Chegou a hora de tirar cobertores e roupas pesadas que ficaram guardadas nos armários por muito tempo. É também a hora das pessoas que sofrem de alergias passar por maiores desconfortos. São aquelas que, mais suscetíveis a gripes e resfriados, estão propensas a apresentar doenças como rinite, conjuntivite, asma e alguns tipos de doenças de pele, causadas por ácaros e fungos – organismos microscópicos que vivem nas fibras dos tecidos. Dessas doenças alérgicas a mais comum é a rinite, enfermidade caracterizada pela inflamação da mucosa nasal e que se manifesta por espirros freqüentes, congestão nasal, coriza e coceira no nariz.
É o caso da estudante de Educação Física Flávia Massa. Freqüentemente ela espirra várias vezes seguidas e sofre com uma irritante coceira na garganta. ?Principalmente pela manhã, sofro um desconforto enorme com lenços e espirros?, diz. Segundo o alergista Nelson do Rosário Filho, da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia, o espirro é uma defesa do organismo contra substâncias indesejáveis, os alérgenos. A maior causa do desenvolvimento da rinite alérgica é uma predisposição do indivíduo a ter uma reação imunológica no seu organismo, iniciada quando ele entra em contato com agentes, como ácaros, pólens, pêlos de gatos e cachorros.
A melhor opção para as pessoas mais suscetíveis à doença é a prevenção, especialmente no sul do país, onde as variações climáticas contribuem para um alto índice da manifestação alérgica. Nelson Rosário divide as doenças de natureza alérgica do trato respiratório em perenes, quando os sintomas são comuns e intermitentes; e, sazonais, que surgem em determinadas épocas do ano. ?Em Curitiba, por exemplo, os meses de setembro a dezembro são propícios ao surgimento da doença em virtude da polinização do azevém, uma gramínea forrageira muito difundida na região?, cita.
Cuidados preventivos
A forma de rinite alérgica que predomina é a causada pelos ácaros, principalmente o Dermatophagoides ssp, que tem como principal fonte de alimento a pele descamada. Nos colchões, nas roupas de cama e nos móveis estofados encontramos muita descamação de pele e é exatamente por essa razão que nesses locais existe grande quantidade de ácaros. Esses ácaros não sobrevivem em superfícies lisas, vivendo nas camadas profundas dos tecidos, ?abraçados? às fibras. Não é só em casa que os ácaros se proliferam. Eles também são encontrados em outros ambientes, como escolas e cinemas.
Nelson Rosário explica que o tratamento da alergia respiratória se baseia em três princípios: primeiro, evitar o contato, quando possível, com os alérgenos responsáveis pelos sintomas; em segundo, a utilização de medicação para controle dos sintomas, entre eles, os descongestionantes, que devem ser usados quando há congestão nasal, os antiihistamínicos, quando surgem outros sintomas importantes e, por último, o especialista indica a imunoterapia. ?Para os casos em que não há resposta ao tratamento habitual?, ressalta. Esse tipo de tratamento, explica o médico, deve ser aplicado com critério e demora algum tempo para que a pessoa se livre do uso de medicamentos. ?No entanto, os cuidados preventivos devem ser mantidos por toda a vida?, complementa.
FIQUE LONGE DA RINITE
Algumas medidas simples podem ser adotadas para diminuir os riscos do surgimento da rinite alérgica
– A casa e principalmente o quarto devem ser limpos com bastante freqüência.
– Quando existir carpetes ou tapetes utilizar o aspirador diariamente ou usar um pano úmido na limpeza para remover a poeira.
– Manter uma boa ventilação na casa e no quarto, para evitar o surgimento de bolor (fungos).
– Os ambientes devem ficar livres de bichos de pelúcia, móveis ou utensílios que possam acumular poeira.
– Capas de proteção para travesseiros e almofadas são muito importantes.
– Manter as pessoas predispostas à doença afastadas de substâncias capazes de causar irritação, como perfumes, produtos de limpeza, fumaça de cigarro, tintas e inseticidas, entre outros.
