Revisão dos quarenta

Tão importante quanto fazer a revisão do carro para viajar com segurança nas férias é realizar uma avaliação das condições de saúde para evitar imprevistos na temporada ou para começar o ano com disposição e tranqüilidade. O funcionamento do coração pode ser comparado ao do automóvel em vários aspectos, especialmente no verão, quando as pessoas estão mais propensas às atividades físicas.

De acordo com o diretor clínico do Hospital Cardiológico Costantini, Marcelo de Freitas Santos, a analogia é simples, mas apropriada. O motor é bastante similar ao músculo do coração, já que ambos garantem a força necessária para a locomoção; assim como o sistema elétrico de um carro é equivalente ao ritmo do coração; e as coronárias, por conduzirem o sangue, são semelhantes às mangueiras que fazem o transporte do combustível necessário para o bom funcionamento do motor.

Conforme o médico, a comparação se acentua nos casos em que as pessoas normalmente sedentárias resolvem aproveitar o passeio de férias e iniciar repentinamente a prática de exercícios físicos, como as caminhadas ou uma corrida à beira-mar, por exemplo. Assim como em um automóvel sem revisão ou de pouco uso, a pessoa passa a correr mais riscos de distúrbios cardiovasculares nessa hora. ?Ao aumentar a rotação do motor, o carro exige mais gasolina. Se houver um entupimento, por menor que seja, não consegue sair do lugar?, compara. Quando o automóvel anda em baixa velocidade pode ser que o problema não seja percebido, mas, ao aumentar a rotação do motor, o risco de o carro falhar aumenta. Na analogia com o funcionamento do coração, caso haja uma artéria obstruída, ainda que parcialmente, a aceleração repentina pode provocar a angina (dor no peito) e, como conseqüência, um infarto.

Todo ano

As doenças cardiovasculares continuam como a principal causa de morte no mundo. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, são registradas quase 300 mil vítimas fatais anualmente. Nessa triste estatística, câncer, aids e acidentes de trânsito não aparecem no topo do ranking. As maiores responsáveis continuam sendo as doenças cardiovasculares, cujas causas se devem a um conjunto de fatores, entre eles estresse, alimentação inadequada, obesidade e sedentarismo.

Por isso, os especialistas recomendam uma avaliação cardíaca completa, capaz de avaliar o perfil do metabolismo, mostrando os níveis de colesterol, diabetes e pressão arterial, além de um teste de esforço para ver a capacidade física e checar se o paciente tem algum problema cardiovascular.

Santos adverte que pessoas acima de 45 anos ou que tenham fatores de risco, como histórico familiar, colesterol e triglicerídeos elevados, diabetes, pressão alta, tabagismo e sedentarismo, podem ser enquadradas no grupo mais suscetível a doenças cardiovasculares. Para eles, o médico enfatiza a obrigatoriedade de se fazer essa investigação anualmente. Mesmo as pessoas que estão fora desse perfil também precisam ficar atentas. ?Quem já ultrapassou os 30 anos de idade deve fazer os exames, no mínimo, a cada dois anos?, alerta.

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