A apnéia é um distúrbio caracterizado por breves interrupções da respiração durante o sono. O termo que vem do grego e significa “falta de respiração”. A doença provoca queda na qualidade de vida, problemas cardíacos e até a morte. O distúrbio pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum no sexo masculino.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (SBORL), estima-se que 4% dos homens e 2% das mulheres de meia-idade manifestem essa condição, podendo apresentar até mais 30 eventos apnéicos por hora.
O diretor da SBORL, dr. José Eduardo Lutaif Dolci, explica que as pessoas que roncam muito alto, têm excesso de peso ou apresentam problemas anatômicos no nariz, garganta ou em outras regiões da via aérea superior têm maior probabilidade de vir a sofrer de apnéia. “É importante ressaltar que nem todas as pessoas que roncam são portadoras de apnéia do sono”, explica o otorrinolaringologista.
Segundo o especialista, em decorrência dos sérios distúrbios no padrão do sono, as pessoas com apnéia sentem-se sempre sonolentas durante o dia, com uma queda acentuada no rendimento das atividades habituais. “Além disso, elas costumam apresentar depressão, irritabilidade, disfunção sexual, dificuldade para aprender, diminuição da memória e freqüentemente cochilam no trabalho, no telefone e, o que é pior, quando dirigem”, afirma Dolci.
Como evolui a doença
Quando os músculos da garganta e da língua relaxam durante o sono, bloqueiam a via aérea, tornando a respiração mais difícil e cheia de ruídos, podendo culminar com a sua interrupção total, levando à apnéia. Este mecanismo é mais propício nas pessoas obesas, que normalmente apresentam um aumento nos tecidos da via aérea superior, por acúmulo de gordura, estreitando-a ainda mais.
Sem que a pessoa perceba, esse mecanismo resulta em roncos intensos, intercalados por períodos de apnéia, que leva a pessoa a despertar várias vezes, fragmentando o sono. A ingestão de álcool ou de pílulas para dormir aumentam a freqüência e a duração das apnéias.
Durante o distúrbio, o indivíduo é incapaz de efetuar as trocas gasosas (inspirar oxigênio e expirar gás carbônico), causando uma diminuição nos níveis sangüíneos de oxigênio e um aumento nos de gás carbônico. Esta situação alerta o cérebro para retomar a respiração, causando um despertar. Com cada despertar, um sinal é mandado do cérebro para os músculos abrirem a via aérea superior, e a respiração é retomada, freqüentemente com um ronco ou engasgo mais alto. Os constantes despertares necessários para que haja a retomada da respiração impedem que o indivíduo tenha um sono profundo restaurador.
Existem três tipos de apnéia: central, obstrutiva e mista. A central, que é menos freqüente, ocorre quando o sistema nervoso central falha em mandar sinais apropriados para os músculos da respiração iniciarem o movimento inspiratório. A apnéia obstrutiva é muito mais freqüente, acontecendo quando o ar não consegue entrar ou sair pelo nariz ou pela boca por um problema obstrutivo nessas regiões, embora exista o esforço para respirar. A apnéia mista conjuga características da apnéia obstrutiva e central.