As mulheres, principalmente, que o digam: não há sensação pior que a de ter ganhado uns quilos extras do dia para a noite.

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Só que nem sempre essa “engordada” significa excesso de gordura no corpo. A culpa por esse inchaço repentino pode ser da retenção de líquidos pelo organismo, que acaba causando um breve, porém indesejado, “efeito sanfona”.

Muitas pessoas desconhecem, mas, em alguns casos, podem ganhar de um a dois quilos durante o dia por conta da retenção de líquidos.

Inúmeros são os fatores que levam a esse aumento de peso, bastante evidente nas mulheres na época da tensão pré-menstrual e no período menstrual.

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Nesses casos, os especialistas explicam que não há com o que se preocupar. Somente quando a retenção de líquidos se deve a outros fatores é que precisa ser investigada. A endocrinologista Márcia Fabiana Seki explica que ali podem estar “camuflados” casos de problema renal, cardíaco, hormonal ou vascular.

“A insuficiência renal pode provocar edema por uma deficiência dos rins em eliminar água, enquanto a insuficiência cardíaca, por dificuldade do órgão no bombeamento sanguíneo adequado e pela hipertensão”, comenta a médica. Além disso, problemas de funcionamento da tireóide, insuficiências venosas e linfáticas também podem causar o distúrbio.

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Controle hídrico

Excluídas tais possibilidades, no entender de Márcia Seki, a queixa de retenção de líquidos geralmente reflete apenas um desconforto corporal relacionado ao excesso de peso, sedentarismo, má alimentação e dificuldade de retorno venoso.

As queixas são as mesmas entre algumas mulheres: elas retêm líquidos e por isso não perdem peso; incham mãos e pernas; uma roupa que veste bem pela manhã, fica apertada à tarde; não urinam o suficiente durante o dia e por isso acabam tomando diuréticos.

Conforme Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional, a primeira lição é saber que o corpo é dotado de um sistema de controle muito fino da água corporal, de maneira que o balanço hídrico não se altere muito, nem para mais, nem para menos. “O primeiro sinal que algo se alterou é a sede”, atesta a endocrinologista.

Além desse sistema, os rins garantem a eliminação de uma urina mais aquosa e menos concentrada, quando estamos bem hidratados e uma urina mais escura e de menor volume, sempre que nosso estoque de água estiver escasso.

“Eliminamos cerca de 1 litro de água em 24 horas através da perspiração, que é a água perdida em forma de vapor quando falamos”, enfatiza Ellen Paiva, sem mencionar a perda pelo suor e a água gasta pelo nosso corpo em suas reações químicas.

Algumas doenças podem alterar o funcionamento do organismo e causar uma real retenção de líquidos, como a insuficiência renal. Outras podem causar um inchaço relativo, como a insuficiência cardíaca e as doenças crônicas do fígado.

“Essas doenças são facilmente percebidas pelos pacientes e diagnosticadas pelos médicos”, considera a especialista. São doenças graves e necessitam de tratamento específico.

Menos sal

Na mulher, o ciclo menstrual merece destaque na retenção de líquidos, pela amplitude de sua oscilação hormonal durante o mês. “Temos um hormônio chamado progesterona, responsável por uma real e fisiológica retenção de líquidos, que ocorre na segunda metade do ciclo menstrual, principalmente na última semana que antecede a menstruação. Essa retenção embebe mamas, abdome e pelve. Se a fecundação não ocorrer, há uma brusca queda hormonal e com ela a menstruação, fazendo com que ocorra a eliminação dos líquidos retidos”, explica Ellen Paiva.

A hereditariedade pode justificar, em alguns casos, a sensação de “pernas pesadas”. Essa condição faz com que ao olhamo,s as pernas da filha, sabemos como são as pernas de sua mãe ou das mulheres da família paterna.

Geralmente, essas pacientes perdem peso muito lentamente, não respondem às chamadas drenagens linfáticas, nem aos géis redutores ou qualquer manobra estética de tratamento.

“Nesses casos, a melhor forma de tratamento ainda é a movimentação regular e vigorosa das pernas, principalmente em esteiras ou bicicletas ergométricas em exercícios diários, uma vez que esse procedimento tem a mesma atuação que um remédio para o problema”, explica Ellen Paiva.

Uma alteração realmente capaz de fazer uma pessoa beber água além da conta e reter líquidos é a ingestão de uma dieta rica em sal. O sódio presente no sal retém água. “Logo, uma atitude realmente eficaz, principalmente nas fases do ciclo menstrual, onde naturalmente retemos líquidos, é a diminuição no consumo de sal”, recomenda a médica.

Nada de diuréticos

Uma das piores atitudes para mulheres que se queixam de retenção de líquidos é o uso de diuréticos. Eles induzem à perda forçada de água, causando desidratação celular, eliminação artificial de urina e a falsa impressão de que o inchaço foi reduzido ou até mesmo que houve perda de peso.

“Essa sensação ocorre à custa de desidratação e a diurese forçada deixa sempre a impressão de que os rins não funcionam bem, quando, na verdade, o que é anormal é o volume de urina eliminado”, reconhece Ellen Paiva.

Com efeito, esta má conduta acarreta em dores e fraqueza nas pernas, além de câimbras. De acordo com a especialista, o importante que as mulheres saibam é que se elas têm rins que funcionam normalmente, funções cardíacas e renais normais, não estão inchadas, nem retêm líquidos.

Em alguns casos, devido ao ciclo menstrual, pode apresentar uma pequena e transitória retenção de líquidos. Assim, precisam rever seus hábitos alimentares e estilo de vida, tentando evitar ganhos de peso. “A correção da retenção de líquidos não é difícil, desde que as causas do problema possam ser investigadas”, completa a médica.

Cinco passos para reduzir o consumo de sal

1. Use o mínimo de sal no preparo dos alimentos, substituindo-o por temperos naturais como alho, salsinha, cebola, orégano, hortelã, limão, manjericão, gengibre, coentro e cominho.

2. Evite temperos industrializados como ketchup, mostarda, molho shoyu e caldos concentrados. Atenção para o aditivo glutamato monossódico, utilizado em alguns condimentos e nas sopas de pacote.

3. Cuidado com as conservas como picles, azeitona, aspargo, patês e palmito, enlatados como extrato de tomate, milho e ervilha – alimentos conservados em sal e os salgadinhos como batata frita, amendoim salgado, cajuzinho.

4. Evite carnes salgadas como bacalhau, charque, carne-seca e defumados.

5. Nunca tenha um saleiro à mesa.

Fonte: Sociedade Brasileira de Hipertensão