A luta contra a Dengue continua

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A
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS)
registrou, no período de janeiro a julho de 2007, 438.949 casos de
dengue clássica, 926 casos de febre hemorrágica da dengue e a
ocorrência de 98 óbitos. Ao compararmos com o ano de 2006, observamos
um aumento de mais de 136 mil casos de dengue no País, sendo o mês de
março aquele com o maior número de notificações no período,
correspondendo a 102 mil casos. Importante destacar que este aumento no
número absoluto de caos está relacionado com a ocorrência de epidemias
com altas taxas de incidência em alguns estados. Neste ano, o maior
número de ocorrências se deu nos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná
e Rio de Janeiro, que notificaram um excedente de 59 mil, 39 mil e 18
mil casos, respectivamente.

HPV – Enfim, a vacina

Uma das mais importantes notícias do ano foi a chegada das vacinas contra o HPV (sigla para Human Papilloma Viruses) ou papilomavírus humano, considerado a principal doença sexualmente transmissível causada por vírus. ?Basta apenas uma relação para se contrair o vírus?, avisa o professor de Toconoginecologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Newton Sérgio Carvalho, que coordenou um grupo que estudou a eficácia de uma vacina contra a doença. ?Os estudos indicaram uma eficácia de mais de 90% contra a infecção incidente e de 100% contra infecções persistentes com HPV dos tipos 16 e 18?, comemora o médico. A imunização prevê três aplicações – a princípio, de quatro em quatro anos, período de segurança estabelecido pelos estudos feitos até o momento. Existe, ainda, a possibilidade de que, depois de finalizadas, as pesquisas levem à conclusão de que doses iniciais garantem a imunização por toda a vida.

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Esperanças para tratamento de Câncer se renovam

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A
primeira vez em que se falou em ?guerra contra o câncer? foi em 1934.
Passados 73 anos, a guerra parece não ter fim. Seria o câncer um
inimigo invencível? O caminho do triunfo, até aqui, é pavimentado com
paciência e muita, muita química despejada sobre o tumor. Hoje é
possível traçar o perfil genético de diversos tumores, como os de mama
e de pulmão. Essas informações, aliadas à análise genética do próprio
paciente, levaram à criação de remédios bastante específicos, a chamada
terapia-alvo. Tão específicos que se fala até na criação de tratamentos
individualizados – a atual meta na guerra contra o câncer. Ou seja,
identificar que remédios funcionam melhor para um determinado grupo de
pacientes com características semelhantes. Esses medicamentos, também
conhecidos como biológicos, agem de forma inteligente, impedindo a
proliferação das células tumorais sem afetar as células saudáveis.
Entramos em uma nova era da medicina personalizada, em que múltiplas
estratégias terapêuticas estão sendo combinadas. O objetivo final é
associar apenas medicamentos biológicos, eliminando a quimioterapia do
rol de tratamento do câncer, transformando a doença de letal para
crônica.

 

Colesterol – Não brinque com ele

A
medicina vem reforçando há um bom tempo que com colesterol não se
brinca. Os altos índices do que é popularmente conhecido como ?gordura
no sangue? é uma das causas mais comuns de problemas cardíacos. Quase
40% da população já ultrapassaram os níveis toleráveis da substância no
organismo. Apesar do alto índice de incidência do problema, 61% dos
brasileiros nunca fizeram um exame para verificar as taxas de
colesterol. O pior é que entre os que sabem que têm o problema, 86% não
seguem nenhum tratamento.

O comportamento dos brasileiros anda
na contramão das últimas tendências no que diz respeito à prevenção.
Novos estudos mostram que as taxas ideais de colesterol devem ser ainda
mais baixas do que as recomendadas atualmente. Enquanto as pessoas se
esforçam para manter o colesterol total abaixo dos 200 miligramas por
decilitro de sangue, índice aceito atualmente, os cientistas já se
perguntam se esse valor realmente é capaz de proteger o coração.
Pesquisas mais recentes comprovam que, quanto mais baixo o LDL, maior a
garantia contra os males cardiovasculares, especialmente nos grupos de
risco.

Os estudos sugerem que, para quem já sofreu um infarto,
as taxas do mau colesterol deveriam ficar em torno dos 70 miligramas em
cada decilitro, e não em 100, como se aceita hoje. Os especialistas
apostam que em breve os novos índices deverão ser aplicados para todas
as pessoas.

Coração: Big brother cardíaco

Exames
permitem diagnóstico precoce e prevenção de doenças. Os básicos são os
laboratoriais que, por meio da análise do sangue, identificam
colesterol elevado e diabetes, fatores de risco para algumas doenças do
coração. Avaliações básicas incluem ainda teste de esforço,
eletrocardiograma e ecocardiograma, que mostram alterações na anatomia
e no funcionamento do coração, e predisposição à doença cardíaca.

