito?, ressalta. No caso das meninas, doenças como bulimia e anorexia passaram a fazer parte, pelos mesmos motivos, de um número crescente de consultas aos especialistas.

?É imprescindível que os jovens mudem seus hábitos com urgência?, enfatiza Sandra Houly. Praticar esportes, caminhar e procurar não virar as noites nas baladas nem em frente ao computador. Evitar o consumo elevado de álcool e tentar parar de fumar imediatamente, aconselha a especialista, no intuito de evitar uma geração de jovens adultos doentes e envelhecidos precocemente.

Meninas descalcificadas

Uma recente pesquisa apontou que mais de 80% das jovens não consomem quantidade recomendável de cálcio, o que pode causar osteoporose e obesidade. ?Elas não estão consumindo mineral suficiente para uma boa formação óssea?, informa a nutricionista, Elaine Cristina Rocha de Pádua, ressaltando que, nessa etapa da vida, ocorre o pico de formação da massa óssea.

De acordo com a pesquisa, os alimentos mais consumidos pelas adolescentes são biscoitos, pães, margarina e queijo amarelo, todos ricos em gordura.

Conforme a nutricionista, há muitos alimentos saudáveis que possuem cálcio, como brócolis, couve, leite e, até, sardinha.

Outro fato constatado na pesquisa é que muitas jovens pulam refeições, especialmente o café-da-manhã, que costuma ser boa fonte do mineral pelos alimentos que culturalmente fazem parte dele. O consumo de refrigerantes também é prejudicial e comum nessa idade, fato agravante, já que o ácido fosfórico presente nessas bebidas diminui a absorção do cálcio no organismo. ?É importante haver consciência sobre isso, para que o hábito alimentar seja mudado?, diz Elaine Pádua, acrescentando, preocupada, que os jovens não costumam ter noção da importância da variedade de alimentos nas refeições.

Distúrbios da adolescência

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