Um resfriado que nunca acaba, uma convivência nada pacífica com gripes repetidas e queixas frequentes de sinusite são reclamações cada vez mais repetidas em consultórios de clínicos, pediatras, otorrinolaringologistas e alergistas.
Na maioria dos casos, o diagnóstico mais ouvido por adultos e crianças é de rinite alérgica.
Embora mais de 40% dos brasileiros tenham afirmado conviver com os sintomas dessa doença alérgica, nem 10% desse contingente recebeu o diagnóstico da doença de um especialista.
Esse dado, foi revelado recentemente por uma pesquisa sobre alergia na América Latina, que ouviu mais de mil adultos e perto de 5 mil crianças em oito países do continente.
Somente quem sofre com a doença sabe quanto é incômodo passar o dia inteiro com seus sintomas. Além disso, a hipersensibilidade da mucosa nasal e da garganta é uma porta aberta para as infecções oportunistas das vias aéreas, como gripes e resfriados.
“O estudo é importante para que possamos identificar melhor a percepção dos pacientes brasileiros em relação a essa doença crônica que pode prejudicar muito a qualidade de vida dessas pessoas”, afirma o otorrinolaringologista João Ferreira Mello Júnior.
A rinite alérgica é desencadeada por uma reação de defesa exagerada do organismo contra agentes agressores externos que possam atingir os pulmões. Por causa disso, o nariz acaba produzindo muito mais muco e provocando espirros, coriza e obstrução nasal -tudo para impedir a entrada de substâncias entendidas pelo corpo como ameaça.
Alérgenos
De acordo com o especialista, ao contrário do que muitos imaginam, as pessoas com rinite alérgica não nascem com a doença. Ela pode ser desenvolvida a qualquer momento da vida, em relação a substâncias ou alimentos que fazem parte da rotina há muito tempo, porque a pessoa pode ter herdado dos pais a possibilidade de tornar-se sensível a determinado alimento, pó, ácaros, fungos, entre outros agentes.
“Pais alérgicos têm 50% de chances de terem filhos também alérgicos”, observa Mello Jr. A rinite alérgica pode ser considerada intermitente (menos de quatro dias por semana ou menos de um mês) ou persistente (contínua), e a intensidade dos sintomas é dividida em leve (quando os sintomas não incomodam), moderada e grave (quando os sintomas atrapalham a qualidade de vida da pessoa).
Diante desse quadro, chega ao Brasil o mais novo tratamento para a rinite alérgica: trata-se do Omnaris (ciclesonida), do laboratório Nycomed Pharma. O medicamento, um corticosteroides, é do tipo spray nasal que é ativado somente quando entra em contato com a mucosa nasal, transformando-se em uma substância ativa, o que diminui os efeitos adversos comuns aos outros tratamentos existentes. “Por conta dessa atuação no organismo é que o medicamento traz alta tecnologia e baixa incidência de efeitos colaterais ao paciente”, explica Mello Jr.
Difícil convivência
Quem convive com a rinite alérgica, ao entrar em contato com o que provoca a alergia, pode espirrar imediatamente – várias vezes seguidas.
Além de espirros, congestão nasal, coriza, lacrimejamento, olhos irritados, coceira (no nariz, na garganta e nos ouvidos), tosse e cefaleia são os principais sinais do problema.
Muitos deles, entretanto, são fatores que prejudicam a qualidade de vida da pessoa.
A congestão nasal, por exemplo, pode atrapalhar o sono, deixando a pessoa sonolenta, irritada e cansada durante o dia, comprometendo sua produtividade.
As crianças, muitas vezes, apresentam dificuldade de concentração na escola, devido aos incômodos sintomas e noites mal dormidas.
Antes da escolha do tratamento adequado, o especialista precisa afastar outros problemas que podem “simular” uma rinite alérgica, entre elas, malformaç,ões da cavidade nasal.
O diagnóstico de rinite alérgica é, comumente, clínico, mas muitas vezes o médico precisa realizar exames laboratoriais (de sangue ou testes cutâneos) para confirmar o diagnóstico.
O histórico familiar é avaliado assim como o relato do paciente, que tem grande importância no diagnóstico. É importante que ele informe as situações que envolvem as crises alérgicas e a sua duração.
O que mais incomoda
Congestão nasal – 28%
Tosse – 12%
Espirros repetidos – 12%
Prurido nasal – 11%
Coriza – 9%
Cefaleia – 8%
Dor de ouvido – 5%
Fatores desencadeantes
* Poeira
* Pólen
* Alimentos
* Ácaros
* Fungos
* Pelos de animais
* Odores fortes
Controle das crises
Cerca de 40% das pessoas que convivem com a rinite alérgica sofrem da versão de moderada a grave. Paralelamente ao controle ambiental (limpeza frequente da casa, por exemplo), o tratamento mais eficaz para esses casos engloba também o uso de medicamentos de diversas classes, como antialérgicos, sprays nasais (ou corticoides tópicos nasais) e descongestionantes.
Os sprays nasais são considerados o tratamento-padrão para a rinite alérgica. Esses medicamentos são aplicados localmente – no interior de cada narina – e agem diretamente na inflamação, controlando todos os sintomas de maneira mais efetiva.
Os antialérgicos, outra categoria de referência, têm maior atividade sobre o alívio do prurido nasal, com pouca ação sobre a congestão. Nesse caso, o paciente também precisa usar descongestionantes.
O tratamento adequado e sua adesão são fundamentais para a melhora dos sintomas e o controle das crises, que podem desaparecer por muitos meses e até anos.
A rinite está associada a outros males, como a asma. Outras condições como sinusite, otite e algumas infecções, como gripes e resfriados, podem tornar-se recorrentes.
Sabe-se que 80% dos asmáticos têm rinite. Se essas doenças não forem tratadas, as duas condições juntas comprometem seriamente sua qualidade de vida.