Rio triplica número de doadores de órgãos

Depois de amargar longa estagnação no seu programa de transplantes – o que chegou a extinguir a fila de espera por um coração, já que os médicos inscreviam seus pacientes em outros Estados – o Rio triplicou o número de doadores de órgãos: passou da proporção de 4,4 doadores por milhão de habitantes para 13,9, segundo informações do Programa Estadual de Transplantes (PET). Hoje, o secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, anunciou que o Estado terá um hospital exclusivo dedicado a esse tipo de cirurgia.

De acordo com o secretário, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anuncia nos próximos dias a transferência para administração do Estado de um hospital federal – a informação não havia sido confirmada pelo Ministério da Saúde até as 19 horas. “Temos o desejo de ter um hospital específico para transplante. Existe a demanda e são pacientes que precisam de acompanhamento ambulatorial, monitoramento, dosagem de medicamentos imunossupressores”, afirmou o coordenador da Central Estadual de Transplantes, Eduardo Rocha.

Três estratégias permitiram aumentar o número de captação de órgãos no Rio. Inicialmente, cem profissionais – entre médicos intensivistas, cirurgiões, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos -, foram treinados na Universidade de Barcelona. Esse treinamento permitiu que melhorasse a qualidade dos órgãos doados. “Não é incomum que o paciente, já em morte cerebral, sofra uma parada cardíaca. Contratamos médicos intensivistas que têm atuado para manter esse potencial doador”, explicou Rocha.

Outra iniciativa foi transferir a sede da coordenação do programa para perto da Defesa Civil Estadual – o que permite mobilizar helicópteros e ambulâncias e dá mais agilidade ao transporte de órgãos. Depois da mudança, passou a haver captação em cidades como Itaperuna, a pouco mais de 300 quilômetros da capital. E, por fim, o número telefônico, antes um 0800 difícil de ser memorizado, foi substituído pelo disque transplante de três dígitos (155). Essas iniciativas também melhoraram a chamada taxa de efetividade (a relação entre os órgãos doados e os que puderam ser transplantados) – saiu de 15% para 24%. A meta é alcançar 30%.

Cláudio Antônio Roberto Júnior, de 31 anos, é testemunha da mudança no serviço de transplantes fluminense. Portador de colangite esclerosante, doença crônica que impede a adequada circulação da bile para o intestino e provoca a degeneração do fígado, ele passou por dois transplantes do órgão, em 2001 e 2011. “O serviço está mais rápido, mais ágil. Na primeira vez, esperei por um ano. Agora, fiquei na fila por sete meses”, comparou. Enquanto o hospital exclusivo para transplantes não fica pronto, o Estado anunciou a reforma de um andar do Instituto do Coração Aloysio de Castro (IECAC), que em breve começará a transplantar rim, coração e pâncreas. Diante da reestruturação do PET, também voltou a haver fila por um coração no Rio. Hoje, sete pessoas esperam pelo órgão no Estado.

Clarissa Thomé

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