 

Recorre-se
à medicina nuclear, em geral, quando o teste de esforço está alterado e
por ser mais sensível à falta de sangue em alguma parte do coração. Se
o perfil do paciente inclui fatores de risco, o ultra-som pode detectar
aterosclerose silenciosa. Alguns cardiologistas optam pela tomografia
computadorizada para confirmar problemas e indicar o risco de
desenvolvimento de obstruções nos vasos. A ressonância magnética também
é eficaz, mostra detalhadamente a aorta, se há gordura depositada e o
tipo, informações que definem risco e auxiliam na orientação do
tratamento de pacientes com elevados índices de gordura no sangue. Em
muitos casos, o cateterismo é a opção. Neste exame invasivo, avalia-se
a obstrução e, no mesmo momento, quando indicado, através da
angioplastia, desobstrui-se a artéria. A tomografia das artérias
coronárias apresenta boas condições de vir a substituir o cateterismo
para avaliação das coronárias, fornecendo todas as informações
necessárias para se planejar o tratamento.

Diabetes: Esperando resultados

O
diabetes é uma das doenças que mais crescem no mundo. Atualmente, a
estimativa é de que existam no planeta cerca de 70 milhões de pessoas
com o problema diagnosticado. Até 2030, a previsão é de que esse número
aumente para 200 milhões. No futuro, uma das soluções para controle da
enfermidade em pessoas não obesas pode ser a cirurgia metabólica.

A
eficiência do procedimento vem sendo testada por diversos especialistas
brasileiros. Um deles, o cirurgião do aparelho digestivo Ricardo Cohen,
explica que a cirurgia metabólica é baseada na cirurgia bariátrica. Ela
consiste no desvio do duodeno (primeira parte do intestino) para
liberação de substâncias que permitam uma maior qualidade na produção
de insulina. Com isso, começa a haver maior controle da doença,
caracterizada pela dificuldade de metabolização do açúcar. ?A cirurgia
metabólica em pacientes diabéticos não obesos começou a ser testada há
dois anos. Até agora, estamos conseguindo bons resultados. Porém, temos
que esperar mais um ou dois anos para ver se os resultados serão
persistentes?, explica Ricardo.

O conhecimento relacionado ao
diabetes está em rápida evolução, o que exige que os profissionais
envolvidos na atenção a esta doença mantenham-se atualizados. A
compreensão da fisiopatologia é essencial, mas a conduta médica precisa
ser determinada pelo seguimento das regras de evidência. A eficácia de
qualquer terapia tem que, necessariamente, passar por estes processos.

 

O
Brasil é o primeiro país do mundo a realizar os testes. Entretanto,
baseados no que está sendo feito aqui, trabalhos semelhantes começam a
ser desenvolvidos em outros países da América Latina, nos Estados
Unidos e na Itália. ?O controle do diabetes também significa redução da
mortalidade por problemas cardiovasculares?, completa o cirurgião.

A
Sociedade Brasileira de Diabetes, em um comunicado oficial, destacou
que esperava que a divulgação precoce, a um público leigo, por meio de
uma revista de circulação nacional, de um procedimento ainda em fase
experimental não estimule cirurgias desnecessárias e mal indicadas sob
a expectativa de um milagre. Diante de qualquer procedimento cirúrgico
sempre é preciso ponderar o risco-benefício, para tanto é necessário
conhecer bem qual é essa relação.

Dietas: Muitas novidades, poucos resultados

Perder
peso rapidamente é o principal objetivo de milhares de pessoas. Assim
não causa surpresa o fato de que a cada ano, inúmeras ?dietas da moda?
seduzam um grande número de pessoas. Não há evidências de que estas
dietas cumpram sua promessa de perda de peso sustentável, a longo
prazo. No tratamento da obesidade deve-se objetivar, não só a perda de
peso, mas também a correção dos fatores de risco cardiovascular,
dependentes da resistência à insulina. A idéia de se reduzir o peso
corporal de indivíduos obesos para valores consideráveis normais, por
meio de dietas com conteúdo calórico muito baixo, vem sendo substituída
por condutas que levam a um objetivo menos ambicioso e mais realista,
pela impossibilidade de se conseguir, em longo prazo, atingir e manter
o peso ideal na maioria dos casos.

