Ficam menos frequentes as crises alérgicas provocadas pelo clima característico do Inverno e, infelizmente, entram em campo outros agentes causadores de alergia, entre eles a polinose, provocada pelo pólen das plantas levados pelo ar.
A chegada da Primavera, estação das flores, traz com elas, a intensificação das crises alérgicas.
De acordo com o otorrinolaringologista Sílvio Bettega, do Hospital Nossa Senhora das Graças, nesta época, há um grande aumento nos casos de rinite alérgica. “Na estação, o pólen se desprende das flores e fica pelo ar, e isso facilita o contato com as pessoas, resultando em irritações”, explica.
Para o especialista, entretanto, não são apenas as flores que acarretam alergias: o clima seco e a variação de temperatura deixam o sistema imunológico menos protegido.
“Nesses casos, o problema maior é a rinite não alérgica”, aponta, esclarecendo que a baixa umidade contribui para o aumento das infecções, desidratação e diminui as funções protetoras da mucosa nasal – uma barreira natural de proteção contra vírus, bactérias, fungos, alérgenos e poluentes do ar. A manifestação alérgica traz como primeiros sintomas coceiras no nariz, além de olhos vermelhos e lacrimejantes.
Resposta alérgica
Nos dias mais secos, há um aumento de até 40% na incidência de doenças respiratórias, como, principalmente, asma, rinite, resfriados e gripe. “Esse crescimento pode ser explicado pelo próprio frio, que funciona como um irritante para as vias aéreas de algumas pessoas e a inversão térmica, que é responsável pelo acúmulo maior de poluentes na atmosfera”, afirma o infectologista Jaime Rocha, do Frischmann Aisengart / DASA.
A incidência maior acontece em adultos jovens, de até 30 anos e que sofram de rinite alérgica ou outro tipo de alergia com causas hereditárias. Rocha esclarece que a resposta alérgica é uma reação de hipersensibilidade do organismo, e acontece quando as pessoas que são sensíveis com determinadas situações entram em contato com agentes desencadeantes chamados alérgenos, que provocam uma crise de doença alérgica.
Cerca de 20% da população sofre de alguma forma de alergia. As formas alérgicas mais comuns são a asma (bronquite alérgica ou bronquite asmática), a rinite alérgica e as alergias cutâneas.
“Dentre os alérgenos mais conhecidos destacam-se a poeira domiciliar, ácaros, epitélios de animais, baratas, fungos, pólens, além de agentes irritantes, como fumo e poluentes”, acrescenta o especialista.
Uma das maneiras de prevenção da rinite não alérgica é ingerir líquidos. “São indicados, aproximadamente, dois litros de água ao dia, dependendo da idade e da ocorrência de outras doenças”, orienta Sílvio Bettega. A umidificação do ambiente e a restrição de exposição ao sol nos horários mais quentes do dia, também são importantes.
Medicações
Já a rinite alérgica surge com as rinossinusites e as infecções da via aérea superior, incluindo as viroses, faringites e laringites, e não tem como ser prevenida.
O tratamento para cada doença é específico e pode incluir medicações, como, antihistamínicos, antialérgicos sistêmicos e tópicos (nasal), corticóides sistêmico e tópico nasal.
Para o médico as causas de obstrução nasal devem ser tratadas para diminuir a incidência de outras doenças das vias aéreas. Para o médico, um exemplo é o impacto da rinite alérgica na asma. Um estudo feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstrou que a asma melhora quando a rinite alérgica está controlada.
Algumas pessoas que apresentam rinite alérgica podem ter desvio do septo, pólipos e outras situações que pioram a respiração nasal. “Esse conjunto de fatores provoca alterações nas atividades físicas, no sono e na qualidade de vida das pessoa,s”, observa o otorrinolaringologista.
Jaime Rocha salienta que crianças de pais alérgicos têm maior probabilidade de serem alérgicas. “Elas têm 20% a 30% de chances de serem alérgicas, enquanto filhos de ambos os pais alérgicos já têm uma probabilidade de 60%”, confirma.
Por outro lado, a alergia pode se desenvolver em qualquer fase da vida e, até mesmo, em pessoas sem histórico familiar. “Basta, para isso, que a exposição desse indivíduo a determinado alérgeno ultrapasse o seu limiar de tolerância”, completa o infectologista.
Investigação
Além dos testes clínicos de provocação oral, com exclusão e reintrodução do alimento “suspeito” da dieta, existe hoje uma série de métodos para avaliação diagnóstica das alergias.
Dentre eles, enumera o infectologista Jaime Rocha, testes alérgicos que podem ser de leitura imediata (de 15 a 20 minutos), intradérmicos de provocação ou de contato (resultado em 72 horas) e exame de sangue (dosagem de IgE total e específica).
São dosados anticorpos específicos contra uma variedade de alérgenos, como frutas, grãos, peixes e frutos do mar; proteínas de porco e vaca; ovos e laticínios; alérgenos inalantes, como pelos de animais, insetos, poeira e gramíneas; drogas; fungos e alérgenos ocupacionais.
Como tentar evitar as alergias
* Forre colchão e travesseiro com capa impermeável
* Retire tapetes e carpetes da casa
* Limpe a mobília da casa com pano úmido pelo menos uma vez por semana
* Retire as cortinas, substituindo-as por persianas, que são facilmente limpas com pano úmido
* Mantenha sempre a casa arejada e ensolarada
* Evite estofados recobertos com tecido
* Evite manter cães e gatos dentro de casa
* Não fume dentro de casa
* Substitua cobertores por edredons
* Evite objetos que acumulem poeira, como livros, revistas, brinquedos de pelúcia e quadros