?O que mais me atrapalha na saúde é a artrose. Primeiro eu não podia me ajoelhar, depois comecei a ter dificuldades para andar e, nas crises, então, sofro demais. Também tenho pressão alta e diabetes. Estas coisas da velhice.? O depoimento da ex-costureira Romilda Santana, de 68 anos, mostra a idéia comum de que a artrose é uma doença inevitável e que faz parte do processo de envelhecimento. No entanto, apesar de não haver forma de diagnosticar a doença precocemente, é possível tratá-la ?em todas as suas fases?, garantindo ao portador melhor qualidade de vida.
A Sociedade Brasileira de Reumatologia calcula que a artrose atinge mais da metade da população adulta, a partir dos 40 anos. Após os 70 anos, cerca de 70% das pessoas apresentam evidência clínica ou radiológica da doença e entre 30% e 50% sofrem cronicamente com ela. Não espanta assim, que seja o segundo motivo das concessões de auxilio-doença. A artrose é também a quarta no ranking das aposentadorias por invalidez. Os dados são da previdência social brasileira.
Sobrepeso ou excesso de exercícios
Segundo os especialistas, a artrose e o conjunto de doenças reumáticas, são as doenças que mais afetam o ser humano. ?Sabemos que existe uma ligação íntima entre o avanço da idade e o surgimento da artrose, embora não seja taxativo, pois há idosos que não têm artroses e há pessoas jovens que as têm?, diz o médico Sebastião Radominski, do Centro de Estudos de Reumatologia da Universidade Federal do Paraná.
De acordo com o reumatologista, a artrose se caracteriza pelo desgaste da cartilagem articular e por alterações ósseas como os conhecidos “bicos-de-papagaio”. Radominski explica que muitas vezes não tem causa conhecida, em outras, decorre de inflamações nas articulações. ?Fatores hereditários também contribuem para a ocorrência da artrose, assim como atividades profissionais repetitivas e exercícios físicos em excesso?, ressalta. No entanto, os especialistas advertem que a inatividade também é prejudicial à cartilagem, ou seja, a saúde de uma articulação depende diretamente de sua atividade dentro dos limites fisiológicos.
Medicamentos e acupuntura
Para o diagnóstico da doença são levados em conta os sintomas referidos pelo paciente, com destaque para o tipo de dor sentida, sua duração e localização. Se o exame clínico das articulações afetadas não for suficiente é necessário utilizar recursos auxiliares de diagnóstico por imagem, que podem revelar alterações típicas da doença nos ossos e articulações.
Radominski explica que o tratamento medicamentoso para a dor pode ser feito com o uso de analgésicos simples e nos casos sem resposta satisfatória, podem-se usar antiinflamatórios. ?Desde que prevenidos os efeitos colaterais que a medicação possa trazer?, frisa. A acupuntura também se coloca como uma das formas importantes de tratamento da artrose. Mauro Carbonar, presidente regional da Sociedade Médica de Acupuntura (SOMA) diz que a especialidade atua inibindo a dor provocada pela lesão. ?A dor é transmitida por algumas vias nervosas, por meio da acupuntura estimulamos as substâncias chamadas de endorfinas e encefalinas, reconhecidas por mediadores do processo da dor, bloqueando sua passagem?, explica.
Carbonar salienta que, depois de eliminada a dor, a contratura cessa e permite a passagem do fluxo sangüíneo. Assim, os tecidos são regenerados, facilitando a recomposição das juntas. ?Quando a artrose está no estágio inicial, o uso das agulhas pode até reverter o quadro, nos casos mais graves, funciona como terapia coadjuvante de medicina tradicional?, enfatiza.
Recomendações gerais
– É importante que o indivíduo com artrose mantenha boa saúde geral, elimine os fatores de risco, como o excesso de peso corporal e tente preservar a força muscular.
– Reconhecer a sua própria responsabilidade no controle do tratamento é essencial.
– O equilíbrio entre atividade e repouso é fundamental, especialmente nas articulações que suportam peso.
– Para que haja alívio da dor, é importante o uso correto dos medicamentos, que devem seguir a prescrição e orientação médica.
– É necessário compreender que os resultados demoram a aparecer e que a continuação do tratamento é fundamental para o seu progresso.