Os avanços ocorridos nos
conhecimentos sobre a obesidade não foram acompanhados de grandes
progressos no que se refere ao seu tratamento. Muitas estratégias de
emagrecimento têm sido tentadas, mas, em regra, perder peso e mantê-lo
é extremamente difícil na maioria dos casos. A perda de peso sempre
estará na dependência de um balanço energético negativo, conseqüente à
menor ingestão alimentar em relação ao gasto calórico. Classicamente
esta situação é alcançada com o binômio redução da ingestão alimentar e
aumento da atividade física. Além disso, a obesidade é uma doença
multifatorial e o controle dos fatores ambientais se faz necessário
para combatê-la.

 

O fator que dificulta o sucesso de dietas muito
restritas em termos calóricos, que produzem em curto prazo perdas
significativas, é a tendência fisiológica do organismo de se ?defender?
contra as variações pronunciadas no seu peso corporal. Um tratamento
dietético que resulte em uma perda de peso mais modesta, mas que
produza alterações mais estáveis é provavelmente mais favorável. Ao
lado disso, o sucesso da dieta depende fundamentalmente do processo de
reeducação alimentar, que faz parte da denominada terapia
comportamental.

Células-tronco: A esperança se renova

Desde
a clonagem que resultou no nascimento da ovelha Dolly, volta e meia as
questões éticas emperram as pesquisas com células-tronco. Um passo
importante, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Genética
Clínica, Salmo Raskin, foi a divulgação de uma pesquisa de cientistas
americanos em parceria com pesquisadores japoneses, que conseguiram
fazer com que células da pele reagissem como células embrionárias. ?O
estudo pode se transformar em um marco nas pesquisas com
células-tronco, pois apresenta uma alternativa ética ao uso de células
embrionárias?, argumentou, salientando, no entanto que as pesquisas
precisam ser aprofundadas, atingindo os níveis de segurança necessários
para a sua aplicação.

As células-tronco são classificadas em
dois tipos: embrionárias e adultas. As células-tronco embrionárias são
particularmente importantes porque são multifuncionais, isto é, podem
ser diferenciadas em diferentes tipos de células. Podem ser utilizadas
no intuito de restaurar a função de um órgão ou tecido, transplantando
novas células para substituir as células perdidas pela doença, ou
substituir células que não funcionam adequadamente devido a um defeito
genético (ex.: doenças neurológicas, diabetes, problemas cardíacos,
derrames, lesões da coluna cervical e doenças sangüíneas). As
células-tronco adultas não possuem essa capacidade de se transformar em
qualquer tecido. As células musculares vão originar células musculares,
as células de fígado vão originar células de fígado, e assim por
diante.

A clonagem reprodutiva é pretendida para produzir uma
duplicata de um indivíduo existente, utilizando-se a técnica chamada de
Transferência Nuclear (TN). A clonagem terapêutica é um procedimento
cujos estágios iniciais são idênticos a clonagem para fins reprodutivo.
É utilizada em laboratório para a produção de células-tronco a fim de
produzir tecidos ou órgão para transplante. Esta técnica tem como
objetivo produzir uma cópia saudável do tecido ou do órgão de uma
pessoa doente para transplante.

 

O governo brasileiro financia um
estudo com células-tronco adultas para tratamento de cardiopatias
graves que envolve 1.200 pacientes em 33 instituições do País. Se os
resultados forem positivos, a terapia poderá ser oferecida pelo Sistema
Único de Saúde (SUS), acessível a todos os cidadãos. Os cientistas, no
entanto, são unânimes em afirmar que ainda há um longo caminho a ser
percorrido até haver terapias com a utilização de células-tronco.

Cigarro: Os riscos da fumaça alheia

A
proibição de fumantes nos escritórios, restaurantes, shopping centers e
aviões foi um grande sucesso para os não-fumantes. Os centros para
controle de doenças informam que os níveis substâncias tóxicas
produzidas no sangue dos não-fumantes pelo fumo por tabela despencaram
mais de 75% desde que foram medidos pela última vez 10 anos atrás. Isto
é uma boa notícia, considerando que o fumo por tabela é culpado por
milhares de mortes por câncer e doenças cardíacas a cada ano. Tal ação
é reforçada pela regulamentação na área da legislação com a proibição
do fumo em ambientes fechados.

Este ano, os não-fumantes ganharam
mais um argumento para pressionar os tabagistas a apagar o cigarro.
Pela primeira vez, cientistas conseguiram imagens de pulmões que
demonstram como a fumaça alheia causa danos aos fumantes passivos.
Graças a um tipo especial de ressonância magnética, pesquisadores de um
hospital americano descobriram que quase um terço dos não-fumantes que
convivem com as baforadas dos outros por mais de dez anos desenvolve
alterações pulmonares, constatados por sinais moderados de enfisema,
uma doença que atinge 5 milhões de pessoas no Brasil e é a quinta causa
de morte no País. Essa doença crônica é caracterizada pela renovação do
oxigênio no sangue que fica prejudicada, uma das causas da falta de ar
das vítimas de enfisema. Essa deterioração progressiva do tecido
pulmonar tem como principal causa a inflamação provocada pelas
substâncias tóxicas da fumaça do cigarro.

A grande dificuldade
que os cientistas tinham para revelar os sinais do enfisema nos
fumantes passivos é que, neles, as alterações pulmonares são bem mais
sutis do que nos fumantes. Conseqüentemente, são mais difíceis de ser
detectadas pelos exames convencionais.

No estudo, os sinais de
enfisema foram encontrados em 33% dos pacientes expostos por mais de
dez anos ao fumo passivo. De acordo com os cientistas, essa proporção é
semelhante à de fumantes que desenvolvem enfisema pulmonar. Para os
autores, as conclusões servem de alerta, principalmente, para o perigo
a que estão expostas as crianças filhas de pais fumantes. A pesquisa
comprova que as crianças que pertencem a famílias em que há ao menos um
adulto fumante, correm risco de desenvolver problemas respiratórios
decorrentes do tabagismo.

A descoberta sugere que os governos
devem endurecer as restrições ao tabagismo não apenas nos espaços
públicos, mas também nas residências. No Brasil, onde 25% dos adultos
fumam, os riscos a que estão expostos os fumantes passivos é igualmente
alto.

 

Gripe aviária: Vacina pode estar a caminho

Um
menino vietnamita de quatro anos morreu, no dia 27 de dezembro, de
gripe aviária, tornando-se a quinta vítima fatal em 2007 do vírus H5N1
no país, informou o Ministério da Saúde local. No final de dezembro,
cientistas chineses afirmaram que a vacina contra gripe aviária para
humanos que vem sendo desenvolvida superou a segunda fase de pesquisa
com sucesso e já provou ser seguro e eficiente.

Na segunda fase
de testes, 402 pessoas com idades entre 18 e 60 anos foram inoculadas
com a vacina contra a gripe aviária, e seus organismos não registraram
reações negativas. Nos últimos cinco anos, mais de 300 pessoas se
infectaram em 11 países, com 200 mortes – a maioria deles no sudeste
asiático, segundo a OMS.

A primeira morte causada pelo vírus
foi registrada em maio de 1997, em Hong Kong: um menino de três anos
que vivia em um local onde eram criadas aves. Antes, a doença só matava
animais.

 

Obesidade mórbida: Um ranking de peso

No
Brasil, 50% dos homens e 51% das mulheres estão com sobrepeso, isto é,
o seu índice de massa corpórea (IMC) – valor calculado pela divisão do
peso em quilos pela altura em metros elevada ao quadrado – se situa
entre 24,9 e 29,9kg/m. Os dados são de uma pesquisa encomendada pela
Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) à
Toledo e Associados. O levantamento revela números surpreendentes sobre
obesidade, a doença que mais cresce em todo o mundo. Os índices indicam
que, atualmente, 3% da população brasileira é composta por obesos
mórbidos. São 3,7 milhões de pessoas, sem distinção de classe ou poder
econômico que convivem com doenças graves, que podem levar à morte.
Nesse pesado ranking, os números fazem da região Sul a líder em
sobrepeso. Mais de 5% da população tem o IMC acima de 40. ?Para boa
parte deles, a cirurgia bariátrica, também conhecida como cirurgia da
obesidade mórbida é a única solução?, admite o cirurgião curitibano
João Batista Marchesini.

Em julho, o ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, assinou a autorização da publicação de portaria que
regulamenta a cirurgia de redução de estômago pelo Sistema Único de
Saúde (SUS). O problema da obesidade mórbida no Brasil vem aumentando
intensamente nas três últimas décadas e as filas nos hospitais públicos
não param de crescer. Atualmente, existem mais de oito mil pacientes
aguardando por uma chance de conseguir a cirurgia bariátrica nos 53
centros espalhados pelo Brasil credenciados para realizar a cirurgia
pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Estima-se que sejam feitos por
ano no Brasil 30 mil procedimentos cirúrgicos para redução do estômago.
Desses, menos de cinco mil são financiados pelo SUS. Segundo a
Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, a espera média por uma
cirurgia é de cinco anos. Além de ser uma doença, a obesidade mórbida
pode ser fatal. De acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da
Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) 4,5% dos obesos mórbidos
morrem por ano, na fila de espera por uma cirurgia. Esse percentual
tende a aumentar, uma vez que é cada vez maior a população acima do
peso.